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O amor tem nome, mas não é nada que a gente possa reconhecer só de olhar. A dor a gente sabe o que é, tem lugar e intensidades que cabem na ciência.
Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro.
Quem dá muito espera muito em troca.
A gente vai continuar vivendo um com o outro, porque é mais fácil não mudar as coisas. Estamos atolados no tédio.
Se Deus sabe o que faz, e sempre faz o que quer, para que servem a prece e o fervor de quem suplica?
Nenhuma folha cai sem que Deus permita, Ele sabe para que serve a minha dor.
Queria com sede suas lágrimas, queria chorar todo o seu sangue. Virar poça.
Sofria a insuportável saudade de ter um pai que nunca teve.
Presos no desamor, viviam acorrentados como quem ama.
Crescer nunca foi fácil, tem hora que o amor pode doer mais do que a dor. De dente, inclusive.
Um dia feliz tem mais poder que a tristeza de uma vida inteira.
O amor não é incondicional coisa nenhuma, tem suas fragilidades de matéria orgânica. Estraga, esgarça, rasga, inflama, acaba. E como acaba. É feito gente, depende do que vive.
Não há quem convença um apaixonado com a dor alheia. Nem a própria dor pode salvá-lo.
Beleza de choro, pensou com ela, que bom que escorreu, quem segura essas águas morre afogado, arrebentado por dentro.
Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.
Do lado dela gostou de ser ele. Viciou.
ninguém precisa ajudar ninguém a sofrer. O sofrimento vem sozinho, tem pernas, mais cedo ou mais tarde ele aparece;
gente tem de buscar é a alegria, essa se esconde delicada na correria dos dias, não se oferece de pronto, quer ser encontrada, surpreendida, amada.
talvez procurasse antecipar a morte maltratando a vida.
Dalva poderia tantas coisas se pudesse. Mas só pôde o que fez.
O corpo estava lá, sozinho, vazio de tudo que ela tinha sido.
Desistir de Deus é muita solidão.
algumas criaram Deus em vez de terem sido criadas por Ele.
Deus não é um lugar de certeza, é só um pouco de esperança.
vejo as mãos Dele acariciar tantos lugares, desembrutecer tantas coisas.
Deus não existe para fazer nossas vontades, nem para vigiar cada gesto nosso, ficar contando pecados, exigindo coisas que não podemos dar.
Pedir a Deus para não sofrer é como pedir para voar. Mas a gente pede assim mesmo e depois fica com raiva do pobre coitado.
O sofrimento é certo como a morte e tão inegociável quanto.
Morro um pouco com isso de não poder saber de verdade do seu sofrimento.
peço a Deus com fervor é para dar conta. Pede também, filha. Pede para dar conta.
O lugar que dói é o mesmo que sente arrepios. É no corpo, no amor e na liberdade de escolher as coisas que a gente fica inteiro ou despedaçado.
pede para a parte boa dar conta da parte ruim.
Deus é mãe, sofre também de impotências, mas está sempre lá, pronto para virar as noites acordado e não deixar a gente sozinho.
A gente não escolhe sentir ciúme, ele sobe como um vapor, vem à tona, mas a gente não pode deixar ele mandar, dar ordens, cegar para o que é certo e para o que é errado.
perdão não muda o passado, nunca se esqueça disso, meu filho. O passado é eterno.
O amor é alegre, Venâncio, se não é alegre, não é amor.
morte põe um olho no passado e outro no futuro e deixa a gente cego na hora, no encontro do que foi e do que será, na tortura do que poderia ter sido.
A morte é vida intensa demais para quem fica.
Uma guilhotina afiada corta as nossas mãos, e todas as rédeas escapam. É o que pensamos ter acontecido, até que a gente se dá conta de que nunca houve rédeas.
Ninguém monta na vida. Brincamos de escolher, brincamos de poder conduzir o destino.
Começava a se despedir de seu casulo cinza. Suas asas já tinham cor e forma e rompiam a casca que acolheu por anos a sua morte se engravidando de uma nova vida. Ainda não era, mas seria uma borboleta.
Tudo passa, você vai ver, tudo passa. Ela tinha razão. A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor.
Agora, precisava desaprender aquele ódio no corpo, não dependia mais só de um pensamento justo. Dependia de novas células, de trocar o próprio tecido, precisava de tempo.
Os bebês nascem sabendo seduzir, são competentes sem esforço nenhum.
Todos esses anos, era a tristeza que morava com eles. Não contente em ocupar a casa, entrou em sua corrente sanguínea e contaminou todos os seus rios.
Como a indiferença é serena!,