O livro do xadrez
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Kindle Notes & Highlights
Read between March 27 - March 28, 2024
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quanto mais limitado é o campo de interesse de uma pessoa, mais próxima ela está do infinito;
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e ainda assim esse jogo consegue, dentro de um quadrado limitado e inalterável, criar mestres incomparáveis, pessoas com um talento direcionado só para o xadrez, gênios específicos, nos quais visão, paciência e técnica são igual e exatamente distribuídas, como no caso de um matemático, um poeta, um músico, mas apenas numa outra disposição e combinação.
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uma pessoa em busca de triunfos na vida num mero vaivém, em movimentos para a frente e para trás de trinta e duas peças, para quem, no caso de uma nova abertura, avançar o cavalo em vez do peão significa uma proeza e a obtenção de um mísero pedaço de imortalidade numa nota de rodapé de algum livro técnico
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vivia como um mergulhador numa redoma no oceano negro desse silêncio, um mergulhador desconfiado de que o cabo que o liga ao mundo exterior estivesse rompido e de que ele jamais seria resgatado dessa profundidade silenciosa.
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ninguém pode descrever, medir, ilustrar, nem para si mesmo, quanto dura um tempo quando não há espaço nem tempo;
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o xadrez possui uma qualidade fantástica: ao concentrar a energia intelectual num campo estreitamente limitado, mesmo no caso do esforço mental mais fatigante ele não esgota o cérebro; antes, aguça sua agilidade e seu vigor.
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inconscientemente, aperfeiçoei no tabuleiro minha defesa contra falsas ameaças e truques disfarçados.
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o atrativo do xadrez baseia-se unicamente no fato de que sua estratégia se desenvolve em dois cérebros distintos,
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Tal pensamento duplo pressupõe na verdade uma completa divisão da consciência,
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no xadrez, portanto, querer jogar contra si mesmo é como querer pular sobre a própria sombra.
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a realidade do tabuleiro permite certo distanciamento, uma extraterritorialidade material.
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Essa atividade só fora tão saudável e tranquilizadora para meus nervos abalados porque na repetição de partidas alheias não era eu que jogava; para mim era indiferente se as pretas ou as brancas vencessem; afinal, eram Alekhine ou Bogoliubov que lutavam pelo título de campeão, e minha pessoa, minha razão, minha alma aproveitavam apenas como espectadoras, como especialistas, as peripécias e as belezas de cada partida.
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a ambição de ganhar, de vencer, de vencer a mim mesmo, tornou-se aos poucos uma espécie de cólera;
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Xadrez: imaginar, relembrar e enxergar saídas de um jogo e um mundo polarizados
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Esse texto é um legado de seu autor ao mundo que insiste em se repetir.
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Mesmo sem resposta, a pergunta evidencia a permeabilidade dessa narrativa imbuída de elementos pessoais e objetivos da realidade vivida ou conhecida pelo autor no período da escrita.
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A novela ilustra, assim, a violência da guerra, o fenômeno da polarização, da sede de destruição do outro, que pode levar inclusive à autodestruição.
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No caso de B., o xadrez surge como atividade criadora, possibilitando-lhe encenar no espaço imaginário aquilo que não lhe é permitido no real: movimentar-se quando está confinado, atacar e defender-se quando o sentimento e a condição de impotência lhe são impostos.
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Assim, o torturado dá vazão a uma violência que se volta contra ele mesmo na circunstância da cela, com palavras duras e xingamentos alucinados,
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São cortes profundos, talvez um reflexo da condição “mutilada” do exilado.
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A ambiguidade das duas personagens e seu deslocamento reativo podem ser lidos como um importante alerta da novela para um aspecto da condição humana e da própria narrativa histórica.