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Kindle Notes & Highlights
Meus parentes queriam saber dos meus namoradinhos, não das namoradinhas.
acompanhar a história de uma mulher que se apaixona por outra foi fundamental para começar a entender minha própria sexualidade.
Levou meses para que eu conseguisse dizer em voz alta que era lésbica.
E mais anos para que o Leo conseguisse me fazer acreditar que isso era normal. Que gostar de meninas não era errado.
Mas Deus não permitiria aquilo! É preciso manter a família tradicional brasileira — debochou.
Minha mãe era toda “respeito as opções de cada um, mas não precisa ficar se beijando assim em público”, como se fosse muito mente aberta, mas ela não entendia que: 1) Não era uma opção. Se fosse, será que eu não teria escolhido o caminho mais fácil?
E 2) Aquele era exatamente o tipo de pensamento que só pessoas preconceituosas tinham.
Quantas vezes, afinal, eu não tinha ouvido sobre pais que militavam pelos direitos LGBTQIA+, mas não conseguiram aceitar quando seus filhos assumiram?
Mas acho que desse mal a gente não sofre. Não é não, filhota? Ele me cutucou, fazendo graça. Mas eu não consegui sorrir. Na verdade, eu tive que me esforçar para não chorar.
Você acha que é uma pessoa envergonhada mesmo, ou só não tem coragem de ser quem você é de verdade?
Leo soltou um muxoxo.
Às vezes, eu mesma ficava confusa sobre quem eu genuinamente era.
Estar com ela era fácil.
Mesmo que soubesse que minha sexualidade não define quem sou, eu tinha a impressão de que mudaria a visão que os outros tinham de mim, então era mais fácil deixar as coisas como estavam.
Eu acredito que o universo ouve a gente quando desejamos alguma coisa com força.
Eu queria me omitir enquanto tantas outras pessoas estavam lá fora, lutando pelo direito de amarem e serem amadas sem medo?
E imediatamente eu soube que não, não era loucura. Como poderia ser se eu nunca tinha sentido nada tão certo quanto aquele beijo? Como poderia ser se tudo que eu queria naquele momento era parar o tempo e fazer cada segundo durar uma eternidade?
Eu gosto de meninas, Gabi. Eu sou lésbica.
amor-próprio é o alimento da alma. E ser fiel a si mesma, aos seus sentimentos, é a melhor forma de semear esse amor.
“Deve ser horrível ter que fingir ser outra pessoa pra poder ficar perto de quem você ama. Mas acho que deve ser ainda pior não poder estar perto dela.”
Ela sorriu para mim, e eu sorri para ela. Foi aí que percebi que não importava quão difícil as coisas pudessem ser a partir de agora e quais obstáculos e preconceitos eu teria que enfrentar, era por momentos como aquele — por aquela sensação no peito, por aquele sorriso no meu rosto e no rosto da Ayla — que eu sabia que toda a minha luta valeria a pena. Nada no mundo era mais incrível do que a felicidade que eu estava sentindo agora.