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March 31, 2024
somos muito mais eficientes agindo do que pensando, graças à antifragilidade. Eu preferiria acima de tudo ser burro e antifrágil a extremamente inteligente e frágil.
a impossibilidade de calcular os riscos de acontecimentos raros e com consequências importantes e prever sua ocorrência.
Cisnes Negros (com iniciais maiúsculas) são eventos de larga escala imprevisíveis e irregulares, com consequências descomunais
antifragilidade não é apenas o antídoto para o Cisne Negro; compreendê-la nos torna menos temerosos intelectualmente no sentido de aceitar o papel desses acontecimentos como necessários para a história, a tecnologia, o conhecimento, tudo.
A fragilidade é bastante mensurável; o risco, nem um pouco, especialmente o risco associado a eventos raros.
Em suma, o fragilista (planejamento médico, econômico, social) é aquele que faz você se envolver em políticas e ações, todas artificiais, nas quais os benefícios são pequenos e visíveis, e os efeitos colaterais, potencialmente graves e invisíveis.
nenhuma habilidade para compreendê-la, maestria para escrevê-la.
Ela gosta de volatilidade et al. Ela gosta também do tempo. E há uma poderosa e proveitosa conexão com a não linearidade:
Lembre-se de que o frágil busca a tranquilidade, o antifrágil cresce na desordem, e o robusto não se importa muito.
É óbvio que existem pensamentos clássicos sobre o tema, a exemplo de um ditado latino segundo o qual a sofisticação nasce da fome (artificia docuit fames).
os modernos tentam hoje criar invenções a partir de situações de conforto, de segurança e de previsibilidade, em vez de aceitar a noção de que a “a necessidade é realmente a mãe da invenção”.
A história mostra que, para a sociedade, quanto mais ricos nos tornamos, mais difícil é viver dentro de nossas próprias posses. Temos mais dificuldade em lidar com a abundância do que com a escassez.
Camadas de redundância são a característica central do gerenciamento de riscos nos sistemas naturais.
A redundância é ambígua porque parece um desperdício se nada anormal acontecer. Só que coisas anormais acontecem — geralmente.
Chamei essa deficiência mental de o problema de Lucrécio, em homenagem ao filósofo e poeta romano que escreveu que o tolo acredita que a montanha mais alta do mundo será igual à mais alta já observada por
política, seu pai o chamou em seu leito de morte. “Meu filho, estou muito decepcionado com você”, disse ele. “Eu nunca ouço nada errado a seu respeito. Você se mostrou incapaz de gerar inveja.”
É absolutamente desconcertante que as pessoas que mais nos propiciaram benefícios não sejam as que tentaram nos ajudar (por exemplo, com “conselhos”), mas sim aquelas que ativamente tentaram nos prejudicar — embora no fim das contas tenham fracassado.
o equilíbrio (conforme é tradicionalmente definido) acontece em um estado de inércia. Assim, para algo orgânico, o equilíbrio (nesse sentido) só acontece com a morte.
O que nos leva ao aspecto existencial da aleatoriedade. Se você não for uma máquina de lavar roupa ou um relógio cuco — em outras palavras, se você estiver vivo —, algo dentro de você gosta de um pouco de aleatoriedade e desordem.
Sistemas bons, a exemplo das companhias aéreas, são configurados para ter pequenos erros, independentes uns dos outros — ou, na verdade, negativamente correlacionados entre si, uma vez que os erros reduzem as chances de erros futuros.
Aquele que nunca pecou é menos confiável do que aquele que só pecou uma vez. E alguém que tenha cometido diversos erros — mas nunca o mesmo erro mais de uma vez — é mais confiável do que alguém que nunca cometeu erro algum.
Isso é o oposto da exposição a riscos saudável; é a transferência de fragilidade do coletivo para o inapto. As pessoas têm dificuldade para perceber que a solução é construir um sistema no qual a queda de alguém não seja capaz de debilitar e arrastar outros para o buraco — pois falhas contínuas trabalham para preservar o sistema.
Uma pequena dose de agitação propicia recursos às almas, e o que faz com que a espécie prospere não é a paz, mas a liberdade”.
Quando alguns sistemas ficam emperrados por causa de um grande impasse, a aleatoriedade, e somente a aleatoriedade, é capaz de desbloqueá-los e libertá-los da enrascada. Aqui você pode ver que a ausência de aleatoriedade equivale à morte certa.
hoje, dependemos da imprensa para coisas tão essencialmente humanas quanto fofocas e relatos, e nos preocupamos com a vida privada de pessoas em lugares muito remotos.
Essa história nos permite testemunhar o homicídio probabilístico em ação. Toda criança submetida a uma operação desnecessária tem sua expectativa de vida encurtada. Esse exemplo não só nos dá uma ideia do dano causado por aqueles que intervêm, como também, o que é pior, ilustra a falta de consciência da necessidade de procurar um ponto de equilíbrio entre benefícios e danos.
“intervencionismo ingênuo”.
Mas, quando o pai ou a mãe medica uma criança para tratar uma doença psiquiátrica imaginária ou inventada — transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou depressão, digamos —, em vez de permitir que a criança seja livre, o dano no longo prazo quase sempre passa incólume.
“problema da agência” ou “problema do principal agente”, que aparece quando uma das partes (o agente) tem interesses pessoais dissociados dos interesses daqueles que estão usando seus serviços (o principal).
Em primeiro lugar, não cause dano
primum non nocere (“primeiro, não faça mal”)
Uma vez que a ausência de intervenção implica a ausência de iatrogenia, a fonte de dano está na negação da antifragilidade e na impressão de que nós, seres humanos, somos necessários para fazer as coisas funcionarem.
Em síntese, qualquer coisa em que haja intervencionismo ingênuo, mais ainda, até mesmo intervenção pura e simples, terá iatrogenia.
Pessoas com a mente norteada pela engenharia tenderão a olhar tudo ao seu redor como um problema de engenharia. Isso é uma coisa muito boa para a engenharia, mas, quando se lida com gatos, é muito mais interessante contratar veterinários, e não engenheiros de circuitos — ou, melhor ainda, deixar seu animal curar-se por si só.
Na Tríade, coloquei as teorias na categoria frágil, e a fenomenologia na categoria robusta. Teorias são superfrágeis; elas vêm e vão, depois vêm e vão, e, em seguida, vêm e vão de novo; fenomenologias permanecem, e não posso acreditar que as pessoas não percebam que a fenomenologia é “robusta” e utilizável, e as teorias, embora badaladas com o maior espalhafato, não são confiáveis para a tomada de decisões — a não ser na física.
Em contrapartida, as ciências sociais parecem divergir de teoria em teoria. Durante a Guerra Fria, a Universidade de Chicago estava promovendo teorias de laissez-faire, enquanto a Universidade de Moscou ensinava exatamente o contrário — mas seus respectivos departamentos de física estavam em convergência, se não em concordância total. Essa é a razão pela qual coloco as teorias das ciências sociais na coluna da esquerda da Tríade, como algo superfrágil para as decisões do mundo real e inutilizável para análises de risco. A própria designação “teoria” chega a ser desconcertante. Nas ciências
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Essas tentativas de eliminar o ciclo de negócios levam à mãe de todas as fragilidades. Assim como um pouco de fogo aqui e ali livra uma floresta do material inflamável capaz de causar incêndios de grandes proporções, em uma economia alguns danos aqui e acolá extirpam de forma bastante precoce as empresas vulneráveis, permitindo que elas “fracassem logo” (com tempo suficiente para que possam recomeçar) e minimizando os danos de longo prazo ao sistema.
o intervencionismo exaure os recursos mentais e econômicos; raramente está disponível quando é mais necessário
Aqui, tudo que estou dizendo é que precisamos evitar ficar cegos à antifragilidade natural dos sistemas, à capacidade dos sistemas de cuidarem de si mesmos, e lutar contra nossa tendência de prejudicá-los e fragilizá-los por não lhes dar a chance de fazer isso.
tendemos a intervir demais em áreas com benefícios mínimos (e amplos riscos), ao mesmo tempo que intervimos de menos em áreas nas quais a intervenção é necessária — como em emergências.
festina lente, “apressa-te devagar”. Os romanos não foram os únicos antigos a respeitar o ato da omissão voluntária. O pensador chinês Lao-tsé cunhou a doutrina do wu-wei, a “realização passiva”.
Eu não procrastino quando vejo um leão entrar no meu quarto ou quando há um incêndio na biblioteca do meu vizinho. Eu não procrastino após sofrer uma lesão grave. Só deixo para depois os deveres e os procedimentos antinaturais.
seres humanos, somos muito ruins para filtrar informações, principalmente as de curto prazo, e a procrastinação pode ser uma maneira de filtrarmos melhor, de resistir às consequências de se precipitar com informações, como discutiremos a seguir.
A quantidade de informações a que somos expostos na modernidade está transformando os seres humanos, que deixam de ser o segundo tipo de indivíduo, estável e sereno, e passam a ser o primeiro, o neurótico.
A diferença entre os dois sujeitos nos mostrará a diferença entre ruído e sinal. O ruído é o que você deve ignorar; o sinal é aquilo em que você precisa prestar atenção.