Véspera
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Read between July 22 - August 16, 2024
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Não há consolo em dizer que o que nos acontece, nos acontece. Parte fazemos, parte nos fazem. Às vezes, é preciso ir longe para chegar vindo de trás e alcançar a véspera da véspera da véspera do acontecimento. O momento preciso em que tomamos ou somos tomados por uma direção e um belo dia… ou um triste dia, somos o que somos. Vamos ao começo.
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E uma mulher não deve se enganar quanto a isso: se é preciso força para tocar no amor de um homem, melhor deixá-lo. Mil vezes: melhor deixá-lo.
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Um paraíso não é suficiente contra determinados infernos. É verdade que algum alívio os banhos demorados trazem, mas logo tudo se resseca, ressente, repuxa. Quando há uma ferida aberta, nem os dias ensolarados melhoram as coisas. Nem o mar. E até a brisa, musa da delicadeza, machuca.
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Sofrer em paz é o mínimo que se espera merecer.
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Aprende-se, e muitos o fazem de forma desastrosa, que gostar é tornar-se vulnerável.
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O artesanato é arte sem tormento. Requer habilidade, bom gosto, por vezes virtuosismo, mas não se mete a problematizar o mundo.
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A consciência definitivamente não é um amanhecer. É luz elétrica encanada até um interruptor. Passa-se do escuro ao claro, sem nuances. É como olhar, distraído, para a parede de um cômodo que se visita diariamente e ver, com assombro, em estado adiantado, uma infiltração que não se viu começar, nem crescer. Mas que está lá num tamanho considerável. Ontem não estava, hoje está. A consciência é a posse das evidências num gole.
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Pode parecer uma contradição, mas até a desorientação precisa de tempo para se estabelecer.
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O primeiro amor é uma luta insegura. E se não passar de um delírio? Invenção de uma mente imersa em hormônios? Com que cara a vida continua?
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O mar é esse plano-fronteira entre o voo e o mergulho. Entre o revelado e o oculto. Entre a coragem e o medo. Um plano espetacular!
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O Rio, senhores, é o altar da geometria divina.
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O silêncio desceu sobre todas as coisas da casa, e o silêncio dos mortos grita. Grita o chinelo, ao lado da cama, a falta que faz caminhar, grita a xícara lascada e estimada subitamente indefesa sem ter mais quem a proteja, gritam os cadernos… Ah, a letra inequívoca e as páginas em branco, como gritam. Gritam todos os objetos abandonados das mãos conhecidas e do hálito profundo e particular: o cheiro de cada um.
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Gritam as promessas feitas antes do silêncio… Resta ouvir os gritos até que a voz dos vivos retome seu volume dominante. É lento.