A disposição de Knut Hamsun para escrever o obituário de Adolf Hitler, com a frase mais terrível de toda a literatura norueguesa, por mais inimitável que seja, nos deixa cabisbaixos, e a disposição de Peter Handke, talvez um dos três melhores autores vivos no mundo, se não o melhor, para fazer um discurso no enterro de Milošević, e para assim desqualificar-se de uma vez por todas de tudo aquilo que se entende por maioria cultural, são duas expressões inconfundíveis da contradição inata entre o eu único e o nós social, ou seja, da moral que a literatura abriga.