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Crês que o dever deve calar quando o poder Se curva à adulação? Se um rei cai na loucura, 150 É uma honra ser franco. Guarda as tuas terras E, trabalhando melhor teu tino, refreia Esse horrendo furor. Que eu pague com a vida Esse juízo: mas tua filha
mais jovem não Te ama menos. E um coração não é vazio 155 Só porque fala baixo e não ecoa o vento.
Eis a suprema imbecilidade do mundo; que, sempre que nossa boa sorte contrai algum achaque — não raro pela gula de nossa conduta —, culpamos pelos 120 nossos desastres o Sol, a Lua e as estrelas, como se fôssemos vilões por necessidade, parvos por compulsão
celeste, patifes, larápios e traidores por predominância astral; beberrões, embusteiros e adúlteros por uma forçada obediência aos influxos planetários, e, pior, 125 pérfidos por alguma imposição divina. Que escapada notável de um homem putanheiro imputar aos astros sua própria putaria!
— Minha esposa já tem um
segundo contrato. FGONERIL Um interlúdio! 100