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Kindle Notes & Highlights
dúvidas. Enquanto estivermos procurando no outro a resposta para problemas pessoais, podemos até encontrar algumas soluções, mas não seremos capazes de sustentá-las. Lembre-se: é sempre sobre o adulto.
dúvidas. Enquanto estivermos procurando no outro a resposta para problemas pessoais, podemos até encontrar algumas soluções, mas não seremos capazes de sustentá-las. Lembre-se: é sempre sobre o adulto.
A criança que estará sendo cuidada, amparada, observada, amada ao longo destas linhas será a sua criança interior. É a criança de dentro que precisa ser impactada, e não a que está na sua frente, seu filho ou sua filha.
A criança que estará sendo cuidada, amparada, observada, amada ao longo destas linhas será a sua criança interior. É a criança de dentro que precisa ser impactada, e não a que está na sua frente, seu filho ou sua filha.
Crianças reclamam. Reclamam após um dia incrível na piscina com os amigos. Reclamam depois de uma festa de aniversário sensacional, reclamam quando viajam para os lugares mais fantásticos e quase antirreclamação, como a Disney. Reclamam quando estão cansadas, com fome, com sono. Se estão entediadas, se estão agitadas. E sabe como os adultos reagem? Exatamente como as crianças, reclamando de volta. Nos magoamos e nos ressentimos pelo não reconhecimento do nosso esforço, seja físico, emocional ou financeiro.
A maneira como lidamos com nossos erros ou com os processos de aprendizagem via de regra estão intimamente ligados com a infância. Como é possível aceitar a falha, se no passado ela te levava direto para um castigo? Se nos pesadelos infantis, o erro colocava em risco o amor dos seus pais? Se no passado o erro representava castigo, errar na vida adulta se torna um ato de rebeldia, que ninguém sabe muito bem quais serão as consequências. Ou seja, é melhor não arriscar e se manter na zona de conforto.
Não podemos deixar que nossos medos e ausências se coloquem na frente dos nossos pequenos, e o modelo que silencia o sentir dessa criança é justamente isso.
Quando a culpa aparece, ela traz um sinal, um lembrete de que estamos fazendo algo que não gostaríamos de estar fazendo, é um alerta para que a gente mude a rota. Mas a culpa não define quem somos. Aliás, nossos comportamentos não definem isso; nossos valores, sim.
acompanhar um indivíduo por toda a vida. Talvez seu filho não precise daquilo que você não teve, mas deseje o mesmo que você ainda busca: se sentir aceito, amado e importante.
Imagine que são os filhos, na realidade, que têm a missão de vir a este mundo para nos educar. Para que a gente se liberte das amarras do ego, do controle e se entregue à incrível jornada de observar um ser nascer, crescer e se desenvolver sob a nossa orientação.
O guia segura a lanterna e mostra a direção, mas não percorre o caminho sozinho. Ele abre espaço para a falha, para o erro, porque sabe que não há crescimento ou transformação sem tropeços. O guia é alguém confiável que espera daquele que orienta não a devoção, mas sim o reconhecimento e a parceria. Ele estabelece uma relação potente, onde o que sabe menos não deve nada e ele percebe que vai aprender muito também no processo de ensinar. Um guia margeia a estrada e é a referência quando a vista embaça. Ele reconhece que não é capaz de fazer parar de chover, mas atravessa a tempestade ao lado de
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“Não quero que meu filho se frustre”, disse a mãe que acredita em superpoderes.
“Dizer sim quando se quer dizer não é uma ótima maneira de odiar a si mesmo”.
Sendo assim, em vez de dizer “a mamãe vai ficar brava se você riscar a parede”, você poderia falar “vou ficar brava porque não gosto de paredes riscadas. Vamos desenhar no papel?”.
Quando colocamos na criança a responsabilidade por nossos sentimentos, não só jogamos sobre ela um peso que ela não consegue nem precisa carregar como também perdemos a autonomia sobre a nossa regulação.
Nosso desejo de impor é o registro do pequeno poder: diante de alguém menor, eu cresço e exerço uma força quase opressora.
Precisamos parar de querer racionalizar a existência das crianças.
Observe o que a criança está fazendo, entre no mundo dela, antes de querer que ela vá para o seu.
Mas o que é uma criança se não a personificação da leveza, do riso e da possibilidade?
Escolher brincar e entrar no mundo da criança pode ser um atalho para fazer as coisas funcionarem exatamente do jeito que você quer, só que orientado pela leveza da brincadeira.
Por instinto, revidamos. Por instinto, nos defendemos. Por instinto, reagimos. Na intuição, observamos. Na intuição, cheiramos. Na intuição, acolhemos.
Mas nossos filhos nos convidam a sentir; e sem sentimento, não tem conexão.
E que, se a criança sente que a mesa é um lugar para explorar, que é um lugar de encontro e de respeito, ela vai se abrir para essas experiências no momento certo.
Gostamos de menosprezar o sentir da criança e fazemos isso classificando esse transbordar como birra. Esquecemos que, quando a gente não consegue dar conta do que sentimos, também fazemos birra. Quando todos os colegas de trabalho escolhem uma solução com a qual você não concorda e você dá aquela resposta atravessada, isso é birra. Quando o marido não lava a louça e você fecha a cara, isso é birra. Quando a criança não atende aos seus comandos e você dá um grito, isso também é birra. A birra é uma forma de expressar um descontentamento. Um jeito que o corpo, através das nossas palavras ou dos
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Uma criança que chora, grita, xinga, arremessa coisas, ela sabe sim lidar com as emoções. Ela não precisa ser consertada. Ela precisa ser conduzida, margeada para aprender os melhores caminhos que ela pode percorrer.
cuidadores. A exigência é apenas por presença, e isso é tão simples quanto desafiador.
A grande ironia é que vínculos fortes e seguros são criados principalmente na travessia de momentos desafiadores.
O vínculo é o resgate dessas sensações, e o grande desafio para os adultos é estabelecer uma relação de confiança no dia a dia, tão cheio de atropelos, contas para pagar, cansaço e exaustão mental.
Conforme as crianças demonstram a necessidade de serem acolhidas, nossas feridas e dores podem ficar expostas, já que muitas vezes tivemos esse direito negado.
Acolher é a capacidade de amar mesmo quando se erra. É ocupar o lugar de adulto e, mesmo com nossas faltas, amparar nossas crianças para que elas se sintam seguras no processo de refazer os caminhos. Acolher é oferecer uma margem segura, baseada em afeto.
Aqueles colos, com o passar do tempo, se tornam espinhosos e duros, e mal sentimos que pertencemos a eles.
Mas não existe amor sem espaço para o erro.
Se você deseja amar incondicionalmente o seu filho, permita que ele seja. Permita que ele erre. Permita que seu filho não atenda às suas expectativas, que não sinta que te deve alguma coisa. Permita que ele escolha, e permita-se acolher. Deixe ir. Aceite. O melhor dessa postura é que, ao mesmo tempo que proporciona ao seu filho a liberdade para que ele seja quem é, você está cuidando da sua criança interior que até aqui viveu para o outro, para atender à expectativa e aos desejos de alguém. Só conseguimos isso quando escolhemos cuidar do ego e viver o real significado da compaixão e da
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Mas autoestima não tem nada a ver com beleza. Está ligada, sim, a uma percepção sobre a capacidade de realizar e de narrar as conquistas. Está ligada à noção de merecimento e, principalmente, a um conforto em existir. Um senso de valor ligado a quem eu sou.
“para alguém se tornar autônomo e crítico, é preciso sair da família e ir para o espaço público, para o outro, para o mundo. Ou simplesmente para aquilo que é diferente dela”.
Quando não conseguimos dar conta de tudo, não provamos com isso que somos fracas; pelo contrário: mostramos que somos emocionalmente inteligentes, porque reconhecemos nossos limites.
Há uma busca por um manual de conduta sobre o que fazer, quando na verdade só é preciso sentir.
Reprimir a raiva e ignorar a sua força faz com que ela encontre esconderijos dentro de nós e rotas de fuga que nem imaginamos. Se ela é reprimida e se esconde, em algum momento vai ter de sair, e esse extravasamento pode ter a forma de distúrbios emocionais severos.
Espera-se que o outro seja bom para só assim responder da mesma forma.
Seu filho, por mais gatilhos que ative, não pode carregar as culpas e dores da sua falta de controle emocional.
Não é o que o nosso filho faz que nos tira o equilíbrio. É o que fizeram com a gente.
Se pensarmos nas emoções como rios que nos percorrem, vamos entender que toda água represada e não canalizada acaba por transbordar.
Acredito que todas as emoções podem ser compartilhadas com nossos filhos, mas nem todas as questões precisam ser divididas com as crianças.
Com isso, é possível estabelecer uma relação de confiança e não de dependência, na qual a criança sabe que o pai e a mãe são pessoas reais mas que, mesmo nas situações de sofrimento, continuam sendo portos seguros.
Esta deve ser a nossa missão: cuidar daquilo que está sob nosso controle e entender que isso basta. Pais e mães em lados opostos podem gerar conflitos emocionais nas crianças? Sim. Mas elas aprendem rapidamente o que esperar e de quem. As crianças são capazes de ver os pais sem suas máscaras e compreendem como cada um se relaciona. É isso que estabelece a relação que será desenvolvida com cada um dos cuidadores. Acreditar que todas as pessoas vão desenvolver relações iguais com a mesma criança é uma ilusão. Aceitar as diferenças é parte de uma escolha empática com o mundo.
Ao ouvir e acolher, não é preciso ter respostas, fazer comparações, lembrar como poderia ter sido pior.
É sobre mudar a maneira como nos percebemos e, com isso, nos tornar capazes de desenhar um mapa particular que nos leva a uma relação mais equilibrada com a criança.
Ter filhos é perder o controle e habitar terras desconhecidas.
Viver a presença das relações nos permite também existir ao lado dos nossos filhos, sem querer controlar o quê, como, onde. Nos incita a abandonar expectativas e nos abre à possibilidade de desenhar uma relação com as crianças de um jeito único, autêntico, carregado de intenção.
Precisamos errar com nossos filhos para que eles aprendam sobre humanidade e entendam que o valor deles não está nos acertos, mas em quem eles são.