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Sofria de medo, uma doença dramática em quem tem imaginação. Com os primeiros passos, medo das quinas. Com as brisas, medo da febre. Com o sol, medo da desidratação. Com a comida, medo dos vômitos. Com o amor, medo da perda. Com a liberdade, medo das escolhas.
Porque não aceitava que ficasse de fora daquela lente o homem trabalhador, dedicado à família, que estava sempre em casa, desejando a mulher com quem se casara. Era assim que ele mais se reconhecia. Por que resumi-lo em duas palavras: bêbado insuportável?
Há verdades íntimas demais para serem aceitas em público. Todos sabem. Todos fingem não saber.
Ficou porque estava presa à inabalável convicção de poder penetrar na rocha! Talvez no miolo da rocha houvesse uma carne terna. E ela queria essa ternura mais do que tudo.
E uma mulher não deve se enganar quanto a isso: se é preciso força para tocar no amor de um homem, melhor deixá-lo. Mil vezes: melhor deixá-lo.
Mas quando se quer um pouco de afeto, qualquer migalha é afeto. E pensar em razões mais razoáveis só atrapalha.
Quem testemunhou a cena se compadeceu com o desespero da única filha mulher, parecia uma dor de perda. Mas era uma dor de nunca. Queria ter amado o pai.
pobre não deita quando sofre
cachaça misturada com mágoa, meu filho, mata muito mais, muito mais.

