O problema do "orador talentoso” (Portuguese Edition)

by Stephen C. Perks

Então, por que as pessoas buscam esses “dons”, essas “competências comunicativas” em seus pregadores? O quê você busca em um pregador? O quê sua Igreja busca em um pregador? O quê você busca na pregação? Um teatrinho espetacular ou uma exposição tal da Palavra de Deus que lhe ajude a entender o seu dever de servi-lo? A pregação que lhe causa arrepios e agitação ou a que lhe dá recursos para o serviço no reino de Deus? A pregação que lhe faz admirar o pregador e seus “dons” admiráveis ou a que chama você para fazer sacrifícios em prol da obra do Reino? O que é importante para você? Frequentar a igreja de um “orador talentoso” ou a igreja com programa permanente para treinar seus membros para o serviço no mundo, o nosso campo missionário?

O estado de agitação emocional criado com o amedrontamento de pessoas para convertê-las ao cristianismo, mantendo-as penduradas sobre o inferno, por exemplo, é bem comprovado (Jonathan Edwards é muitas vezes acusado disso por causa de seu sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”). Nesse estado de comoção emocional, talvez até de esgotamento emocional, as pessoas estão suscetíveis a todo tipo de influências e ideias às quais de outra maneira não estariam. Essa técnica produz um estado geral de sugestibilidade em que elas são facilmente reprogramadas para aceitarem ideias, crenças e comportamentos contrários à sua melhor consciência anterior.

Mesmo nas igrejas modernas em que tal alvoroço emocional é criado, líderes e “oradores talentosos” sem escrúpulos podem usá-la para se aproveitarem emocionalmente de pessoas confusas. Nesse estado, as pessoas podem ser influenciadas tanto para o mal como para o bem. A condição dessa euforia emocional é não específica. Só porque esse clima emocional foi criado por um “orador talentoso” na reunião de uma Igreja não significa que as pessoas submetidas a isso estão abertas apenas às sugestões consistentes com os ensinamentos e a ética cristãs. Não estão mesmo. Estão abertas a toda sorte de sugestões, e charlatões usam essas técnicas para manipular as pessoas em benefício de si mesmos. Podem até pregar o evangelho, mas ainda usam esse estado de agitação emocional para induzirem as pessoas a cumprirem suas injunções, seja para darem ofertas acima do que podem, se envolverem em comportamento sexual imoral, ou se submeterem totalmente ao controle do líder “carismático” — e todas essas coisas à guisa de consolação. Não obstante, mesmo que se implante bom comportamento no “convertido” ainda é a aplicação de uma técnica psicológica, não o resultado da obra do Espírito Santo na vida do “convertido”, embora, é claro, isso lhe seja atribuído pelo “orador talentoso”, pelo convertido e pela congregação. Todavia o Espírito Santo não atua dessa forma. A Bíblia nos diz que a conversão genuína é resultado da renovação da mente mediante a aplicação da Palavra de Deus pelo Espírito Santo (Rm 12...