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Ele os seguira de propósito até a cidade, assumira o transtorno e a vergonha da busca, em que precisara fazer súplicas a uma mulher que, com certeza, ele abominava e desprezava, e fora obrigado a encontrar — visitar com frequência, argumentar, persuadir e enfim subornar — o homem que sempre desejara evitar, e cujo mero nome lhe era uma punição pronunciar. Ele fizera tudo isso por uma moça que não prezava nem estimava. O coração de Elizabeth sussurrou que Darcy fizera isso por ela.
Era doloroso, excessivamente doloroso, saber que deviam tanto a uma pessoa a quem jamais poderiam retribuir. Deviam-lhe o restabelecimento de Lydia, da reputação dela, tudo. Ah! Como amargava cada sentimento descortês que nele causou, e cada discurso impertinente que já lhe dirigira. Sentia-se comovida, mas tinha orgulho dele. Estava orgulhosa porque, em uma causa de compaixão e honra, ele conseguira dar o melhor de si.
costumeira satisfação de pregar paciência para quem sofre me é negada,
Elizabeth não estava com humor para conversar com ninguém além dele, e a ele não tinha coragem de se dirigir.
O maior desejo do meu coração é não ficar mais na companhia deles, disse a si mesma. O convívio com eles não traz nenhum prazer capaz de expiar esse tormento! Que eu nunca mais veja nenhum dos dois!
Que homem mais irritante! Não vou mais pensar nele.
— Você é muito cruel — disse a irmã. — Não me deixa sorrir, mas fica me dando motivos o tempo inteiro.
Todos nós amamos instruir, mas só podemos ensinar o que não vale a pena saber. Perdoe-me e, se você persiste em atestar indiferença, não torne a mim sua confidente.
— Se você me desse quarenta homens assim, eu nunca conseguiria ser tão feliz quanto você. Até eu ter seu temperamento, sua bondade, nunca poderei ter sua felicidade.
— Se vai me agradecer, que seja somente por si mesma — ele respondeu. — Que o desejo de lhe dar alegria pode ter dado força aos meus demais estímulos para interferir na questão, não tentarei negar. Mas sua família não me deve nada. Por mais que eu os respeite, acredito que só pensei na senhorita.
O senhor precisa aprender um pouco da minha filosofia: só pense nas lembranças passadas que lhe dão prazer.
As suas retrospecções devem ser tão irrepreensíveis, que o contentamento oriundo delas não advém de uma filosofia, mas de algo melhor: ignorância.
Enquanto criança, ensinaram-me o que era certo, mas não me ensinaram a corrigir meu temperamento. Deram-me bons princípios, mas me deixaram segui-los com orgulho e vaidade.
Infelizmente, um único filho do sexo masculino (e, por muitos anos, filho único), fui mimado por meus pais, que, embora fossem bons (meu pai, em especial, era tudo o que há de mais benevolente e amável), permitiram, encorajaram, quase me ensinaram a ser egoísta e arrogante, a não me importar com ninguém fora do meu círculo familiar, a ter uma opinião ruim acerca do resto do mundo, a desejar ao menos ter uma opinião negativa do juízo e do valor das outras pessoas, se os comparasse aos meus. Assim eu era, dos oito aos vinte e oito, e assim eu poderia ainda ser, se não fosse pela senhorita,
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Conheço seu temperamento, Lizzy. Sei que você não poderá ser feliz nem respeitável a menos que realmente estime seu marido, a menos que o veja como um homem superior. Seus atributos a colocariam em grande perigo em um casamento desigual.
Se é esse o caso, ele a merece. Eu não conseguiria perder você, minha Lizzy, para ninguém menos digno.
Se algum jovem vier pedir a mão de Mary ou de Kitty, mande-o entrar, pois estou com tempo livre.
— Não consigo precisar a hora ou o local, ou o olhar, ou as palavras, que foram a base do sentimento. Faz muito tempo. Quando percebi que havia começado, já estava no meio do caminho.
— Você poderia ter falado mais comigo quando veio jantar. — Um homem que tivesse menos sentimentos poderia.
Console lady Catherine o melhor que puder. Mas, se eu fosse você, ficaria do lado do sobrinho; ele tem mais a oferecer.
Na imaginação, ela é da mais alta importância; em termos práticos, é completamente insignificante. Atravessa a poesia de uma ponta à outra; por pouco está ausente da história. Domina a vida de reis e conquistadores na ficção; na vida real, era escrava de qualquer rapazola cujos pais lhe enfiassem uma aliança no dedo. Algumas das mais inspiradas palavras, alguns dos mais profundos pensamentos saem-lhe dos lábios na literatura; na vida real, mal sabia ler e escrever e era propriedade do marido. 1
Jane Austen inicia Orgulho e preconceito com uma frase que se tornou clássica: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de uma boa fortuna deve estar à procura de uma esposa”. Apesar de amplamente conhecido como uma história de amor, uma espécie de “romance romântico”, este livro trata, basicamente, de dinheiro, racionalidade e virtude moral em uma sociedade em transformação.
— Ninguém pode ser considerada verdadeiramente talentosa se não excede os parâmetros encontrados normalmente. Uma mulher deve ter um conhecimento profundo de música, canto, desenho, dança e línguas modernas, para merecer essa palavra, e, além de tudo isso, possuir alguma coisa em sua apresentação e maneira de andar, no tom de voz, no modo de se dirigir a alguém e de se expressar, ou a palavra não será inteiramente merecida. — Deve possuir tudo isso — acrescentou Darcy — e a esse conjunto deve somar algo mais substancial, aperfeiçoando sua mente com extensiva leitura. — Não estou mais surpresa
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