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Kindle Notes & Highlights
Se eu um dia for ler essas coisas que estou escrevendo, quero que no buraco negro da noite eu encontre milhares de fogos de artifício mudos mas acompanhados pelos estilhaços de milhares de cristais cantantes. É esta a noite escura que quero um dia encontrar fora de mim e de dentro.
quando leio uma coisa que não entendo sinto uma vertigem doce e abismal.
“Então por que a prisão”? “Porque a liberdade ofende”.
Obcecado pelo desejo de ser feliz eu perdi minha vida.
Movi-me com uma tensão de arco e flecha numa irrealidade de desejos.
O prazer eu o conseguiria se me abstivesse de pensar.
Eu prescindo da realidade porque posso ter tudo através do pensamento.
Apenas me responsabilizo pelo que há de voluntário
eu que aspiro à grande desordem dos desejos vis e as trevas que me possuem no orgasmo apocalíptico de meu existir.
senti como alimento no gosto da boca o sabor do Tudo.
cotidiano mata muitas vezes a transcendência. A realidade é fragmentária.
Eu fui convidado para assistir um parto mas não tenho força de assistir o dramático nascimento da aurora nas montanhas quando o sol é de fogo.
essa dor a que de vez em quando devemos obedecer para continuar a viver como um bom burguês.
às nossas perguntas Deus responde com pergunta maior e assim nos alargamos em espasmos para uma criança em nós nascer.
Refugiei-me na doideira porque a razão não me bastava. Eu espero o que está acontecendo. Este é meu único futuro e passado.
Não servir de nada é a liberdade. Ter um sentido seria nos amesquinhar, nós somos gratuitamente apenas pelo prazer de ser.
Eu te escrevo para que além da superfície íntima em que vivemos conheças o meu prolongado uivo de lobo nas montanhas.
Para nunca morrer, Ângela prefere não existir. Estou criando o que só morre por esquecimento.
Caminhamos para um vórtice – irremediavelmente.
Eu estou amanhecendo. O resto é a implícita tragédia do homem