Como é que passei a vida inteira sem jogar Castlevania?!
O período em que eu pude ser considerado um gamer hardcore, do tipo que zera múltiplos jogos por semana e tal, que senta pra jogar por horas sem se deixar desviar por distrações adversas, foi extremamente limitado. Amaldiçoado desde criança por uma hiperatividade crônica e uma incorrigível falta de disciplina, pra mim é quase impossível sentar quieto e me concentrar numa tarefa específica. O fato de que eu consegui ser alfabetizado chega a ser um pequeno milagre.
Durante a gravação do recente 99Vidas 208, onde refletimos sobre a série Castlevania como um todo, eu resolvi jogar um pouco de pelo menos um dos jogos pra não ficar boiando o programa inteiro. Na outra ocasião em que gravamos um programa sobre Castlevania (dessa vez, o celebrado Symphony of the Night), apesar de achar que fiz uma boa participação no episódio, não ter meus próprios insights sobre a experiência com o jogo fez falta. Então carreguei o Aria of Sorrow nesse PSPGo que você vê acima e acabei passando o mês inteiro debulhando a parada.
É curioso, porque eu peguei o jogo só pra ter ALGUMA exposição ao lore do ‘Vania, por mais mínima que fosse. Não esperava passar o programa INTEIRO jogando AoS no background da gravação, ou de levar o PSPGo no bolso do jaleco a semana inteira pra continuar a aventura nas pausas do trabalho.
Quando finalmente zerei (!!!!!!), me bateu uma melancolia imediata — porra, acabou? Mas já?! Acho que não explorei o castelo todo, e na pressa pulei alguns diálogos… foi um misto de nostalgia e sentimento de ter desperdiçado algo precioso. E é muito estranho sentir nostalgia de algo que você acabou de experimentar.
Felizmente, me informaram que o Aria of Sorrow tem uma igualmente excelente continuação pro DS, Dawn of Sorrow — seguindo aquela sintaxe clássica de enfiar subtítulos com D e S nas iniciais nos jogos do console de duas telas da Nintendo, um fato que precisa ser comentado em qualquer menção de um jogo de DS que siga esse formato.
Eu não consigo lembrar que outro jogo me prendeu dessa forma, de sentar pra jogar e ficar lá jogando até morrer tanto que preciso parar por um tempo pra não saturar completamente do jogo/arremessar o console na parede. Por muitos anos minha experiência com jogos era algo que quem me acompanha já tinha deduzido através das minhas redes sociais — pego o jogo X, jogo por uns 10 minutinhos no máximo, enjôo, pego outro, jogo outros 5 minutos, enjôo também, e nisso vou passando por minha coleção inteira, frequentemente jogando tão pouco que se torna impossível absorver qualquer coisa da história.
É peculiar que Castlevania, uma série que eu negligenciei a VIDA INTEIRA, tenha revertido esse hábito.

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