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Entende, morrer eu sabia de antemão e morrer ainda não me exigia. Mas o que eu nunca havia experimentado era o choque com o momento chamado “já”. Hoje me exige hoje mesmo. Nunca antes soubera que a hora de viver também não tem palavra. A hora de viver, meu amor, estava
sendo tão já que eu encostava a boca na matéria da vida. A hora de viver é um ininterrupto lento rangido de portas que se abrem continuamente de par em par. Dois portões se abriam e nunca tinham
parado de se abrir. Mas abriam-se continuamente para – para o nada? A hora de viver é tão infernalmente inexpressiva que é o nada. Aquilo que eu chamava de “nada” era no entanto tão colado a mim que me era... eu? e portanto se tornava invisível como eu me era invisível, e tornava-se o nada. As portas como se...
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Agora é o tempo inchado até os limites. Onze horas não têm profundidade.
Pois a atualidade não tem esperança, e a atualidade não tem futuro: o futuro será exatamente de novo uma atualidade.
por eu ter mergulhado no abismo é que estou começando a amar o abismo de que sou feita.
Não é para nós que o leite da vaca brota, mas nós o bebemos. A flor não foi feita para ser olhada por nós nem para que sintamos o seu cheiro, e nós a olhamos e cheiramos.
Quanto mais precisarmos, mais Deus existe. Quanto mais pudermos, mais Deus teremos.
Era como se eu me organizasse dentro do fato de ter dor de estômago porque, se eu não a tivesse mais, também perderia a maravilhosa esperança de me livrar um dia da dor de estômago:
minha vida antiga me era necessária porque era exatamente o seu mal que me fazia usufruir da imaginação de uma esperança que, sem essa vida que eu levava, eu não conheceria.
Falar com o Deus é o que de mais mudo existe.
estou viciada pelo condimento da palavra.
Só que ainda preciso tomar cuidado para não fazer disto mais do que isto, pois senão já não será mais isto.
viver me tira o sono.
eis que tudo o que não tenho é que é meu.
Era quase nada, mas eu conseguia perceber o ínfimo movimento de minha timidez.
Eu, que havia vivido do meio do caminho, dera enfim o primeiro passo de seu começo.
Por não ser, eu era. Até o fim daquilo que eu não era, eu era. O que não sou eu, eu sou.