Crime e castigo

by Fyodor Dostoevsky

Que Deus dê paz aos mortos, pois aos vivos resta viver! Não é assim?

O primeiro grupo é composto por pessoas do presente, já o segundo, por pessoas do futuro. Os primeiros mantêm o mundo como ele é, os segundos fazem o mundo girar.

O sofrimento e a dor são sempre essenciais para ampliar a consciência e aprofundar os sentimentos.

Sônia e Raskólnikov ficaram ali em silêncio e imóveis por alguns minutos. A vela trazida já era um toco que iluminava fracamente aquele quarto pobre, onde um assassino e uma pecadora tinham ficado tão estranhamente próximos pela leitura do livro sagrado.

Mas assim é a vida, não é? Nunca conseguimos largar aquilo que nos faz mal...

É isso que todos querem, que eu me resigne, que aceite as coisas e siga a vida como qualquer um. E para que vou querer viver assim?”

O presente era uma inquietação constante, o futuro, um martírio que jamais teria fim. E daí que dali a oito anos ele teria apenas 32 e poderia começar uma vida nova! Viver para quê? Que perspectivas tinha? Viver só para existir? Ele estava mil vezes mais disposto a entregar sua existência por uma ideia, uma esperança, até mesmo uma fantasia. A existência somente era pouco, ele queria mais.

Ele olhava para os colegas de degredo e ficava surpreso: todos eles, todos amavam tanto a vida! Parecia que justamente ali, na prisão, nos campos de trabalho, amavam mais e mais a vida e davam valor a ela, muito mais do que quando estavam em liberdade.

o mundo todo deveria sofrer com uma grande epidemia, vinda da Ásia, que acabaria com tudo e todos, menos alguns, os escolhidos.

não conseguia pensar, só conseguia sentir.