Doença de Dom Dinis
A 20 de Junho de 1322 Dom Dinis foi acometido de doença grave, dois
anos e meio antes da sua morte. «Um ligeiro ataque vascular-cerebral ou
um pequeno ataque cardíaco?», pergunta-se o autor da biografia de Dom
Dinis (Temas e Debates, 2008), José Augusto Pizarro.
O rei
Lavrador tinha, nesta altura, sessenta e um anos e nunca tinha estado
verdadeiramente doente. Encontrava-se, porém, numa fase muito
desgastante da sua vida, que inclusive lhe terá acelerado a morte: a
guerra civil contra o seu próprio filho e herdeiro. Esta doença
verificou-se aliás depois do cerco a Coimbra,
que implicou duros combates. Através da mediação da rainha Dona Isabel e
do conde de Barcelos Pedro Afonso (filho ilegítimo de Dom Dinis), o rei
assinou as pazes com o infante, mas, no seu regresso a Lisboa, sentiu-se mal.
O
estado e Dom Dinis melhorou no início do ano seguinte, mas as pazes com
o filho foram de pouca dura. O acordo seria quebrado em Outubro de
1323, depois das Cortes de Lisboa. A guerra entraria na sua última fase,
com a Batalha de Alvalade, mas dedicar-me-ei ao assunto na altura
própria. Para já, um excerto do meu romance, quando já não havia
entendimento possível entre pai e filho:
De
nada adiantava mandar emissários, depois da humilhação nas Cortes de
Lisboa, Afonso tudo faria para se apossar do trono! A batalha era
inevitável.
Dinis
sabia que fora longe demais. Mas que força o impedia de se entender com
o seu próprio herdeiro? Teria inconscientemente guiado os
acontecimentos de maneira a que Afonso Sanches lhe pudesse suceder? A
verdade é que ele próprio se via incapaz de responder a esta pergunta.
Lembrou-se do neto Pedro, que tanto o encantara em Frielas, mas também
Afonso Sanches tinha um filho que já fizera nove anos e que igualmente o
cativava…
Naquela
noite, véspera da batalha, Dinis mortificava-se. Estava a ir contra a
vontade de Deus, chefiando um combate contra o seu único filho legítimo?
O rei não conseguia adormecer, novamente atacado por tonturas, dores de
cabeça e suores. Tornaria a adoecer? Finar-se-ia ainda antes de se dar o
combate?
Deus
que decidisse! Nada mais lhe restava que não fosse confiar na força
divina. Desejou um milagre. Sabia que Isabel rezava, recolhida no seu
paço, depois de semanas de penitências rigorosas. Conseguiria ela
provocar um milagre?
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Published on June 20, 2016 07:54
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