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by
Austin Kleon
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June 17 - July 16, 2025
“Criatividade não é um talento. É uma forma de operar.”
Quase todas as pessoas que admiro e que me inspiram hoje em dia, em qualquer profissão, colocaram o ato de compartilhar em sua rotina.
Elas estão trancadas em seus estúdios, laboratórios ou cubículos, mas não mantêm seus trabalhos em segredo; elas mostram seus projetos e constantemente postam pistas do que estão fazendo, suas ideias e aprendizados na internet.
Imagine tornar um projeto paralelo ou um hobby sua profissão porque você conhece alguém que poderia apoiá-lo.
Ou imagine algo mais simples e igualmente satisfatório: gastar a maior parte do seu tempo, energia e atenção praticando um ofício, aprendendo algo novo ou tocando um negócio, ao mesmo tempo possibilitando que seu trabalho atraia um grupo de pessoas que dividem os mesmos interesses. Mostre seu trabalho. É a única coisa que você precisa fazer.
“Dê o que você tem. Pode servir mais do que você imagina.” — Henry Wadsworth Longfellow
Existe uma maneira mais saudável de se pensar a criatividade, à qual o músico Brian Eno se refere como “cena”. Neste modelo, grandes ideias são frequentemente geradas por um grupo de indivíduos criativos – artistas, curadores, pensadores, teóricos e outros incentivadores – que formam um “ecossistema de talentos”. Se você examinar a história com atenção, muitas das pessoas que consideramos gênios solitários eram na verdade parte de “uma cena onde havia apoio, troca, exibição de trabalhos, cópias, roubo de ideias e contribuições também”. A cena não diminui as realizações daqueles grandes
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Ser uma parte valiosa da cena não está relacionado necessariamente com sua esperteza ou talento, mas sim com o que se tem para contribuir – as ideias compartilhadas, a qualidade das conexões feitas, as conversas puxadas. Se esquecermos a genialidade e pensarmos mais em como podemos nutrir e contribuir para a cena, podemos ajustar nossas próprias expectativas e as dos universos que queremos que nos aceitem. Podemos parar de perguntar o que os outros poderiam fazer por nós e começar a nos perguntar o que poderíamos fazer pelos outros.
“Isso é o que todos nós somos: amadores. Não vivemos o suficiente para nos tornarmos outra coisa.” — Charlie Chaplin
“Na mente do novato, existem muitas possibilidades”, disse o monge Zen Shunryu Suzuki. “Na mente dos experientes, poucas.”
“O ato mais estúpido de criatividade ainda é um ato criativo”, escreveu Clay Shirky no seu livro Cognitive Surplus. “No espectro do trabalho criativo, a diferença entre o medíocre e o bom é ampla. A mediocridade está, entretanto, no espectro; é possível deixar de ser medíocre e se tornar bom aos poucos. O verdadeiro vão está entre não fazer nada e fazer algo.”
Amadores cabem na mesma receita: são apenas pessoas normais que gastam boa parte do tempo pensando alto sobre algo por que são obcecadas.
Entusiasmo puro é contagioso.
A melhor maneira de começar o caminho para mostrar o seu trabalho é pensar no que você gostaria de aprender e se comprometer a mostrar este aprendizado na frente dos outros. Ache uma cena, preste atenção no que os outros estão compartilhando e então comece a reparar no que não estão compartilhando. Esteja à procura de espaços vazios que você consiga preencher com o próprio esforço, não importa o quão ruim você seja no início. Não se preocupe, pelo menos agora, em como fará dinheiro ou construirá uma carreira a partir disso. Esqueça por um momento a ideia de ser um especialista ou profissional
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Sempre nos falam para encontrar nossa própria voz. Quando eu era jovem, não entendia direito o que isso queria dizer. Eu me preocupava muito com essa tal voz, desejando encontrar a minha. No entanto, agora percebo que a única maneira de
encontrar a voz é praticando. É instintiva, então a faça aparecer. Fale sobre as coisas que lhe interessam. ...
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“Encontre sua voz, grite bem alto, e continue gritando até que as pessoas certas o encontrem.” — Dan Harmon
“O sr. Ebert escreve como se fosse uma questão de vida ou morte porque é”, notou a jornalista Janet Maslin. Ebert postava porque tinha que postar – porque era uma questão de ser ou não ser ouvido. Uma questão de existir ou não.
“Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — simplesmente some diante da face da morte, deixando apenas o que é verdadeiramente importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu.” — Steve Jobs
“Você tem que fazer coisas. Ninguém vai se importar com o seu currículo; eles querem ver o que você fez com seus próprios dedinhos.”
O dia é a única unidade de tempo em que tenho que fixar minha cabeça. Estações mudam, semanas são completamente previsíveis, mas o dia tem um ritmo. O sol nasce, o sol se põe. Eu consigo lidar com um dia.
Não se preocupe com que tudo no seu post seja perfeito. O escritor de ficção científica Theodore Sturgeon uma vez disse que 90% de tudo é lixo. O mesmo é válido para o nosso trabalho. O problema é que nós nem sempre sabemos o que é bom e o que é ruim.
Não diga que você não tem tempo suficiente. Todos somos ocupados, mas todos temos 24 horas no nosso dia. As pessoas geralmente me perguntam: “Como você encontra tempo para tudo isso?” E respondo: “Eu procuro.” Você encontra tempo no mesmo lugar em que encontra moedas soltas: nos cantos e frestas. Você encontra nas lacunas entre as coisas importantes – em seu trajeto para o trabalho, na hora do almoço, nas poucas horas depois de os filhos terem ido dormir. Você talvez tenha que perder um episódio do seu programa de televisão favorito, talvez precise perder uma hora de sono, mas conseguirá
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Antes de compartilhar qualquer coisa, faça o teste do “E daí?”. Não pense demais, siga sua intuição. Se estiver inseguro sobre compartilhar algo, deixe quieto por um dia. Coloque em uma gaveta e dê uma volta lá fora. No dia seguinte, pegue de volta e veja com um olhar mais descansado. Pergunte a si mesmo: “Isso é útil? É interessante? É algo que me sinto confortável em postar caso meu chefe ou minha mãe vejam?” Não há nada de errado em guardar coisas para mais tarde. O botão de SALVAR COMO RASCUNHO é profilático – talvez não dê o melhor resultado no momento, mas no dia seguinte você ficará
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A beleza de possuir seu próprio espaço é que você pode fazer o que quiser. O seu domínio é o seu nome. Você não precisa se contentar com menos. Construa um bom nome, mantenha-o limpo e por fim ele será sua própria moeda. Se as pessoas o veem ou não, fato é, você está lá, vivendo sua vida, pronto para o que der e vier.
Antes de estarmos prontos para dar o salto de partilhar o nosso próprio trabalho com o mundo, podemos partilhar o nosso gosto pelo trabalho dos outros.
Mais de 400 anos atrás, Michel de Montaigne, em seu ensaio “Da experiência”, escreveu: “Na minha opinião, as coisas mais banais, as mais comuns e familiares, se pudéssemos vê-las em sua verdadeira luz, se tornariam os grandes milagres... e os exemplos mais maravilhosos.” Tudo que é preciso para descobrir preciosidades escondidas é um olhar claro, uma mente aberta e uma vontade de procurar inspiração em lugares aos quais outras pessoas não podem ou querem ir.
Todos amamos alguma coisa que outras pessoas acham um lixo. Você tem que ter a coragem de continuar amando seu lixo, porque o que nos torna únicos é a diversidade e amplitude de nossas influências, as maneiras únicas pelas quais misturamos as partes da cultura que outros consideraram “alta” e “baixa”.
“Faça o que você faz melhor e se conecte com o resto.” — Jeff Jarvis
“Quando apresentamos um objeto, oferecemos um prato ou mostramos um rosto, a avaliação das pessoas sobre eles – o quanto gostam, o quão valioso é – é profundamente afetada pelo que você lhes diz a respeito.”
As palavras importam. O artista gosta de repetir o bordão “meu trabalho basta por si próprio”, mas a verdade é que nosso trabalho não fala por si mesmo. Os seres humanos querem saber de onde as coisas vieram, como foram feitas e quem as criou. As histórias que você conta sobre o trabalho que faz têm um efeito enorme em como as pessoas sentem e entendem o seu trabalho, o que afeta como dão valor a ele.
“No primeiro ato, você coloca seu herói em cima de uma árvore. No segundo, joga pedras nele. No terceiro, você o deixa descer.” — George Abbott
O autor John Gardner disse que o enredo básico de quase todas as histórias é este: “Um personagem quer algo, vai atrás do que quer apesar da oposição (que pode incluir suas próprias dúvidas) e assim chega a uma vitória, perda ou empate.” Gosto da fórmula de enredo de Gardner porque serve também para o trabalho criativo: você tem uma ótima ideia, passa pelo árduo trabalho de executá-la e então a lança no mundo, ganhando, perdendo ou empatando. Às vezes, a ideia é bem-sucedida, às vezes falha, e mais frequentemente não acontece absolutamente nada. Esta fórmula simples pode ser aplicada a quase
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Cada apresentação para clientes, cada ensaio pessoal, cada carta de motivação, cada pedido de arrecadação – todos eles são projetos. São histórias com os finais cortados. Um bom projeto é estabelecido em três atos: o primeiro ato é o passado, o segundo é o presente e o terceiro, o futuro. O primeiro ato é onde você esteve – o que quer, como o quer e o que fez até agora para obtê-lo. O segundo ato é onde você está agora em seu trabalho e como trabalhou arduamente e gastou a maior parte de seus recursos. O terceiro ato é aonde você está indo e como exatamente a pessoa para quem está apresentando
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Todo mundo adora uma boa história, mas nem todo mundo acha fácil construir uma boa narrativa. É uma habilidade que leva uma vida para dominar. Então estude as grandes histórias e, em seguida, tente encontrar as próprias. Suas histórias ficarão melhores quanto mais você falar delas.
Só porque está tentando contar uma boa história sobre si mesmo não significa que você está inventando. Permaneça na não ficção. Diga a verdade e a diga com dignidade e respeito próprio. Se você é um estudante, diga que é um estudante. Se tem mais de um trabalho, diga que tem mais de um trabalho. (Durante anos, eu disse: “De dia sou web designer e à noite escrevo poesia.”) Se você tem um trabalho híbrido estranho, diga algo como “Sou um escritor que desenha” (roubei essa apresentação do cartunista Saul Steinberg). Se você está desempregado, fale isso e mencione que tipo de trabalho está
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Lembre-se do que o autor George Orwell escreveu: “A autobiografia só é de confiança quando revela algo vergonhoso.”
“O impulso de manter para si mesmo o que você aprendeu não é apenas vergonhoso, é destrutivo. Você perde tudo o que não dá livre e abundantemente. Abra seu cofre e encontrará cinzas.” — Annie Dillard
Ensinar não significa competir. Só porque você sabe a técnica do mestre não significa que é capaz de imitá-lo instantaneamente.
Pense no que pode compartilhar de seu processo que informaria às pessoas que você está tentando alcançar. Você aprendeu um ofício? Quais são as suas técnicas? Você tem habilidade com certas ferramentas e materiais? Que tipo de conhecimento vem junto com seu trabalho? No minuto em que você aprender alguma coisa, olhe para o lado e ensine aos outros. Compartilhe sua lista de leitura. Aponte para materiais de referência úteis. Crie alguns tutoriais e publique-os na internet. Use imagens, palavras e vídeo. Mostre parte do seu processo, passo a passo. Como a blogueira Kathy Sierra diz: “Torne as
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Ensinar não diminui o valor do que você faz, pelo contrário, aumenta. Quando ensina alguém, você está gerando mais interesse em seu próprio trabalho. As pessoas se sentem mais próximas porque de alguma forma você está deixando elas entrarem em contato com o seu conhecimento. Além disso, quando você compartilha o que sabe e que faz com os outros, também aprende. O autor Christopher Hitchens disse que a melhor coisa sobre lançar um livro é que “ele o põe em contato com as pessoas cujas opiniões você deveria ter considerado antes de tocar com a caneta no papel. Elas escrevem para você. Elas ligam
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CALE A BOCA E ESCUTE.
se você quer ser escritor, tem que ser leitor primeiro.
Elas estão em toda parte e em todas as profissões. Elas não querem correr atrás, querem a parte delas aqui e agora. Elas não querem ouvir suas ideias, só querem dizer as delas. Elas não querem ir a shows, mas empurram panfletos para você na calçada e gritam para ir ao delas. Você deve sentir pena dessas pessoas e dos seus delírios. Em algum momento, vão cair em si e perceber que o mundo não deve nada a ninguém.
Se você quer fãs, tem que ser um fã. Se quiser ser aceito por uma comunidade, você deve ser primeiro um bom cidadão daquela comunidade. Se só está mostrando seu próprio material na internet, está fazendo tudo errado. Você tem que ser um elo. O escritor Blake Butler chama isso de ser um nó aberto. Se você quer ter, tem que dar. Se quer ser notado, tem que perceber. Cale a boca e ouça de vez em quando. Seja cuidadoso. Seja atencioso. Não se transforme em um spam humano. Seja um nó aberto.
Se quer seguidores, seja alguém digno de seguir. Donald Barthelme supostamente disse a um de seus alunos: “Você já tentou se tornar uma pessoa mais interessante?” Parece uma coisa meio cruel de se dizer, a menos que você pense na palavra “interessante” como o escritor Lawrence Weschler. Para ele, ser “interessante” é ser curioso e atento e praticar “a projeção contínua do interesse”. Mais simples: se quer ser interessante, tem que ser interessado.
“Ser bom no que faz é a única maneira de se tornar influente e fazer contatos.”
Faça coisas que ama e converse sobre elas, e você irá atrair pessoas que gostam das mesmas coisas. É simples assim. Não seja assustador. Não seja um idiota. Não desperdice o tempo das pessoas. Não pergunte demais. E nunca peça para ninguém segui-lo. “Me segue? Sigo de volta” é a frase mais triste da internet.
“Se algo o excita, vá em frente e faça. Se algo o drena, pare de fazê-lo.” — Derek Sivers
Brancusi praticou o que eu chamo de Teste do Vampiro. É uma maneira simples de saber quem você deve ter na sua vida ou deixar de fora dela. Se depois de sair com alguém você se sentir desgastado e esgotado, essa pessoa é um vampiro. Caso saia com alguém e ainda se sinta cheio de energia, essa pessoa não é um vampiro. É claro que o Teste do Vampiro contempla muitas coisas em nossas vidas, não apenas pessoas. Você pode aplicá-lo a trabalhos, passatempos, lugares etc. Vampiros não podem ser curados. Se encontrar um, faça como Brancusi e o afaste da sua vida para sempre.