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A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil (Wayfarers, #1)
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Ficção Científica #1 > Tópico 1 - Furo às cegas (p. 72) - A longa viagem a um pequeno planeta hostil

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André Sposito | 48 comments Mod
Tópico de discussão #1

Spoiler liberado até o final do capítulo "Furo às cegas" (página 72)


André Sposito | 48 comments Mod
E ai pessoal. O que estão achando dessa primeira parte do livro?


message 3: by Ana (last edited Feb 11, 2018 07:37PM) (new)

Ana Rüsche (anarusche) | 8 comments Oi, gente!

Gostei muito de como o livro começa (capítulo "Transit", na versão em inglês), já instaurando um conflito - que raios aquela mina foi para naquela nave? Qual foi a merda que aconteceu com ela na qual não teve culpa? Qual é o emprego novo?

Também curti que a narrativa gira em torno das personagens. Todo mundo me parece muito de carne e osso. Assim como as descrições de ambiente, os mercados, peças. Muito bem escrito.

Vou selecionar alguns pontos que me chamaram a atenção para a gente conversar. Botem aí mais alguns.

* * *

A protagonista: garota rica no primeiro emprego

Curti muito que Rosemary é uma garota rica (provavelmente em apuros que não sabemos quais são), com nenhuma experiência fora uma ou outra coisa que aprendeu na faculdade. Está quase numa espécie de "primeiro emprego", sem nunca ter arrumado uma mesa antes na vida.

Ou seja, vc vê o tamanho da merda em que se meteu, pois acabar naquela nave não era um curso que ela esperava tomar na vida.

Esta tensão de classe social fica bem presente em vários momentos e mostra sua disponibilidade - até mesmo emocional - em fazer o melhor possível para ser querida e sobreviver a este novo cenário em que é colocada. Tenta beber para fazer a social, comer coisas que nunca comeria num mercado, enfim, ser simpática e agradável.

Se vê jogada num cenário em que é reduzida a uma garota como outra qualquer, tendo que passar por avaliações de colegas, muito machismo e tudo o mais. A ambiguidade entre a verdadeira-Rosemary (rica, bem formada, não precisaria estar ali) e Rosemary-na-nave (ferrada, sem dinheiro e meio fugitiva) dá uma profundidade à narradora e aumenta a tensão na trama.



* * *
Viagens e escavação de túneis

Genial esta saída para as viagens no tempo!
Gol de placa da autora. Alguém mais fez isso antes? Usar a ideia de túneis para viajar longas distâncias no espaço?


* * *
Sissix e Chef: representações e estereótipos

Com relação a duas personagens, as construções-base são bem estereotipadas de visões de outros povos como de matriz africana e latina.

Para exemplificar, com Sissix: a cultura Aandrisk possuiria relações familiares complicadas, não conhecem o conceito de espaço pessoal ("personal space"), demonstram muitas emoções e promiscuidade. Seriam... pessoas latinas? Brasileiras?, hehe.

Me chamou muito a atenção que Sissix foi a única pessoa a largar suas obrigações - como se sua tarefa fosse menor - e fazer o tour na nave para deixar Rosemary em seus aposentos. Uma "camaradagem" que esconde uma tensão racial/interespécie?

Dr. Chef não me parece sair muito disso. Uma mistura de estereótipos de povos indígenas, algo por aí - possui saber medicinais e de ervas, além cuidar de tarefas que não são "tarefas-fim" da nave (não pilota, não dirige, etc).

Achei este ponto bem chato.
Aguardo para ver como isso evolui, se dá uma melhorada.


* * *
Quais foram as impressões de vocês?
Obs.: estou lendo em inglês pq dinheiros, se algo estiver citado errado, já sabem.


Jana Bianchi (janabianchi) | 3 comments Oi, gente!

Li o livro faz um tempo já, mas amei demais e vim dar meus pitacos! :)

São ótimos pontos que você levantou, Ana! Sobre os túneis, eu acho que o lance do buraco de minhoca é um recurso até que bem comum em histórias de longas viagens no espaço, mas eu gosto muito como aqui a tecnologia é "popularizada". Eu acho incrível como viajar pelo espaço não é algo muito mirabolante e caro, mas sim uma coisa que exige muita engenharia pesada, que mistura toda uma parte de cálculos com um trabalho braçal feito por pessoas altamente especializadas e nem sempre reconhecidas — o equivalente à construção de estradas, por assim dizer.

Sobre Sissix e Dr. Chef: eu sou obrigada a discordar, mas talvez porque já terminei de ler o livro e tenho uma visão mais ampla dos personagens. Acho que é inevitável a gente tentar fazer paralelos com sociedades e etnias existentes, mas no fim das contas o que a Becky faz aqui é propor modos de pensar e de se relacionar com outros que são TOTALMENTE diferentes do que já vimos — um pouco do que o Ted Chiang fez com Story of Your Life e os heptapods. Ao longo do livro vamos saber mais das sociedades às quais pertencem os dois personagens (e também outras sociedades, como a sociedade do Ohan, os Toremi Ka e tal), e eu acredito que isso vai acabar dissolvendo essa sua impressão.

Uma coisa que eu achei genial desse comecinho, algo que me chamou a atenção imediatamente, é o fato da IA da nave se chamar Lovelace (Lovey hehe). Acho FODA a referência claríssima à Ada Lovelace, primeira pessoa a programar da história — e mulher. <3

Ah, também li em inglês. Curti muito a escrita da Becky.


message 5: by Uva (new) - rated it 4 stars

Uva Costriuba | 21 comments opa, e ai pessoal :)

também estou lendo em inglês, foi muito fácil baixar no torrent de graça... já passei da metade, estou lá pela página 222 ou algo assim. (mas o lobo de rua foi minha primeira compra na loja do lev da saraiva e funcionou super bem, fiquei surpresa... farei mais isso agora).

sobre os túneis:

as gaiolas das pontas dos túneis me lembraram muito os portais amarelos e redondos em Cowboy Bebop. aliás, os sistemas de pagamento da nave também. Mas a presença do par Ohan é maravilhosa... ele sacar a tablet pra calcular a trajetória escrevendo no meio da viagem lisérgica é quase um lance Guia do Mochileiro das Galáxias, gostei muito deles. Essa tentativa de explicação sobre o que acontece dentro do túnel que me pareceu nova. E boa. Tempo enquanto dimensão sim. Viagem de velocidade maior que a da luz + lugar sem tempo = buraco negro túnel de viagem. :D

sobre os estereótipos:

uma língua uniforme para cada espécie é algo que reforça um limite de estereótipo sim. ainda não encontrei uma descrição de serem sistemas de comunicação com diferentes línguas; algo que se aproxima disso é a combinação de gestos com sons da Sissix em momentos especiais, mas mesmo assim entendi que todos da espécie dela compreenderiam o que ela fala, o que é esquisito. Essa homogeneização da comunicação me pareceu simplista. Fiquei imaginando se num futuro não muito distante pessoas humanas sairão pelo espaço falando uma única língua (derivada do inglês? japonês?) e me veio Firefly na cabeça haha...

A comunicação dos Aeluon por cores e telepatia talvez inspire maior homogeneização... mas mesmo assim, ao se espalhar por planetas e vingar milênios no espaço, as coisas devem mudar... Aliás, os Aeluon me parecem algo como o povo Pérola do Valerian (filme também, não fui com a cara do quadrinho). A Ursula Le Guin faz uma construção nesse sentido da diversificação dos povos na dispersão pelo espaço na Mão Esquerda da Escuridão: a complexidade social e a evolução dos costumes faz parte da colonização.

Talvez o que tenha de mais rico nesse grupo de espécies da Wayfarer sejam os detalhes rotineiros de inclusão. Não é só espaço pra cauda, copo amigável para tal espécie... a linha de pensamento onde a convivência é amortecida por esses ajustes deliberados acaba contemplando o Jenks que (até onde eu entendi) tem nanismo. Os preconceitos, impasses de sociabilização e "soluções" para o que parecem ser problemas físicos são discutidos brilhantemente no livro. Escolha e auto determinação: parabéns pra Becky. Em termos de construção de identidade o livro é ótimo, o cuidado com pronomes saiu do cinismo que a gente vive e alcançou um patamar normativo bacana... a norma é perguntar, respeitar, não forçar formatos em outras pessoas. Amei.

Mais pra frente tem outros temas nessa linha, sobre Dr. Chef principalmente que vão dar mais pano pra manga.

Ah! e a Kizzy é uma Tank Girl maravilhosa!!!

to adorando a leitura...


Marilia (maroramos) | 13 comments Mod
Também estou lendo em inglês porque não tem versão do ebook em português (se tiver, não encontrei na Amazon BR). Adorei a escrita dela. E a ideia dos buracos e túneis ser um trabalho como qualquer outro me deixou maravilhada. Dá pano para questões de classe além da origem da Rosemary (quem faz esse tipo de trabalho etc).

Adorei a descrição do jardim. Fiquei bem maravilhada. Sempre pensei na imagem de naves e seus interiores como algo muito inorgânico - cinza, metal, plástico. O jardim e as cores da Kizzy (por exemplo na decoração do quarto da Rosemary) quebram muito essa percepção. É uma boa quebra de expectativa.

Tô bem ansiosa para entender a treta entre todos esses povos e as diferenças entre os humanos - por que uns foram para Marte e outros não? Enfim, tudo a seu tempo. Tem um milhão de coisas já rolando. Naquela parte que o Ashby vai acompanhar as notícias, aparecem várias referências a eventos passad

Ana, não fiz esses paralelos com outros povos... Acho que faz um pouco de sentido para a Sissix, mais em relação às relações interpessoais, mas não sei se isso é uma exclusividade latina. Quer dizer, é outra maneira de se relacionar se comparamos com americanos brancos padrão. Mas, mesmo sem ter lido mais do que essa parte, tô mais com a Jana.

Jana, também amei a homenagem à Ada Lovelace! Dei um gritinho qnd vi (sério, eu literalmente dei um gritinho).

O par Ohan é incrível! E enquanto pessoa que conta em miçangas, a explicação de como os túneis são feitos ficou boa. Acho que entendi - e na hora lembrei do trailer de Dobra no Tempo...
Me identifiquei demais com o Happy Tea x Boring Tea da Kizzy! #cafeínaévida

Uva, também gostei da maneira como a inclusão é discutida - tanto na linguagem quanto na adaptação dos espaços. Queria saber como o Dr. Chef fez até os móveis dele chegarem à nave.

Adorando muito o livro até agora.


message 7: by Jayne (new)

Jayne Oliveira (jayneloliveira) | 19 comments Oi gente. Acabei de começar o livro (acho que estou atrasada, né?) e tou adorando.

Não acho que eu tenho muito o que adicionar aqui, vocês falaram praticamente tudo que eu consegui observar até agora (e até mais!).

A Ana falou sobre as representações de estereótipos nos personagens Sissix e Chef, mas eu não peguei (será que sou muito distraída?). Vamos ver como as coisas acontecem daqui pra frente, será que minha percepção vai mudar depois de ler os comentários de vocês?

Por enquanto tô gostando da linguagem, da descrição e construção dos personagens (acho que a pergunta de 1 mi de $ é: que diabos aconteceu com a Rosemary em Marte?) e da didática na explicação de como os túneis funcionam. Ponto pra Becky.

Por enquanto, a relação da IA com o Jenks me lembrou de Her... Será que é platônico? Será que o livro aborda isso mais pra frente?

Também fiquei curiosa sobre o passado do Chef...

Quero uma poltrona no jardim da nave e uma xícara de happy tea pra continuar minha leitura!


Marilia (maroramos) | 13 comments Mod
Jayne wrote: "Oi gente. Acabei de começar o livro (acho que estou atrasada, né?) e tou adorando.

Não acho que eu tenho muito o que adicionar aqui, vocês falaram praticamente tudo que eu consegui observar até ag..."


Sem atrasos, Jayne :) A gente começa quando começa.

Eu adorei como nesse começo a Chambers lança várias pontinhas soltas e vai aumentando nossa curiosidade. Dá vontade de continuar né?

O livro aborda a relação do Jenks e da Lovey em outras partes, então não vou mencionar aqui.

#teamhappytea hahaha


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