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Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
Luã Bittencourt liked this
Não tem juízo que interrompa quem adoece de saudade.
Falam tanto sobre a vida de casado. De como ela acaba com o amor, de como se tornam distantes os que vivem ao alcance das mãos. Afirmam que é destino da intimidade abrir passagem para a indelicadeza, que a disponibilidade afasta o desejo e a convivência mina o afeto, como se essas fossem leis imutáveis. São fartos os exemplos dos que vivem juntos apenas se tolerando, dos que se destroem com o empenho com que se beijavam.
e a gente vai assim tomando distância e diminuindo distância. Caminhando.
Por um triz o paralelo nos obriga ao desencontro eterno. É preciso uma coincidência qualquer para que o amor se instale. Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.
O pior de nós tem seus encantos. Somos feitos do bom e do ruim em porções imprevisíveis.
Dalva poderia tantas coisas se pudesse. Mas só pôde o que fez. Quem vê de fora faz arranjos melhores, mas é dentro, bem no lugar que a gente não vê, que o não dar conta ocupa tudo.
A gente passa a vida pelejando com o dilema de existir ou desistir, com o que é bom e o que é ruim, o certo e o errado, a morte e a vida. Essas coisas não se separam. O lugar que dói é o mesmo que sente arrepios. É no corpo, no amor e na liberdade de escolher as coisas que a gente fica inteiro ou despedaçado. Então, pede para a parte boa dar conta da parte ruim.
Na vida, o mal resolvido sempre tromba na gente, ninguém escapa das tangentes.
Culpou seu José não pelo que ele, Venâncio, tinha feito, mas pelo que ele era. Por não ter escapado do que viveu, não ter se transformado em outra coisa.
liberdade é uma conversa fiada, é palavra de efeito, sempre no meio de uma frase para impressionar os desatentos, no fundo estamos presos à incapacidade de ser outra coisa diferente do que somos, do que a história da gente tramou.
Tinha uma bondade que gente que estuda muito não é capaz de ter. Como se saber demais afastasse a gente do risco de ser bom. Ou da tolice, do desaforo, da pieguice de ter um coração generoso e grande.
A maior maldade de todos os tempos, a mais cruel, foi inventar que o sofrimento está para o bem assim como o prazer está para o mal.
A falta de ar, de sol e principalmente de movimento tem o poder de estragar as coisas e faz sem dó o mesmo com a gente.
Até então, não sabia que o mundo tinha cantos, só dava notícias do centro, seu lugar preferido.
Ele inteiro precisou de mais tempo para se dar conta. A verdade se conhece aos poucos.