More on this book
Community
Kindle Notes & Highlights
— Andy? — chamei baixinho. — Por que você me perdoou depois de tudo que eu fiz? — Porque eu sei o quanto Lucca te machucou, e uma pessoa machucada fere as outras, mesmo sem querer —
Minhas opções gritaram em meu rosto. De onde eu vinha não tinha música tocando e danças antes do jantar, não tinha Andy, não tinha comemorações de natal. Tinha solidão. Silêncio.
Ele usava óculos. Meus hormônios entraram em ebulição dentro de mim.
Que tipo de pessoa pede para ser amada e não saber viver o amor?
— Até que um dia… — fez uma pausa dramática e eu fui incapaz de não sorrir enquanto ela pegou giz de cera e desenhou dois bonecos de palito meio tortos, uma com cabelos longos e outro com barba. — Mamãe e papai foram lá e olharam para Annie e Zola, e saberam que elas eram deles.
— O que é isso? — gritei desesperada, me agarrando ao seu moletom. — Não posso deixar minha esposa para trás — ele riu, voltando para sua corrida no mesmo ritmo de antes, como se não estivesse com sessenta quilos a mais em suas costas. — Ohana, nunca abandonar e etc. Temos um exemplo a dar, mulher!
Eu ainda não sabia o que fazer em relação à toda loucura que tinha se estabelecido em minha vida, mas percebi que tudo parecia igualmente mais fácil e mais difícil quando Theo estava ao meu lado.
Alguns pais não conseguem suportar bem a constatação que seus filhos — em especial, suas filhas — são seres independentes.
— Não sei o que está acontecendo, mas sei que alguma coisa está rolando. Você não precisa me dizer o que é, porque com certos monstros sei que temos que lidar sozinhos. Mas eu estou aqui. Sempre vou estar. Você é o lugar para onde eu sempre quero voltar, sempre quero estar. Meu lar. E eu sou o seu também. Estou aqui, Maeve, você sempre pode voltar para mim — afirmou devagar, cheio de intensidade, com as duas esmeraldas em seus olhos brilhando febris.
De repente, eu podia me ver como verdadeiramente mãe de Annie e Zola.
Um par de olhos verdes, piadas arqueológicas e sorriso fácil encheu minha mente, fazendo meu coração errar uma batida para a conclusão assustadora.
Era verdade. Pela primeira vez, eu estava sent...
This highlight has been truncated due to consecutive passage length restrictions.
— Como você pode ser cruel se a única pessoa com quem você é cruel é com você mesma?
— Não — limpou o resto das lágrimas do meu rosto, puxando meu queixo para cima. Um sorriso orgulhoso nasceu em seus lábios. — Cuidou delas mesmo quando precisava que alguém cuidasse de você, e agora eu estou aqui para isso. Por vocês três. E, pela primeira vez, eu acreditei que ele podia.
E eu sinto medo, caralho, como eu sinto medo. Toda vez que você se fecha e eu não consigo te encontrar...
— Theo, acho que eu estou apaixonada por você — sussurrei e ele riu, sem ter dimensão do que estava acontecendo. Do quão grandioso era para mim.
— A gente arrumou tudo, mamãe — Zola falou, lançando-se em direção as minhas pernas para abraçá-las. — Para você ficar feliz — Annie completou, se juntando a irmã ao abraço. — Porque a gente te ama.
Não existia outra Maeve. Não era uma realidade paralela, uma dobra no tempo em que eu tinha vivido uma vida perfeita. Era a vida normal. A Maeve por quem Theo se apaixonou, que acolheu as meninas era eu, uma versão que não estava cega pela dor e que se abriu para todo o amor que podia receber. Eu queria ser aquela pessoa e, mais que isso, eu podia ser.
Amar Theo era fácil.
— Acha que eles estavam destinados a ficarem juntos? — ergueu uma sobrancelha em minha direção e óculos de grau que ele usava para leitura escorregou suavemente pelo seu nariz. — Acho que eles se encontrariam de uma forma ou de outra — dei de ombros depois da minha teoria.
O amor era realmente mágico. Mais mágico do que assoprar uma vela enquanto se faz um pedido.
— É lindo! — eu murmurei, encantada, enquanto segurava a jaqueta de Theo ao redor dos meus ombros. — É lindo — concordou, mas seus olhos não estavam no céu estrelado como os meus, mas no meu rosto.
Minhas mãos em seus cabelos disseram por favor, me encontre em qualquer época, e as pontas dos meus dedos contra seu rosto disseram que você nunca saberá o quanto mudou minha vida. Meu lábio inferior sussurrou eu quero você enquanto roçava o lábio dele, e o superior implorou por favor.
“Nós vamos nos casar, vamos adotar as meninas, vou me reaproximar de Andy, ele vai conhecer Rocco, minha mãe vai me perdoar e se tornar uma ótima enfermeira”,
— O que teria acontecido se a gente nunca tivesse se encontrado? — sussurrei, incapaz de conter todo o medo que eu sentia. Mas, para minha surpresa, ele riu tranquilo. — Não se preocupe, Maeve — beijou minha testa —, eu teria te achado de qualquer maneira.
Depois que se conhece o amor, a solidão é ainda mais dolorosa.
Agora podia entender o que ele tinha dito. Lar, alguém para quem eu sempre quero voltar. Ali, nos braços de Theo, eu me sentia em casa.
— Deus sabe quando eu teria coragem de falar com você de novo. Se um dia teria. E agora você está aqui, sozinha e costurada no banco de um hospital, e isso é extremamente inapropriado. — Tomou uma respiração profunda. — Não estou insinuando que isso é um encontro, mas você gostaria de tomar um café aqui comigo, enquanto olhamos essa menininha indefesa dormir e esperamos a irmãzinha dela?

