Francisco Dionísio's Blog, page 41
July 20, 2011
Quebrar o encantamento
"Um dia Azima tentou convencer uma mulher que passava perto da caverna, nas Terras Esquecidas, a desencantá-la e ela assim o prometeu. Para isso teria de ir para casa amassar e coser um pão sem dizer a ninguém com que finalidade o fazia, depois levar-lho-ia e ao comê-lo Azima seria desencantada. Mas a mulher faltou ao prometido e disse ao marido o que ia fazer com aquele pão. Como consequência o encantamento de Azima foi dobrado, enterrando-lhe o palácio nas profundezas da terra e aprisionan- do-a ali até que apareça alguém com coragem para a desencan- tar."
Este excerto de O Elmo de Cristal exemplifica um elemento frequente nas lendas de mouras encantadas: um humano que se propõe a desencantar uma moura e que, por medo, falta de convicção ou debilidade de espírito, fracassa nas suas tentativas, dobrando à moura o encantamento que a mantém cativa. Por regra, este fracasso origina a um castigo ou vingança, muitas vezes cruel, por parte desta entidade mitológica.








July 18, 2011
O encantamento
"Prendeu-nos a ambos e levou-nos para Sharish. Ali, após tê-lo trespassado com uma lança, atirou Leovigildo do alto das muralhas. A mim trouxe-me até esta anta e encantou-me para que eu nunca esquecesse aquele dia horrível."
São diversas as razões que estão na origem do encantamento das mouras. Frequentemente é usado como castigo por se terem envolvido num amor proibido. A moura que se apaixona por um cavaleiro cristão, chegado a converter-se para poder casar com ele, é um tema recorrente. Talvez por isso a melancolia e um certo romantismo trágico estão sempre presentes nas lendas de mouras encantadas.
Em O Elmo de Cristal, Fatmah é encantada pelo marido como retaliação por se ter envolvido com um guerreiro visigodo.








July 16, 2011
Broas, Serra de Sintra
Uma aldeia medieval a curta distância da capital do país. Primeiro foi abandonada, depois esquecida, mas o encanto do local permanece.








July 14, 2011
A arquitectura de Sharish
"Havia muitas semelhanças entre Monsaraz e Sharish, embora fossem mais aparentes que reais. As muralhas, gigantescas, nasciam na encosta do monte e erguiam-se dezenas de metros até à altura dos telhados que brilhavam lá no alto. Enormes torres e contrafortes avançavam das muralhas transmitindo uma imagem de inquestionável solidez. Viam-se várias cúpulas, coroando as casas maiores, entre as quais algumas eram amarelas e brilhantes como o ouro, e a porta da fortaleza era ladeada por duas torres robustas, de planta semicircular, revestidas por mosaicos verdes com incrustações de ouro e brilhantes."
As Terras Encantadas, mundo onde decorrem as aventuras narradas em O Elmo de Cristal – livro do qual foi retirado o excerto anterior – nos livros que lhe sucedem, tomam por base as paisagens portuguesas e os monumentos que as marcam, cruzando com estes a arquitectura árabe e as descrições que as lendas nos dão dos magníficos palácios das mouras encantadas. Ouro, pedras preciosas, salões grandiosos, são elementos recorrentes nestas lendas, prováveis resquícios guardados na memória colectiva do nosso povo, durante séculos, do que terão sido as construções islâmicas medievais, na sua maioria já desaparecidas.
Assim, Sharish, a réplica de Monsaraz nas Terras Encantadas, é apresentada como um povoado repleto de palácios fabulosos e rodeada por uma muralha colossal.








July 12, 2011
As Mouras Encantadas
Os mouros e as mouras encantadas encontram-se entre as entidades mais marcantes da mitologia portuguesa. Nessas lendas há um primeiro momento em que são narrados os acontecimentos que conduziram ao encantamento – muitas vezes uma trágica história de amor – e um segundo momento durante o qual é descrita a condição de encantada – a moura que fica presa num penedo, numa fonte, num castelo, etc. e só será libertada quando aparecer um humano suficientemente corajoso para se submeter e superar as provas exigidas para desfazer o encantamento.
Os versos que se seguem condensam as histórias narradas em muitas lendas relativamente a esse segundo momento que é também o ponto de partida para as histórias contadas em Os Mouros das Terras Encantadas.
Sobre as pedras da Ponte Velha
uma cobra deslizava.
Ali dizem viver
uma moura encantada.
Só na noite de S. João
a moura se mostrava,
entoando uma triste melodia
até romper a alvorada.








July 10, 2011
Superstições – Apaziguar a dor
Para curar uma dor num braço ou numa perna deve esfregar-se a zona dorida com um pano embebido em urina de criança.
Para tratar o reumatismo é bom usar no bolso duas batatas pequenas.
Fel de porco misturado em aguardente é bom para fazer fricções.
A dor nos rins cura-se enrolando à cintura uma trança de linho virgem.








July 8, 2011
Superstições – Diz-se que…
Se queres ter bons pulmões come agriões.
A laranja de manhã é oiro, ao meio-dia prata, à noite morte.
Quem come caldo de grelos no dia de Entrudo pinga-lhe o nariz todo o ano.








July 6, 2011
Superstições – Sangrar do nariz
Quando uma pessoa está a sangrar do nariz, coloca-se nas suas costas, e sem que ela se aperceba, uma cruz feita de palhas ou de paus e a hemorragia pára.
Segundo outra versão, para estancar a hemorragia basta que alguém desenhe uma cruz nas costas da pessoa que está a sangrar, também sem que ela se aperceba disso.
Outro tratamento sugere que se molhe no sangue um anel com uma pedra que simule dois olhos e se coloque seguidamente no dedo mínimo da mão esquerda.








July 4, 2011
Superstições – Aranhas
As aranhas, nos teares, são sinal de abundância, não se devem matar.
Aranha vermelha, pequenina, a subir pela roupa de alguém atrai felicidade; se estiver a descer, dá azar e deve matar-se.








July 2, 2011
Piódão
Piódão faz lembrar uma colmeia, com as casas encavalita- das, as ruas com menos de um metro de largura, como se as pessoas se encostassem umas às outras para mais facilmente se aquecerem e protegerem das dificuldades dos Invernos da serra.








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