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E a vida, como metáfora de um rio, tudo traz, tudo leva, tudo lava.
Menos o amor. O amor é uma verdade à prova do tempo.
Ela me perguntou o quanto eu a amava. Reuni em vidro todos os humores vertidos: sangue, sêmen, lágrimas. Amo você tantos rios.
Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar,
gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
Perder amores é escurecer por dentro, uma memória do corpo que o entardecer evoca quando tinge o céu de vermelho.
felicidade em demasia é dívida que não se pode pagar. A conta viria.
O amor não é incondicional coisa nenhuma, tem suas fragilidades de matéria orgânica. Estraga, esgarça, rasga, inflama, acaba. E como acaba. É feito gente, depende do que vive.
Não se iluda, o ciúme pode destruir qualquer amor. Dá muito trabalho não deixar ele devorar a alegria de ficar junto.
O que mais existe no mundo são pessoas que nunca vão se conhecer. Nasceram
em um lugar distante, e o acaso não fará com que se cruzem.
É preciso uma coincidência qualquer para que o amor se instale. Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.
a dor vicia enquanto mantém a gente vivo.
Desistir de Deus é muita solidão.

