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Kindle Notes & Highlights
Aquele que é indiferente ao sofrimento alheio não é digno de ser chamado humano.
Cavalheiros, a vida é curta… se vivemos, vivemos para pisotear as cabeças dos reis.
Os eventos do mundo não se organizam em fila como os ingleses. Eles se amontoam em caos como os italianos.
Nós, portanto, descrevemos o mundo como acontece, não como é.
Nós, seres humanos, vivemos de emoções e pensamentos. Nós os compartilhamos quando estamos no mesmo lugar e no mesmo tempo, falando uns com os outros, olhando-nos nos olhos, tocando-nos a pele. Nós nos alimentamos dessa rede de encontros e trocas, ou melhor, somos essa rede de encontros e trocas. Mas na verdade não precisamos estar no mesmo lugar e no mesmo tempo para isso. Os pensamentos e as emoções que nos conectam não têm dificuldade em atravessar mares e décadas, às vezes até séculos.
Ansiamos pela atemporalidade, sofremos a passagem; sofremos o tempo.
De qualquer maneira, o que é totalmente verossímil é o fato geral de que a estrutura temporal do mundo é diferente da imagem ingênua que fizemos dela. Essa imagem ingênua é adequada à vida cotidiana, mas não serve para compreender o mundo nos seus minúsculos meandros ou na sua imensidão.
Jó morreu quando estava “saciado de dias”. Belíssima expressão. Eu também gostaria de chegar a me sentir “saciado de dias” e encerrar com um sorriso este breve círculo que é a vida.
Ter medo da passagem, ter medo da morte, é como ter medo da realidade, ter medo do sol: por quê?
Somos mais complexos do que nossas faculdades mentais são capazes de apreender.