O amante
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Read between September 5 - September 14, 2025
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Todo mundo diz que você era bonita quando jovem; venho lhe dizer que, por mim, eu a acho agora ainda mais bonita do que quando jovem; gostava menos do seu rosto de moça do que do rosto que você tem agora, devastado”.
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Esse grande desânimo de viver atingia minha mãe todos os dias. Às vezes durava, às vezes desaparecia à noite. Tive essa sorte de ter uma mãe desesperada de um desespero tão puro que nem mesmo a felicidade da vida, por mais intensa que fosse, chegava a distraí-la totalmente dele.
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Acontecia todo dia. Disso tenho certeza. Devia ser brutal. Em certo momento de cada dia vinha esse desespero. E depois a impossibilidade de avançar, ou o sono, ou às vezes nada, ou às vezes, pelo contrário, as compras de casas, as mudanças, ou às vezes também esse humor, apenas esse humor, essa prostração, ou às vezes uma rainha, tudo o que lhe pediam, tudo o que lhe ofereciam, essa casa no Pequeno Lago, sem nenhuma razão, meu pai já agonizante, ou esse chapéu de aba lisa, porque a menina tanto queria, ou esses sapatos de lamê, e assim por diante. Ou nada, ou dormir, morrer.
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Eu não, eu nunca tinha visto. Nunca tinha visto minha mãe como louca. Ela era. De nascença. No sangue. Não era doente de sua loucura, ela a vivia como saúde.
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Eu digo que não é só por ser de dia, que ele está enganado, que sinto uma tristeza que já esperava e que vem só de mim. Que sempre fui triste. Que vejo essa tristeza também nas fotos em que sou menininha.
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Hoje eu lhe digo que essa tristeza é um bem-estar, o de finalmente cair numa desgraça que minha mãe me anuncia desde sempre, clamando no deserto de sua vida.
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Que a vida é imortal enquanto vive, enquanto está em vida. Que a imortalidade não é uma questão de mais ou menos tempo, não é uma questão de imortalidade, é uma questão de alguma outra coisa que continua desconhecida.