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Tom assentiu, mas se perguntou como um nervo poderia cair; pela gravidade, decerto.
Murchison estava ligeiramente enganado: eles eram falsos também.
Se conseguisse dar um jeito de atrair Murchison até sua casa antes de o americano falar com o especialista que havia mencionado, talvez algo pudesse ser feito sobre a situação. Tom só não sabia o quê.
A mata virgem não era um bom lugar para uma conversa que precisava chegar num ponto preciso, pensou Tom. Ou será que ela precisava se expandir até virar uma imensa nuvem cinza?
Por algum motivo, Tom não estava com disposição para nada que tivesse osso.
— Deixe que do vinho cuido eu.
E a naïveté de Tom na época era algo que agora o deixava constrangido. As coisas que ele tivera de aprender! E depois... bem, Tom Ripley tinha ficado na Europa. Tinha aprendido um pouco. Afinal, tinha um pouco de dinheiro, de Dickie, as moças o apreciavam razoavelmente, e na verdade ele chegara a se sentir um pouco disputado.
Ficou fascinado com a luz das velas refletida nas íris de seus olhos azuis, pois com frequência os olhos de Dickie ficavam assim tarde da noite em Mongibello, ou em algum restaurante à luz de velas de Nápoles.
Então vc fica pensando em jantares à luz de velas com seu ex quando olha nos olhos do primo dele? Ok girl
Na volta para casa, Chris começou a rir e disse: — Hoje de manhã eu encontrei o que parecia uma cova recente. Recente mesmo. Achei engraçado por causa da polícia hoje de manhã. Eles estão procurando um homem desaparecido que esteve na sua casa, e se vissem esse formato de cova na mata... — Ele continuou a gargalhar.
Em cima da escrivaninha havia uma ou duas folhas de papel cobertas com a caligrafia de Bernard em tinta preta, mas Tom teve a sensação de que ele não estava escrevendo uma carta.
— Não é longe. O problema é esse! — disse Tom, subitamente achando uma graça doida.
Quer dizer que ele é do tipo suicida? — perguntou Webster. — Ah, não! Ele tem altos e baixos. Perfeitamente normal. Quero dizer, normal para um pintor.
Tom às vezes se sentia esquisito ao fazer amor com ela, pois durante metade do tempo se sentia desconectado, como se estivesse obtendo prazer de algo inanimado, irreal, de um corpo sem identidade.
Tom sabia que Heloise não estava tão decepcionada quanto seu tom de voz dava a entender. Ela gostava de fazer coisas um pouco dissimuladas, de guardar segredos quando não era preciso fazê-lo. As histórias que havia contado a Tom sobre suas intrigas adolescentes com as colegas de escola, e os colegas também, para escapar à vigilância dos pais eram dignas das invenções de Cocteau.
É fácil de lembrar porque é a verdade.
— O que é verdade e o que não é?
— É estranho, o senhor entende, três homens desaparecerem ou morrerem à sua volta: Murchison, Derwatt e Bernard Tufts. Richard Greenleaf também desapareceu... seu corpo nunca foi encontrado, acho eu. E qual era o nome do amigo dele? Fred? Freddie não sei de quê?

