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October 19 - December 25, 2022
minha vida ficou plena de sentido quando descobri que tão importante quanto cuidar do outro é cuidar de si.
E a mais dolorida era: como eu lido com a dor do outro sem tomá-la para mim?
Conversar com os amigos que tenho hoje me irrita, pois todos têm as mesmas queixas há anos. Por que as pessoas não mudam? Por que eu não mudo? De vida, de cabelo, de país, de planeta? Exausta, sinto a dor forte na lombar, mas não me mexo. Mereço a companhia dessa dor.
todo o trabalho de cuidar das pessoas na sua integralidade humana só poderia fazer sentido se, em primeiro lugar, eu me dedicasse a cuidar de mim mesma e da minha vida.
posso cuidar do sofrimento do outro porque estou cuidando do meu.
As pessoas morrem como viveram. Se nunca viveram com sentido, dificilmente terão a chance de viver a morte com sentido.
Compaixão vai além da capacidade de se colocar no lugar do outro: ela nos permite compreender o sofrimento do outro sem que sejamos contaminados por ele. A compaixão nos protege desse risco. A empatia pode acabar, mas a compaixão nunca tem fim. Na empatia, às vezes cega de si mesma, podemos ir em direção ao sofrimento do outro e nos esquecermos de nós. Na compaixão, para irmos ao encontro do outro, temos que saber quem somos e do que somos capazes.
Muita gente diz ter medo da morte. E me espanto quando vejo como vivem: bebem além da conta, fumam além da conta, trabalham além da conta, reclamam além da conta, sofrem além da conta. E vivem de um jeito insuficiente. Gosto de provocar dizendo que são pessoas corajosas. Têm medo da morte e se apressam loucamente em encontrá-la.
Morreremos antes da morte quando nos abandonarmos. Morreremos depois da morte quando nos esquecerem.
Seja como expectadores, seja como protagonistas, a morte é um espaço aonde as palavras não chegam.
A experiência do tempo pode passar despercebida, mas também podemos viver um momento que dure cinco minutos e que seja tão incrível, tão especial que se tornará eterno em nossa lembrança. O tempo transformador não depende da duração.
Infelizmente, nossa cultura é faltante. Falta maturidade, integridade, realidade. O tempo acaba, mas a maioria das pessoas não percebe que, quando olha o relógio repetidas vezes esperando o fim do dia, na verdade estão torcendo para que o tempo passe mais rápido e sua morte se aproxime mais depressa. Mas o tempo passa no tempo dele, indiferente à torcida para apressar ou retardar sua velocidade. O que separa o nascimento da morte é o tempo. A vida é o que fazemos dentro desse tempo; é a nossa experiência. Quando passamos a vida esperando pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelas férias, pelo
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Agora percebo claramente que a maior parte dos animais pensantes e conscientes de nossa espécie se comporta de maneira instintiva e cruel, não se aprofundando em seus pensamentos, sentimentos e atitudes.
E é só pela consciência da morte que nos apressamos em construir esse ser que deveríamos ser.
“Cintilante é a água em uma bacia; escura é a água no oceano. A pequena verdade tem palavras que são claras; a grande verdade tem grande silêncio.”
Sabemos que não se pode ficar quietinho e pensativo na sociedade de hoje. Seremos rapidamente questionados: “O que está acontecendo com você? Você não pode desanimar! Você tem que lutar! Tenha fé!” Parece não ser permitido olhar para o sentido de tudo o que está acontecendo e buscar a nossa essência de vida.
Quando dizemos que nos sentimos plenos é porque estamos com o pensamento, o sentimento, a atitude e o corpo, todos juntos, no mesmo lugar, ao mesmo tempo.
Quando não houver mais tempo, dará tempo de ser feliz?
pois cada pessoa que surge diante de nós é um novo modelo de vida, um novo universo. Esse universo é algo tão grandioso, e ao mesmo tempo tão único e complexo, que expõe a nossa pequenez.
“Eu gostaria de ter priorizado as minhas escolhas em vez de ter feito escolhas para agradar aos outros.”
Se podemos ser nós mesmos e se isso fizer de nós seres amados apenas pelo que somos, isso é felicidade, é completude. No entanto, se precisamos nos tornar outra pessoa para nos considerarmos amados, há algo errado.
É quase certo que nos arrependeremos; não podemos ser aquilo que representamos para o outro. É um caminho muito perigoso.
“Eu deveria ter feito de mim mesmo uma pessoa mais feliz.”
Talvez o jeito mais fácil de viver bem seria incorporar no nosso dia estas cinco nuances da existência: demonstrar afeto, permitir-se estar com os amigos, fazer-se feliz, fazer as próprias escolhas, trabalhar com algo que faça sentido no seu tempo de vida, e não só no tempo de trabalhar. Sem arrependimentos.

