A Paixão Segundo G.H.
Rate it:
Read between June 3 - June 15, 2025
2%
Flag icon
Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi.
3%
Flag icon
Estou desorganizada porque perdi o que não precisava?
4%
Flag icon
E – e se a realidade é mesmo que nada existiu?! quem sabe nada me aconteceu? Só posso compreender o que me acontece mas só acontece o que eu compreendo – que sei do resto? o resto não existiu. Quem sabe nada existiu! Quem sabe me aconteceu apenas uma lenta e grande dissolução?
6%
Flag icon
Ir para o sono se parece tanto com o modo como agora tenho de ir para a minha liberdade. Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada.
7%
Flag icon
Não estou à altura de imaginar uma pessoa inteira porque não sou uma pessoa inteira.
8%
Flag icon
O relato de outros viajantes poucos fatos me oferecem a respeito da viagem: todas as informações são terrivelmente incompletas.
8%
Flag icon
Quero saber o que mais, ao perder, eu ganhei. Por enquanto não sei: só ao me reviver é que vou viver.
9%
Flag icon
a glória dura de estar viva é o horror.
10%
Flag icon
Sou agradável, tenho amizades sinceras, e ter consciência disso faz com que eu tenha por mim uma amizade aprazível, o que nunca excluiu um certo sentimento irônico por mim mesma, embora sem perseguições.
13%
Flag icon
não precisava do clímax ou da revolução ou de mais do que o pré-amor, que é tão mais feliz que amor.
13%
Flag icon
Como eu, o apartamento tem penumbras e luzes úmidas, nada aqui é brusco: um aposento precede e promete o outro.
15%
Flag icon
Na semana anterior eu me divertira demais, frequentara demais, tivera por demais de tudo o que quisera, e desejava agora aquele dia exatamente como ele se prometia: pesado e bom e vazio.
16%
Flag icon
tirar o telefone do gancho
18%
Flag icon
Tratava-se agora de um aposento todo limpo e vibrante como num hospital de loucos onde se retiram os objetos perigosos.
30%
Flag icon
A vida, meu amor, é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz.
32%
Flag icon
sou cada pedaço infernal de mim
33%
Flag icon
Perdão é um atributo da matéria viva.
40%
Flag icon
Pois a atualidade não tem esperança, e a atualidade não tem futuro: o futuro será exatamente de novo uma atualidade.
44%
Flag icon
beijar teu rosto era insosso e ocupado trabalho paciente de amor, era mulher tecendo um homem, assim como me havias tecido, neutro artesanato de vida.
49%
Flag icon
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir –
49%
Flag icon
identidade me é proibida mas meu amor é tão grande que não resistirei à minha vontade de entrar no tecido misterioso, nesse plasma de onde talvez eu nunca mais possa sair.
51%
Flag icon
É horrivelmente insípido, meu amor.
57%
Flag icon
na noite a ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é um meio de transporte.
Mari Cestari
cabeça vazia oficina do diabo in Clarice Lispector Language
57%
Flag icon
Foi preciso a barata me doer tanto como se me arrancassem as unhas – e então não suportei mais a tortura e confessei, e estou delatando.
58%
Flag icon
nós sempre disfarçávamos o que sabíamos: que viver é sempre questão de vida e morte, daí a solenidade.
59%
Flag icon
de que as coisas todas se passam acima ou abaixo da
66%
Flag icon
Pois preciso saber exatamente isto: estou sentindo o que estou sentindo, ou estou sentindo o que eu queria sentir? ou estou sentindo o que precisaria sentir?
67%
Flag icon
É que no neutro do amor está uma alegria contínua, como um barulho de folhas ao vento.
73%
Flag icon
A esperança é um filho ainda não nascido, só prometido, e isso machuca.
75%
Flag icon
A flor não foi feita para ser olhada por nós nem para que sintamos o seu cheiro, e nós a olhamos e cheiramos.
85%
Flag icon
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.