A Morte é um Dia Que Vale a Pena Viver
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Read between February 28 - March 3, 2022
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Presente não apenas fisicamente, mas presente com nosso tempo, nosso movimento. Só nessa presença é que a morte não é o fim.
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Cabia todo o sofrimento dela dentro daquelas mãos enormes.
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Como Nietzsche, eu também acreditava que o Homem tolera qualquer “como” se tiver um “porquê”.
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minha vida ficou plena de sentido quando descobri que tão importante quanto cuidar do outro é cuidar de si.
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Pessoas que lidam com tanto sofrimento que acabam por incorporar a dor que não lhes pertence. E ali estava eu, vivendo a maior dor da minha carreira, resultado do meu melhor dom: empatia. Ironia?
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todo o trabalho de cuidar das pessoas na sua integralidade humana só poderia fazer sentido se, em primeiro lugar, eu me dedicasse a cuidar de mim mesma e da minha vida.
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Sempre digo que medicina é fácil. Chega a ser até simples demais perto da complexidade do mundo da psicologia. No exame físico, consigo avaliar quase todos os órgãos internos de um paciente. Com alguns exames laboratoriais e de imagem, posso deduzir com muita precisão o funcionamento dos sistemas vitais. Mas, observando um ser humano, seja ele quem for, não consigo saber onde fica sua paz. Ou quanta culpa corre em suas veias, junto com seu colesterol. Ou quanto medo há em seus pensamentos, ou mesmo se estão intoxicados de solidão e abandono.
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depender do espaço que essa pessoa doente ocupa na família, temos momentos de grande fragilidade de todos que estão ligados por laços afetivos, bons ou ruins, fáceis ou difíceis, de amor ou de tolerância, até mesmo de ódio.
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Pode não haver tratamentos disponíveis para a doença, mas há muito mais a fazer pela pessoa que tem a doença.
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Teimosia ou determinação dizem respeito à mesma energia, mas são identificadas somente no fim da história. Se deu errado, era teimosia. Se deu certo, era determinação.
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Sem esse equilíbrio, é impossível dar o meu melhor no que faço. Preciso oferecer o melhor do meu conhecimento técnico junto com o melhor que tenho dentro de mim, como ser humano.
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impressionante como todos adquirem uma verdadeira “antena” captadora de verdade quando se aproximam da morte e experimentam o sofrimento da finitude. Parecem oráculos. Sabem tudo o que realmente importa nesta vida com uma lucidez incrível. Como recebem acesso direto à própria essência, desenvolvem a capacidade de ver a essência das pessoas à sua volta. Não há fracasso diante das doenças terminais: é preciso ter respeito pela grandeza do ser humano que enfrenta sua morte. O verdadeiro herói não é aquele que quer fugir do encontro com sua morte, mas sim aquele que a reconhece como sua maior ...more
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pessoas morrem como viveram. Se nunca viveram com sentido, dificilmente terão a chance de viver a morte com sentido.
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Estar presente ao lado de alguém que precisa de Cuidados Paliativos não é viver pelo outro o que ele tem para viver.
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Compaixão vai além da capacidade de se colocar no lugar do outro: ela nos permite compreender o sofrimento do outro sem que sejamos contaminados por ele. A compaixão nos protege desse risco. A empatia pode acabar, mas a compaixão nunca tem fim. Na empatia, às vezes cega de si mesma, podemos ir em direção ao sofrimento do outro e nos esquecermos de nós. Na compaixão, para irmos ao encontro do outro, temos que saber quem somos e do que somos capazes.
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Quem cuida do outro e não cuida de si acaba cheio de lixo. Lixo de maus cuidados físicos, emocionais e espirituais. E lixos não servem para cuidar bem de ninguém. Simples assim.
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Morreremos antes da morte quando nos abandonarmos. Morreremos depois da morte quando nos esquecerem.
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A conexão consigo mesmo, com o outro, com a natureza, com o mundo à sua volta e com o que cada um de nós considera sagrado exige, antes de tudo, um estado de presença.
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“A morte será meu maior acontecimento individual.”
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“Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada.”
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Então, quando estamos diante da morte de alguém, que fique bem claro para nós: aquela pessoa está olhando para o caminho que percorreu e tentando entender o que fez para chegar até ali – e se a viagem valeu a pena.
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É preciso ter muito cuidado com as “palavras” de Deus recitadas pelos homens, pois elas falam muito mais sobre quem diz do que sobre Deus.
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Às vezes a gente pensa que Deus é surdo e demente também. Tem gente que grita, que repete loucamente a mesma oração centenas de vezes.
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Ter fé é diferente de acreditar;
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Os grandes dramas humanos são muito semelhantes. “Estou magoado com a maior parte das pessoas aqui, mas ninguém sabe” é um deles. “Estou com muita raiva de você, mas não vou te falar” é outro. “Não quero falar porque não consigo, não lido bem com conflito” é igualmente comum.
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O tratamento mais curativo que existe é a expressão honesta do que sentimos.
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Sentindo a dor, podemos curar a alma lacrada dentro da mágoa. Só tem cicatrizes quem sobreviveu; quem deixou a ferida aberta, morreu mal.
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Quando aceitamos que nosso trabalho se distancie da nossa essência, temos a sensação de tempo desperdiçado, principalmente se preferimos nossa essência ao nosso trabalho.
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Se não posso estar presente junto ao outro, se preciso de momentos para me conectar comigo mesma, fico em paz com essa decisão. Faço terapia, meditação, arte e poesia: qualquer atividade que possa me conectar com a essência do que sou me ensina e me traz a plena certeza de que o mundo gira apesar de eu não estar empurrando.
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Fazer o bem para ser feliz na vida é diferente de fazer o bem para se dar bem no trabalho.
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Tudo o que recebemos pelo nosso trabalho tem a mesma energia que depositamos em nosso trabalho.
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A energia que vem de um trabalho que não traz sentido à nossa vida é uma energia ruim, também. Com o dinheiro compraremos comida que vai estragar mais rápido, teremos um carro que vai quebrar a toda hora, entraremos para uma academia que não teremos tempo de frequentar. Compraremos roupas que não usaremos, cursos que esqueceremos. Quando observamos nossa vida e percebemos que vivemos comprando bens que não cumprem sua função de nos fazer viver melhor, pode ser que haja algo errado na origem do dinheiro.
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Estar com os amigos muitas vezes faz com que experimentemos o estado de presença de um jeito alegre e agradável.
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Precisamos da compaixão para permanecer no espaço sagrado da relação, do encontro.
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A palavra tem poder de transformação e de destruição muito maior do que qualquer tratamento médico.
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silêncio tem tanto poder quanto a palavra.
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É o extintor de incêndio mais apropriado para esse tipo de fogo. Para apagar um fogo na floresta é preciso água; fogo de eletricidade pede espuma e fogo de palavras exige silêncio.
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Quando estamos muito mal, melhor não fazer, se calar ou avisar que não estamos bem.
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Talvez o jeito mais fácil de viver bem seria incorporar no nosso dia estas cinco nuances da existência: demonstrar afeto, permitir-se estar com os amigos, fazer-se feliz, fazer as próprias escolhas, trabalhar com algo que faça sentido no seu tempo de vida, e não só no tempo de trabalhar. Sem arrependimentos.
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O primeiro diz respeito ao perdão, a si mesmo e ao outro. O segundo é saber que o que foi vivido de bom naquela realidade não será esquecido. O terceiro é a certeza de que fizemos a diferença naquele tempo que termina para a nossa história, deixando um legado, uma marca que transformou aquela pessoa ou aquela realidade que agora ficará fora da sua vida.
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É a entrega total à experiência que permite o desapego. Entramos naquela relação, naquele trabalho, naquela realidade com o melhor de nós; transformamo-nos, entregamo-nos àquele encontro, e uma hora ele acabou. Seguimos nosso caminho levando o que aprendemos, e é isso que fará com que possamos entrar em outra relação, em outro emprego, em outra carreira, em outro sonho de vida.
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O trabalho que deveria ser para sempre nunca fez ninguém feliz no presente.
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Escolhemos ser vítimas. Não deveríamos.
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“De repente você sumiu de todas as vidas que você marcou.”
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Meu pai morreu, mas continua sendo meu pai. Tudo o que me ensinou, tudo o que me disse, tudo o que vivemos juntos continua vivo em mim. As duas únicas verdades com que preciso aprender a lidar a partir da morte dele são estas: primeiro, que ele se tornou invisível; segundo, que não teremos um futuro compartilhado na nossa relação.
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Mas, a depender de como eu decidir viver meu luto por sua morte, saberei encontrá-lo dentro de mim nessas experiências que ainda me aguardam.
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Se aquela pessoa trouxe amor, alegria, paz, crescimento, força e sentido de vida, então não é justo que tudo isso seja enterrado junto com um corpo doente. É por meio dessa percepção de valor da relação que o enlutado vai emergindo de sua dor.
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Quando perdemos definitivamente a conexão com alguém importante, alguém que para nossa vida representou um parâmetro de nós mesmos, é como se nos privássemos da capacidade de reconhecer a nós mesmos.
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No dia da morte, entramos na caverna, e a saída não é pela mesma abertura por onde entramos, pois não encontraremos a mesma vida que tínhamos antes. A vida que será conhecida a partir da perda nunca será a mesma de quando a pessoa amada estava viva. Para sair dessa caverna do luto é preciso cavar a própria saída. Por isso dizemos que existe um trabalho, algo ativo, construído em direção a uma nova vida. Cavar a saída da caverna do luto demanda ação, força, esforço. E as pessoas enlutadas sentem um cansaço intenso, existencial e físico. Não é possível convocar alguém para entrar conosco nessa ...more
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A tarefa mais sensível do luto é restabelecer a conexão com a pessoa que morreu por meio da experiência compartilhada com ela.
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