Gente Ansiosa

by Fredrik Backman

Às vezes dói, dói muito, por nenhuma outra razão além do fato de que nossa pele não parece ser nossa.

No final da sua carreira, você está tentando encontrar um sentido para tudo. No começo, está procurando um propósito.

É muito difícil encontrar as palavras certas quando tudo o que realmente se quer dizer é: “Posso ver que você está sofrendo.”

Eis aí algo impossível de os filhos entenderem, e uma fonte de vergonha que os pais evitam admitir: que não queremos que nossos filhos realizem seus próprios sonhos ou sigam nossos passos. Queremos seguir os passos deles enquanto eles realizam os nossos sonhos.

Damos apelidos àqueles que amamos, porque o amor requer uma palavra que pertence somente a nós.

— A gente não se apaixona por um gênero, Anna-Lena. A gente se apaixona por idiotas.

Quando você é criança, deseja ser adulto e decidir tudo por si mesmo, mas quando vira adulto percebe que essa é a pior parte. Que você tem que ter opiniões o tempo todo, tem que decidir em qual partido votar e qual papel de parede você gosta e quais são suas preferências sexuais e qual sabor de iogurte reflete melhor sua personalidade. Você tem que fazer escolhas e ser escolhido pelos outros, a cada segundo, o tempo todo.

Eu não acho que você esteja deprimida. Eu acho que você está solitária.

Precisamos escutar um ao outro o tempo todo. Mas não todo o tempo. Se nos escutarmos todo o tempo, há o risco de não conseguirmos nos perdoar depois.

Só me preocupo que meu filho não seja feliz. Que ele herde toda a minha ansiedade e incerteza.

Esse é o poder da literatura, sabe, ela pode funcionar como pequenas cartas de amor entre pessoas que só podem explicar seus sentimentos apontando para os de outras pessoas.