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Nesse templo, as luzes são fracas, as pessoas se ajoelham e hinos solenes são entoados. Mas o altar perante o qual todos os homens se ajoelham não é mais o da carne perfeita, do corpo e da substância do homem perfeito; ainda é de carne, mas de carne doente.
Quem nada espera vê as rosas mais vermelhas do que os homens comuns, vê a grama mais verde e o sol mais brilhante. Bem-aventurados os que nada esperam, pois possuirão as cidades e as montanhas; bem-aventurados os mansos, pois possuirão a Terra. Até que percebamos que as coisas podem não ser, não podemos perceber que as coisas são. Até que vejamos o fundo negro, não podemos admirar a luz como uma coisa criada e única. Tão logo tenhamos visto a escuridão, toda luz será iluminadora, brilhante, ofuscante e divina.
Daí a dificuldade que enfrentam as “religiões não-denominacionais”. Afirmam incluir o que há de belo em todos os credos, mas parecem, para muitos, ter reunido tudo o que há de enfadonho.
Bebei, pois Eu sei de onde vindes e por quê. Bebei, pois Eu sei aonde ireis e quando”.
Começa a ser alguma coisa alienígena, alguma coisa estranha, somente quando se parece conosco. Quando uma árvore realmente se parece com um homem, nossos joelhos começam a tremer. E quando todo o universo se parece com um homem, prostramo-nos em reverência.
O que tememos em nossos vizinhos, em suma, não é a estreiteza de horizontes, mas a soberba tendência a ampliá-los.
Escolhemos os amigos, escolhemos os inimigos; mas Deus escolhe nosso vizinho.261 Por isso, chega até nós coberto de todos os imprudentes pavores da natureza; é tão estranho quanto as estrelas, tão precipitado e indiferente quanto a chuva. Ele é o homem, o mais terrível dos animais. Por isso as antigas religiões e a antiga linguagem das Escrituras mostravam perspicácia e sabedoria quando falavam não da obrigação para com a humanidade, mas da obrigação para com o próximo.
Quando entramos numa família, por termos nascido, entramos num mundo incalculável, num mundo que tem leis próprias e estranhas, num mundo que poderia existir sem a nossa presença, um mundo que não criamos.
A coisa que mantém a vida romântica e plena de ardentes possibilidades é a existência de grandes limitações naturais que nos forçam a enfrentar as coisas das quais não gostamos ou pelas quais não esperamos.
Usar uma coisa em vão significa usá-la de forma inútil. Mas um gracejo pode ser extraordinariamente útil; pode encerrar um sentido completamente terreno, sem mencionar um sentido completamente celestial da situação.
Para as inteligências muito grandiosas as coisas sobre as quais os homens concordam são incomensuravelmente mais importantes do que as coisas sobre as quais discordam, as quais, para efeitos práticos, desaparecem.
Mas os homens confiam em grandes homens porque não confiam em si mesmos. E assim, a adoração de grandes homens sempre aparece em tempos de fraqueza e covardia. Não ouvimos falar de grandes homens até o momento em que todos os homens sejam minúsculos.

