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Comecei tocando os cílios de Khumba, que fechou os olhos, grata pelo carinho.
Fui orientada a segurar sua tromba pela ponta e ela correspondeu, prendendo suavemente minha mão para darmos um passeio.
Ao final, o cuidador me disse que, se eu ainda encontrasse Khumba no período de 45 anos a partir daquele dia, ela lembraria do meu cheiro e demonstraria isso. Estamos, então, presas por um fio de memória.
saem para trabalhar nos braços da lua e retornam com a coragem do sol. Que não temem o mar, que sabem inventar, que salvam o nosso Mucuripe e que, sobretudo, resistem.
Meu primeiro motivo para ter gatos, portanto, foi amor materno.
mulheres fortes são as que fortalecem umas às outras.
prédios de, no máximo, seis andares. Ele dizia que era a altura ideal para que uma mãe chamasse por seu filho e ele pudesse ouvir, no meio da brincadeira entre as árvores. Nada mais doce, nada mais terno.
O livro termina, mas persiste em nós, porque ele conta histórias com voz de mar.
Escrevi esse texto para ler em voz alta no lançamento do meu livro Sainte Caboche, em Paris. Li enquanto Manassés tocava violão, uma sorte e honra. Os franceses não entenderam nada, mas disseram que é um idioma bonito de se ouvir. Mas os brasileiros que estavam lá, especialmente os cearenses, sentiram saudades no corpo inteiro.
Fico pensando se não deve ser um engenho da natureza para que fechemos mais os olhos cansados e assim tenhamos tempo para enxergar por dentro.
Os períodos sem alegria mostram coisas que a gente não vê quando está feliz.
Usei quinhentas palavras para tentar te responder o que fazer com a tristeza e poderia ter usado só duas: estou contigo.
Só abrimos os olhos enquanto amamos. Seja um gato, um cachorro, um homem, uma mulher, os filhos, os amigos: só o amor nos permite enxergar.
a Beatriz está tentando digerir esse luto e que a Camila foi ver se ele ainda estava no armário. Não está. Nós choramos quase o tempo todo nos lugares vazios.
Vamos levar esse amor pra sempre, pela vida inteira, nas lembranças de um gatinho de olhar tão puro, o nosso monge, nosso caramelo de paz.
A lição número dois me mostrou que é normal nunca saber o que fazer.
Ter filhos é lidar com fases. Quando a gente domina uma delas, vem a seguinte e tudo muda. Parece que a coisa é feita pra gente nunca entender nada mesmo.
“Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio.
Pensava também que, se conseguisse ficar completamente imóvel e muda em certos lugares mágicos do jardim, eu conseguiria ouvir um desses poemas que o próprio ar continha em si. No fundo, toda a minha vida tentei escrever esse poema imanente.
a ficção, por melhor que seja, não consegue superar a vida real.
Estar na universidade pública e gratuita nos leva a pensar em muitas coisas. No que há de bom em estar aqui, na obrigação de lutar pela universidade; no papel transformador da arte; na beleza que é ouvir música nos corredores, de compreender porque o mundo precisa dos artistas como espelho do tempo.
Uma das missões da palavra é chegar nos recônditos mais difíceis.

