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Estava condenado ao inferno de não ter perdão.
Mas, se a bondade condenava sincera de um lado, a maldade acolhia o espetáculo.
Mas só pôde o que fez. Quem vê de fora faz arranjos melhores, mas é dentro, bem no lugar que a gente não vê, que o não dar conta ocupa tudo.
a dor vicia enquanto mantém a gente vivo.
desorientou toda a família no corre-corre de acudir.
Mas nem nessas horas mais sagradas o imprevisível se inibe.
os corpos encaixados, os braços envolvendo Dalva num agasalho de mãe. Horas eternas. A pele quente das mãos entrelaçadas, soprando um pouco de alívio na carne viva.
Se bastavam.
Deus não é de pensar, é de sentir. É um colo de braços fortes e delicados, ninando a gente num mar furioso, esquenta seu coração nesse colo, respira com Ele. Deus não é um lugar de certeza, é só um pouco de esperança.
A gente passa a vida pelejando com o dilema de existir ou desistir, com o que é bom e o que é ruim, o certo e o errado, a morte e a vida. Essas coisas não se separam.
Quero lavar seus pés com água morna, oferecer a alegria de uma comida boa, uma cama macia, carinhos até você adormecer.
Deus é mãe, sofre também de impotências, mas está sempre lá, pronto para virar as noites acordado e não deixar a gente sozinho.
Era a poesia no corpo.
Tudo no leito do previsível, é lá que o caminho está, é lá que a água vira rio.
As bobagens, os pequenos atritos, os erros aceitáveis não precisam tanto de perdão, basta uma boa vontade, um pouco de amor e tempo, e tudo se dissolve.
O passado é eterno.
Uma certa ignorância é o sal da bondade, ajuda a não levar a própria impotência a sério demais.
Tirava da mágica do pão seu exemplo de esperança: a massa crua que ninguém suporta comer vira um pão quente que todo mundo quer, basta um pouco de calor.
A morte põe um olho no passado e outro no futuro e deixa a gente cego na hora, no encontro do que foi e do que será, na tortura do que poderia ter sido. Impõe o desespero do definitivo, trava os movimentos.
A morte é vida intensa demais para quem fica.
Como a morte podia mudar tudo tão sem cerimônia?
A maior maldade de todos os tempos, a mais cruel, foi inventar que o sofrimento está para o bem assim como o prazer está para o mal.
A falta de ar, de sol e principalmente de movimento tem o poder de estragar as coisas e faz sem dó o mesmo com a gente.
Ninguém monta na vida.
Brincamos de escolher, brincamos de poder conduzir o destino.
Tinha suas crenças, suas contradições
suspeitou que a ilusão tinha jogado sua rede invisível, Lucy sonhou com o amor e acordou no meio do pesadelo.
Mas a claridade que acorda tudo não demorou a agir.
mesmo não existindo nome para o que sentia, mesmo reconhecendo confusa as estrias do ciúme, da dor e da saudade, sentiu uma paz lenta ocupar cada pedacinho dela.
A dor tem memória.
Nem uma fofoqueira desocupada soprou a novidade.
João era ele nascendo de novo, um recomeço, um vapor de esperança.
Vez ou outra uma fralda amanhecia ao sol, esquecida, como uma bandeira branca ao vento, acenando uma paz qualquer entre eles.
com aquela presença densa de quem ainda não sabe escapar com os pensamentos, uma sabedoria que a gente vai perdendo com o tempo.
Descansar do desamor.
organizar. Demora alguns segundos emergir de uma tragédia, é prudente desconfiar dos milagres.
A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor.
Tinha medo, queria proteger Vicente do desamor que mantinha Venâncio e ela juntos.
Os bebês nascem sabendo seduzir, são competentes sem esforço nenhum.
O dia começava a dividir o céu com a noite,
um amanhecer qualquer que limpe nossas águas e nos devolva a liberdade, lugar onde a alegria encontra espaço para existir.
A verdade se conhece aos poucos.
o próximo passo trazia a possibilidade dos abismos.
por esse amor onde quero me demorar.