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Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia.
O pequeno sentou-se, acomodou nas pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma história. Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca.
Todos o abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia.
Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto.
Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior.
Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.
Se ao menos pudesse recordar-se de fatos agradáveis, a vida não seria inteiramente má.
Mas achava-se desamparada e miúda na solidão, necessitava um apoio, alguém que lhe desse coragem. Indispensável ouvir qualquer som. A manhã, sem pássaros, sem folhas e sem vento, progredia num silêncio de morte.
Não voltariam nunca mais, resistiriam à saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta de espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes.
Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos.

