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Escolhe tua melhor hora, Laertes; o tempo te pertence. E gasta como entenderes as qualidades que tens!
Chega de andar com os olhos abaixados Procurando teu nobre pai no pó, inutilmente, Sabes que é sorte comum – tudo que vive morre, Atravessando a vida para a eternidade.
Todos: Senhor, pode contar com a nossa obediência. Hamlet: Me deem amizade – eu lhes darei a minha.
Pois a natureza não nos faz crescer Apenas em forças e tamanho. À medida que este templo se amplia, Se amplia dentro dele o espaço reservado Pra alma e pra inteligência. Talvez Hamlet te ame, agora, e não haja mácula ou má-fé, Só sinceridade nas suas intenções. Mas você deve temer, dada a grandeza dele, O fato de não ter vontade própria: É um vassalo do seu nascimento. Não pode, como as pessoas sem importância, Escolher a quem deseja, pois disso depende A segurança e o bem-estar do Estado. Portanto, a escolha dele está subordinada À voz e à vontade desse outro corpo Do qual ele é a cabeça.
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Cuidado, Ofélia, cuidado, amada irmã, vigia! E coloca tua afeição Fora do alcance e do perigo do desejo. A donzela mais casta não é bastante casta Se desnuda sua beleza à luz da lua. A mais pura virtude não escapa ao cerco da calúnia. A praga ataca os brotos da primavera Antes mesmo que os botões floresçam; E na manhã orvalhada da existência Os contágios fatais são mais constantes. Tem cuidado, então; o medo é a melhor defesa. Uma jovem se seduz com sua própria beleza.
Não dá voz ao que pensares, nem transforma em ação um pensamento tolo.
Presta ouvido a muitos, tua voz a poucos. Acolhe a opinião de todos – mas você decide. Usa roupas tão caras quanto tua bolsa permitir, Mas nada de extravagâncias – ricas, mas não pomposas. O hábito revela o homem, E, na França, as pessoas de poder ou posição Se mostram distintas e generosas pelas roupas que vestem. Não empreste nem peça emprestado: Quem empresta perde o amigo e o dinheiro; Quem pede emprestado já perdeu o controle de sua economia. E, sobretudo, isto: sê fiel a ti mesmo. Jamais serás falso pra ninguém
Quando o sangue ferve, como a alma é pródiga Em emprestar mil artimanhas à língua. São chispas, minha filha, dão mais luz que calor E se extinguem no momento da promessa – Não são fogo verdadeiro. De agora em diante Tua presença de donzela deve ser menos visível. Que os teus encontros tenham um preço mais alto Do que um simples chamado ocasional.
Uma gota do mal, uma simples suspeita, Transforma o leite da bondade no lodo da infâmia.
Minha vida não vale um alfinete E à minha alma ele não pode fazer nada, Pois é tão imortal quanto ele.
Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, Do que sonha a tua filosofia.
“Duvida que o sol seja a claridade, Duvida que as estrelas sejam chama, Suspeita da mentira na verdade, Mas não duvida deste que te ama!
Teu para todo o sempre, dama queridíssima, Enquanto a máquina deste corpo me pertencer, Hamlet.”
Sonhos que são, de fato, a ambição. A substância do ambicioso é a sombra de um sonho.
Teria umedecido de lágrimas os olhos áridos do céu, E movido esses deuses à piedade, Por menos que se comovam com as dores humanas.”
Ser ou não ser – eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma Pedradas e flechadas do destino feroz Ou pegar em armas contra o mar de angústias – E, combatendo-o, dar-lhe fim?
Aceite-as de volta; pois, pra almas nobres, Os presentes ricos ficam pobres Quando o doador se faz cruel.
O poder da beleza transforma a honestidade em meretriz mais depressa do que a força da honestidade faz a beleza se assemelhar a ela. Antigamente isso era um paradoxo, mas no tempo atual se fez verdade.
O mundo não é eterno e tudo tem um prazo Nossas vontades mudam nas viradas do acaso; Pois esta é uma questão ainda não resolvida: A vida faz o amor, ou este faz a vida?
Que o sono embale a tua alma: Nunca haja amargura entre nós, Só calma.
Pois é; o cão ferido sai uivando Enquanto o cervo salvo se distrai Pra um dormir, há sempre um vigiando, Assim foi feito o mundo, e assim vai.
O desejo jamais foi escravo do delírio,
É teu cérebro que forja essa visão; Teu delírio se excede Em criações incorpóreas.
Rosencrantz: Me recuso a compreendê-lo, senhor. Hamlet: Fico contente em saber. O discurso patife dorme no ouvido idiota.
Um homem pode pescar com o verme que comeu o rei e comer o peixe que comeu o verme.
O que é um homem cujo principal uso e melhor aproveitamento Do seu tempo é comer e dormir? Apenas um animal.
Ó céus! É possível que a razão de uma donzela Seja tão frágil quanto a vida de um velho? A natureza é sutil no amor e, nessa sutileza, Sacrifica um pedaço precioso de si própria Àquele a quem ama.
Oh, tríplice desgraça Caia dez vezes triplicada sobre a cabeça maldita Cuja ação criminosa privou você De tua inteligência luminosa! Parem um momento a terra Para que eu a aperte uma última vez em meus braços.
Eu amava Ofélia. Quarenta mil irmãos Não poderiam, somando seu amor, Equipará-lo ao meu.
Pois na imagem da minha causa Vejo o reflexo da dele. Vou cortejar sua amizade. Porém, com franqueza, sua ostentação de dor Me deixou numa fúria incontrolável.
Serei o floreado do teu hábil florete, Laertes. Como uma estrela numa noite negra A tua perícia brilhará mais visível que nunca, Refletida na minha incompetência.
Você vive. Explica a mim e a minha causa fielmente Àqueles que duvidem.
É evidente que, se houvesse reinado, Seria um grande rei. Que a música marcial e os ritos guerreiros Falem alto por ele, Na sua partida.

