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A coisa mais misericordiosa do mundo, penso eu, é a incapacidade da mente humana de correlacionar todo o seu conteúdo.
As ciências, cada uma esforçando-se em sua própria direção, até agora nos prejudicaram pouco, mas algum dia a junção de todo esse conhecimento fragmentado levará a visões aterrorizantes da realidade e de nossa assustadora posição, quando enlouqueceremos diante da revelação ou fugiremos da luz mortífera para a paz e a segurança de uma nova era das trevas.
Parecia ser uma espécie de monstro, ou um símbolo representando um monstro, de uma maneira que só uma mente doentia poderia conceber. Se eu disser que minha imaginação um pouco extravagante produziu imagens simultâneas de um polvo, um dragão e uma caricatura humana, não serei infiel ao espírito da coisa. Uma cabeça carnuda e tentacular se sobrepujava de um corpo grotesco e escamoso com asas rudimentares, mas a silhueta era o que tornava a criatura ainda mais assustadora. Por trás da figura havia uma vaga sugestão de um pano de fundo arquitetônico ciclópico.
Representava um monstro de contornos vagamente antropoides, mas com uma cabeça parecida com um polvo, cujo rosto era uma massa de antenas, de corpo escamoso e aspecto emborrachado, garras prodigiosas nas patas traseiras e dianteiras, além de asas longas e estreitas nas costas.
Os hieróglifos, assim como o tema e o material, pertenciam a algo horrivelmente remoto e distinto da humanidade como a conhecemos; algo assustadoramente sugestivo de ciclos de vida antigos e profanos nos quais nosso mundo e nossas concepções não se aplicam.
“Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn.”
“Na casa em R’lyeh, o defunto Cthulhu aguarda sonhando.”
Existem qualidades vocais peculiares aos homens e qualidades vocais peculiares às bestas, e é terrível ouvir uma saindo da boca da outra.
Eles adoravam, assim diziam, os Grandes Anciões que viveram muito antes de existirem homens e que vieram do céu para o novo mundo recém-criado.
Era esse culto que os prisioneiros seguiam, e disseram que eles sempre existiram e sempre existirão, escondidos em lugares distantes e escuros em todo o mundo até o tempo em que o alto sacerdote Cthulhu saísse de sua casa escura na poderosa cidade submersa de R’lyehs para dominar a Terra novamente. Algum dia ele faria o chamado, quando as estrelas estivessem na posição correta, e o culto secreto estaria sempre esperando para libertá-lo.
Houve éons em que outras Coisas reinaram sobre a Terra, e elas foram responsáveis pela construção de grandes cidades. Ele afirmou que o chinês imortal havia lhe dito que os restos Delas ainda podiam ser encontrados como pedras ciclópicas em ilhas no Pacífico. Todas essas Coisas morreram muito antes de os homens chegarem à Terra, mas havia artes que poderiam fazê-los reviver quando as estrelas voltassem às posições certas no ciclo da eternidade. Elas, de fato, vieram das estrelas e trouxeram Suas imagens com Elas.
Quando as estrelas estavam na posição correta, podiam mergulhar de mundo em mundo pelos céus, mas, quando as estrelas estavam na posição errada, não eram capazes de viver. Embora não mais vivessem, nunca morriam. Todos jaziam em casas de pedra na grande cidade de R’lyeh, preservados pelos feitiços do poderoso Cthulhu e aguardando uma ressurreição gloriosa, quando as estrelas e a Terra pudessem mais uma vez estar prontas para Eles.
Quando, após eras infinitas, os primeiros homens chegaram aqui, os Grandes Anciões falaram com os sensatos entre eles por meio de seus sonhos, pois apenas dessa maneira a linguagem deles alcançaria as mentes carnais dos mamíferos.
A grande cidade de pedra R’lyeh, com seus monólitos e sepulturas, havia afundado sob as ondas; e as águas profundas, cheias do mistério primordial pelo qual nem mesmo o pensamento poderia passar, cortaram a comunicação espectral.
“O que não morreu pode viver eternamente, E com éons estranhos até a morte pode morrer.”
Todos escutaram e continuaram ouvindo o som quando Ele chegou pesadamente e, babando, mostrou sua gelatinosa imensidão verde através da porta negra no ar exterior contaminado daquela cidade envenenada de loucura.
Quem sabe o final desta história? O que subiu pode afundar e o que afundou pode voltar. A repulsa espera e sonha nas profundezas, e a decadência se espalha sobre as cidades desprotegidas dos homens.
Não consigo pensar no fundo do mar sem estremecer com as coisas sem nome que podem, nesse exato momento, estar rastejando e se esponjando em seu leito escorregadio, adorando seus antigos ídolos de pedra e esculpindo suas próprias imagens detestáveis em obeliscos submarinos de granito encharcado de água.
Certamente, Erich Zann era um gênio de força selvagem. Com o passar das semanas, a música tornou-se mais violenta, enquanto o velho músico adquiria um crescente desalento e um furtivismo lamentável de contemplar.
Era mais horrível do que qualquer coisa que eu já tinha ouvido, porque agora eu podia ver a expressão do seu rosto, e podia perceber que dessa vez o motivo era um medo total. Ele estava tentando fazer barulho para afastar ou afogar algo; o que, eu não podia imaginar, por mais apavorante que parecesse ser.
“Nem se deve pensar”, dizia o texto como Armitage mentalmente o traduziu, “que o homem seja o mais velho ou o último dos mestres da Terra, ou que as formas de vida e substância caminham sozinhas. Os Anciões foram, os Anciões são e os Anciões serão. Não nos espaços que conhecemos, mas entre eles. Eles caminham serenos e primitivos, sem dimensões, e nos são invisíveis. Yog-Sothoth conhece o portal. Yog-Sothoth é o portal. Yog-Sothoth é a chave e o guardião do portal. Passado, presente, futuro, todos são um em Yog-Sothoth. Ele sabe onde os Anciões surgiram da antiguidade, e onde Eles irromperão
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Contudo, a maioria dos contos e das impressões dizia respeito a uma raça relativamente tardia, de uma forma estranha e complexa que não se assemelhava a nenhuma forma de vida conhecida pela ciência, que vivera até cinquenta milhões de anos antes do advento do homem. Esta havia sido a maior raça de todas, pois somente ela conquistou o segredo do tempo. Aprendera todas as coisas que já foram conhecidas ou seriam conhecidas na Terra, por meio do poder de suas mentes mais apuradas para se projetar no passado e no futuro, mesmo por abismos de milhões de anos, e estudar as tradições de todas as
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Os seres de um mundo antigo agonizante, que alcançou a sabedoria com os últimos segredos, procuravam um novo mundo e espécies que pudessem ter uma vida longa; e enviaram suas mentes em massa para aquela futura raça mais bem-adaptada a abrigá-las: as criaturas em forma de cone que povoaram a Terra há um bilhão de anos.
Aprendi, mesmo antes de meu eu desperto ter estudado os casos paralelos ou os antigos mitos dos quais os sonhos sem dúvida surgiram, que as entidades ao meu redor pertenciam à maior raça do mundo, que havia conquistado o tempo e enviado mentes exploradoras para todas as épocas. Eu também sabia que havia sido retirado da minha época enquanto outro usava meu corpo naquela mesma época e que algumas das outras formas estranhas abrigavam mentes igualmente capturadas. Pareciam falar em uma estranha linguagem de cliques, com intelectos exilados de todos os cantos do sistema solar.