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February 14 - February 16, 2023
— Deixe que eu seja o bastante para você, pelo menos por essa noite.
— Somos só nós dois. Não há mais ninguém aqui.
Ele enganchou os dedos lá dentro de mim, e a lava correu nas minhas veias.
Havia outros quartos, outras camas mais silenciosas e muito menos complicadas, mas ele estava aqui. Ele me abraçou, acalmando os meus nervos em frangalhos depois de afastar o terror persistente de uma noite que eu só queria esquecer.
Eu disse a ele que, se uma mulher luta com esse tipo de paixão e o faz se esforçar tanto para ganhar um mero sorriso, então esse é o tipo de mulher que você quer ao seu lado dentro e fora do quarto.
— De Sangue e Cinzas. — Nós ressurgiremos
Não ofereci a Casteel nenhum pedaço de mim enquanto cavalgávamos adiante, nos juntando aos outros. Não havia razão para isso, pois o que ele não sabia era que já possuía muitos deles.
— Mas será que o presente realmente repara os erros do passado?
— Porque a dor é um lembrete e um alerta. Um aviso que eu pretendo jamais esquecer.
A beleza, minha doce criança, muitas vezes é imperfeita e afiada, e sempre inesperada.
— Ele não se importa comigo. Kieran me encarou. — Se acreditar nisso for bom para você, então continue. Mas não quer dizer que seja verdade.
Porque me importar com Casteel significava mais do que apenas desejá-lo. Significava perdoar ou esquecer as suas mentiras e traições, e eu não sabia se isso era certo ou errado.
— Ele era Casteel naquela época, assim como é Hawke agora — afirmou Kieran baixinho, atraindo o meu olhar de volta para ele. — E você sabe disso. Só não está pronta para aceitar.
— Você sabe o que acontece quando um Atlante se importa com alguém?
— Ele acha repulsiva a noção de se alimentar de outra pessoa. É muito íntimo para sequer considerar isso. E se o parceiro for mortal? Geralmente, é necessário que o mortal prove ao outro que está tudo bem que ele se alimente e, em alguns casos, o Atlante se perde na escuridão da fome. É por isso que Casteel não se alimentou.
— Acho que vocês são corações gêmeos.
Para ele, os fins justificavam os meios. Contudo, Casteel tinha um limite que se recusava a atravessar. E esse limite era eu. Constatar isso era apavorante.
— Eu vou fazer isso. — Estou meio com medo de perguntar o que você vai fazer. Cruzei os braços sobre o peito e revirei os olhos. — Vou me oferecer... basicamente como jantar. Para Casteel — acrescentei. — Como jantar? — Basicamente. — Olhei para Kieran e percebi que ele estava tentando não rir. — Só uma pequena parte de mim está surpresa, mas estou aliviado. — E os ombros dele pareciam menos curvados. — Ele precisa de você.
— Essa conversa vai ser tão constrangedora. Comecei a sorrir. — Agora, eu fiquei mesmo interessada. — Mas vai mudar de ideia bem rápido.
— Quando um fundamental vinculado assume um parceiro, o vínculo pode ser estendido a essa pessoa. É necessária uma troca de sangue entre os três, ou quatro, se o parceiro também for vinculado. E a troca de sangue... bem, é bastante... — Ele pigarreou enquanto o seu rosto ficava corado. — Pode ser bastante íntima. De uma forma que provavelmente a deixaria muito desconfortável.
— A União não apenas garantiria que o lupino tivesse o dever de proteger a sua vida, mas também conectaria a sua vida ao fundamental e ao lupino. Você viveria tanto quanto o lupino, não importa quanto tempo fosse.
— Essa é uma pergunta incrivelmente aleatória.
— Forçar uma guerreira a usar um véu de submissão não poderia durar muito.
— Eu não conheço nenhum fundamental vinculado que tenha assumido um parceiro mortal com sangue Atlante — respondeu ele. — Até onde sei, não houve ninguém. E é pedir muito a um lupino. Esse tipo de vínculo de sangue vale para os dois. Se o lupino morrer, o mortal também morre e, se o mortal com sangue Atlante morrer, o lupino também morre.
— Eu sou tão incrivelmente indigno de você — sussurrou ele,
Não sei em que momento as coisas saíram tanto do controle. Quando o modo como ele me segurava e pressionava o corpo contra o meu não era mais para matar a sede e sim para saciar uma fome diferente. Não sei quando perdi a luta contra o meu corpo. Não sei quando parei de pensar que não era só o corpo de Casteel que tocava o meu, nem no peito dele em que eu repousava a cabeça.
— Já chega — disse Kieran. A voz dele deveria ter sido um choque para mim, mas foi apenas uma fonte de frustração. — Já chega, Casteel.
— Você já doou tanto de si mesma, já fez tanta coisa por mim — disse Casteel,
— Deixe-me fazer isso por você. Deixe eu satisfazer sua vontade.
Eu mal conseguia respirar ou pensar. Bloqueei os sentidos, pensando que isso me ajudaria a aclarar as ideias, mas o desejo ainda batia dentro de mim, em sintonia com o meu coração descompassado. E me dei conta de que eu ainda era fogo. Ainda o queria, não importava se fosse certo ou errado,
— Você sabe que o que sentiu durante a alimentação e o que certamente aconteceu depois disso são coisas naturais. — Obrigada, mas você não precisa me dizer isso. — Quer um conselho então? — Na verdade, não.
— Se quiser que a próxima alimentação, e estou certo de que você sabe que haverá outras, seja menos íntima, você pode oferecer o pulso a ele. Eu me virei na direção de Kieran. — Ora, essa informação é muito útil agora.
— Ou porque não quer saber que eu estou me esforçando ao máximo para não destruir outro par de calças suas e foder você com tanta força que você ia sentir o tamanho da minha gratidão por dias?
— Além do fato de que a minha mãe poderia me matar por não levar a minha noiva para casa para conhecê-la, o nosso casamento precisa ser reconhecido pelo Rei e pela Rainha. Você precisa ser coroada. — Coroada? — Virei a cabeça para olhar para ele. Casteel arqueou a sobrancelha. — Você vai se tornar uma Princesa, Poppy. Precisa ser coroada. Depois disso, vai ter a mesma autoridade que eu. Sua posição em Atlântia não poderá ser questionada pelo Rei nem pela Rainha de Solis.
Parei um pouco nas reentrâncias de cada lado dos quadris e então a minha respiração acelerou. Ele me desejava descaradamente.
— Tão incrivelmente violenta.
Eu queria senti-lo dentro de mim, para que não pudesse sentir nada além dele. Eu queria ser tão completamente devorada por Casteel, que não sobrasse mais espaço para o medo de que ele se tornasse uma cicatriz no meu coração que certamente seria partido.
Eu queria acreditar que nós éramos corações gêmeos, apesar de tudo que fazia com que isso parecesse impossível.
— O seu sangue tem gosto de antigo, poderoso mas leve. Como o luar. Agora, eu sei por quê. — Como é que alguma coisa tem gosto de luar? — Magia, imagino eu.
Ele ficou imóvel conforme procurava uma resposta no meu rosto. E, naquele momento, me dei conta de que a vida era minha. O que havia entre Casteel e eu não era nem certo nem errado. Era confuso e complicado, e talvez eu me arrependesse mais tarde, assim que lhe desse mais pedaços de mim, mas eu o desejava. E estava cansada de me negar qualquer coisa.
Eu não quero fingir — sussurrei. — Eu sou Poppy e você é Casteel, e isso é de verdade.
Ele me deu o que eu queria. Me beijou com uma espécie de abandono selvagem que beirava a insanidade.
— Não estamos mais fingindo, Poppy? Nunca mais? Você me quer. Apesar de tudo, você me quer. — O que você acha? — Eu me esfreguei na mão dele, exigente. Ele levou a outra mão até o meu quadril, detendo os meus movimentos. — Preciso ouvir você dizer isso, Princesa. É claro que precisava. — Sim — eu quase praguejei. — Eu quero você. — Ótimo. — Ele tirou a mão do meio das minhas pernas. — Porque isso é verdadeiro.
— Preciso que você se segure em mim e não me solte, porque eu vou foder você como prometi. Fiquei ofegante ao ouvir aquelas palavras — deliciosamente — obscenas. — Sim. Por favor.
— Você não contou a ela que já estava prometido para outra.
— E, da próxima vez que você quiser me chamar de cobra venenosa, pelo menos tenha a coragem de fazer isso olhando bem para mim.
— Eu escolhi Casteel quando o conheci como Hawke
Mas ele... ele foi o catalisador de certa forma. E eu o escolhi. Eu o escolhi porque ele me fez sentir que eu era outra coisa além da Donzela, e ele me viu quando ninguém mais via. Ele fez com que eu me sentisse viva. Ele me valorizou pelo que eu sou e não tentou me controlar. E então tudo me pareceu uma mentira quando descobri a verdade sobre quem ele era e por que ele fazia parte da minha vida.
Só para vocês saberem, recusei o pedido de casamento no começo. Aceitá-lo e... e me permitir ter esses sentimentos por ele era como trair aqueles que morreram no meio de tudo isso e parecia uma traição a mim mesma. Apesar de tudo, ainda o escolhi.
— Se você a escolheu, então como podemos não fazer o mesmo?

