Rita Ferro

“E não experimentei por experimentar, como o garoto que atira o brinquedo contra à parede para saber de que é feito -- não me diminuas; fi-lo, talvez, pela necessidade de me conhecer, de me decifrar, de saber a que altitudes ou profundidades os meus pulmões se aguentam, a que longitudes e latitudes me sustento longe de casa ou fora do útero da minha mãe -- compreendes?”
― Rita Ferro, 4 & 1 Quarto

“Não, não penso que a tenha amado -- o amor pede tempo e trabalho, sofrimento e desespero, como sabes -- como nunca amei Inácio, se é isso que te importa saber, depois da forma como, cada um de nós, moveu as peças sensíveis deste jogo; deixei-me impregnar por um fogo de erotismo que me inebriou mais do que um estimulante; mas prezei-os emocionadamente pelo que viram em mim, pelo que vi neles, pelo que conseguiram despertar na minha alma e o contrário, e percebi que, se não me afastasse, poderia vir a amá-los tão apaixonada e devastadoramente como a ti, sem que nenhum sentimento se sobrepusesse ou se substituísse ao teu, pois encontrei em mim esse desejo e essa capacidade, esse vazio e essa agonia, essa urgência e esse desespero, essa fenda onde tudo o que me rodeia se afunda e se perde e não chega nunca para me saciar -- estranhas?”
― Rita Ferro, 4 & 1 Quarto