Só Ler Não Basta discussion

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The Handmaid’s Tale
Discussões de 2013
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A história de uma serva / The handmaid's Tale: Discussão dos capítulos 26 a 38
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by
Telma_Txr
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rated it 5 stars
Oct 02, 2013 01:32PM

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Olha, sou a primeira a comentar esta parte! Se bem que eu sei, mas não vou dizer nomes, que há pelo menos uma de nós que já acabou o livro! E não vieste dizer nada... for shame! :P
Nesta parte ficamos a saber mais coisas sobre o passado de Offred. Ficamos a saber o que se passou com a sua família, o que é feito da filha, como Moira conseguiu fugir e o que aconteceu com ela. Vemos também o evoluir da relação (será que se pode chamar de relação?) dela com o Comandante, que representa um perigo dentro daqueles valores morais todos, e que acaba por fazê-la pensar sobre a sua situação, sobre Serena Joy e o próprio Comandante, com o qual se sente cada vez mais confortável. Ficamos a saber mais pormenores sobre o funcionamento daquela sociedade, sobre as máquinas que recitam orações pedidas pelas "Wives", sobre aqueles que sobrevivem à sombra da sociedade, sobre as "Jezebels", que são uma espécie de prostitutas. Outra coisa importante, ficamos a saber como é que aquele regime surgiu, que mudanças foram ocorrendo, lentamente, até se chegar ao estado actual das coisas.
Esta parte acho que foi a que mais sumo teve, um pouco mais complexa em que mais coisas vão sendo reveladas. A escrita de Atwood, em certos momentos, faz-me lembrar a da Virginia Woolf por causa de um mecanismo literário que a Woolf (e não só) usava muito, chamado "stream of consciousness" (não sei como traduzir isto para português). Isto basicamente é a introdução de sentimentos ou pensamentos da personagem no meio do texto, quando se está a falar de outra coisa qualquer. Temos estas interrupções momentâneas, ou flashbacks da sua vida anterior no meio de outro relato qualquer. Penso que isto dá algum realismo a Offred, porque é assim que acontece connosco também: estamos a falar de uma coisa e, de repente, lembramo-nos de algo e mudamos para esse assunto e só mais tarde voltamos ao anterior. Vai-se saltando de assunto para assunto, como é natural no processo de pensamento. Nem sempre é fácil acompanhar este estilo, mas encaixa perfeitamente e Atwood sabe fazê-lo.
Estou a gostar bastante de tudo e agora que vou entrar na fase final, quero saber como é que acaba!
Nesta parte ficamos a saber mais coisas sobre o passado de Offred. Ficamos a saber o que se passou com a sua família, o que é feito da filha, como Moira conseguiu fugir e o que aconteceu com ela. Vemos também o evoluir da relação (será que se pode chamar de relação?) dela com o Comandante, que representa um perigo dentro daqueles valores morais todos, e que acaba por fazê-la pensar sobre a sua situação, sobre Serena Joy e o próprio Comandante, com o qual se sente cada vez mais confortável. Ficamos a saber mais pormenores sobre o funcionamento daquela sociedade, sobre as máquinas que recitam orações pedidas pelas "Wives", sobre aqueles que sobrevivem à sombra da sociedade, sobre as "Jezebels", que são uma espécie de prostitutas. Outra coisa importante, ficamos a saber como é que aquele regime surgiu, que mudanças foram ocorrendo, lentamente, até se chegar ao estado actual das coisas.
Esta parte acho que foi a que mais sumo teve, um pouco mais complexa em que mais coisas vão sendo reveladas. A escrita de Atwood, em certos momentos, faz-me lembrar a da Virginia Woolf por causa de um mecanismo literário que a Woolf (e não só) usava muito, chamado "stream of consciousness" (não sei como traduzir isto para português). Isto basicamente é a introdução de sentimentos ou pensamentos da personagem no meio do texto, quando se está a falar de outra coisa qualquer. Temos estas interrupções momentâneas, ou flashbacks da sua vida anterior no meio de outro relato qualquer. Penso que isto dá algum realismo a Offred, porque é assim que acontece connosco também: estamos a falar de uma coisa e, de repente, lembramo-nos de algo e mudamos para esse assunto e só mais tarde voltamos ao anterior. Vai-se saltando de assunto para assunto, como é natural no processo de pensamento. Nem sempre é fácil acompanhar este estilo, mas encaixa perfeitamente e Atwood sabe fazê-lo.
Estou a gostar bastante de tudo e agora que vou entrar na fase final, quero saber como é que acaba!

corrente de pensamento :)
É um dos meus favoritos.
Sara wrote: "Diana wrote: "chamado "stream of consciousness" (não sei como traduzir isto para português)"
corrente de pensamento :)
É um dos meus favoritos."
Isso! Estou tão rodeada de textos em inglês que, às tantas, já não sei dizer as coisas em português... Mas é isso, sim :)
corrente de pensamento :)
É um dos meus favoritos."
Isso! Estou tão rodeada de textos em inglês que, às tantas, já não sei dizer as coisas em português... Mas é isso, sim :)
Diana wrote: "Esta parte acho que foi a que mais sumo teve, um pouco mais complexa em que mais coisas vão sendo reveladas. A escrita de Atwood, em certos momentos, faz-me lembrar a da Virginia Woolf por causa de um mecanismo literário que a Woolf (e não só) usava muito, chamado "stream of consciousness" (...)Nem sempre é fácil acompanhar este estilo, mas encaixa perfeitamente e Atwood sabe fazê-lo."
Isto! :D
O que mais tem sobressaído para mim nesta leitura, é o quão impessoal a sociedade acaba por ser, até no que toca às orações! São pré-definidas e ditas por máquinas, não é um humano a pedir, não há a força do desejo, a fé. Pode Deus aceder a tais orações? Quando até são pedidas "porque fica bem" e contribui para uma ascensão numa sociedade teocrática? Imagino alguém "hum, sim, esta Wife é muito pia, logo o seu esposo deve ser um cidadão devoto, ganha um ponto! O quê? Este só rezou uma vez?! A heresia! Está possuído pelo demónio! Queimem-no na fogueira!!!" :D É curioso vê-la depois orar o que me leva a questionar, qual tem mais força? A prece pedida por uma esposa através de uma oração predefinida ou a que ela acaba por fazer, com toda a emoção que sente? Chega melhor a máquina ou alguém que tem um único resquício de fé, a Deus? "You might even provide a Heaven for them. We need you for that. Hell we can make ourselves."
Foi interessante ver como o regime surgiu, começando por privar as pessoas de bens, para não poderem fugir, e só então de direitos. A liberdade aparece como algo fugaz. Não ter a liberdade para escapar, por não ter direito, leva a perder a liberdade de se insurgir, de lutar contra o regime, e leva à perda da liberdade de fazer o que se deseja. Mais, leva até a ir contra o que acreditam, levam a que se mate um pouco do que torna uma pessoa única e até humana. "That's one of the things they do. They force you to kill, within yourself."
Isto! :D
O que mais tem sobressaído para mim nesta leitura, é o quão impessoal a sociedade acaba por ser, até no que toca às orações! São pré-definidas e ditas por máquinas, não é um humano a pedir, não há a força do desejo, a fé. Pode Deus aceder a tais orações? Quando até são pedidas "porque fica bem" e contribui para uma ascensão numa sociedade teocrática? Imagino alguém "hum, sim, esta Wife é muito pia, logo o seu esposo deve ser um cidadão devoto, ganha um ponto! O quê? Este só rezou uma vez?! A heresia! Está possuído pelo demónio! Queimem-no na fogueira!!!" :D É curioso vê-la depois orar o que me leva a questionar, qual tem mais força? A prece pedida por uma esposa através de uma oração predefinida ou a que ela acaba por fazer, com toda a emoção que sente? Chega melhor a máquina ou alguém que tem um único resquício de fé, a Deus? "You might even provide a Heaven for them. We need you for that. Hell we can make ourselves."
Foi interessante ver como o regime surgiu, começando por privar as pessoas de bens, para não poderem fugir, e só então de direitos. A liberdade aparece como algo fugaz. Não ter a liberdade para escapar, por não ter direito, leva a perder a liberdade de se insurgir, de lutar contra o regime, e leva à perda da liberdade de fazer o que se deseja. Mais, leva até a ir contra o que acreditam, levam a que se mate um pouco do que torna uma pessoa única e até humana. "That's one of the things they do. They force you to kill, within yourself."