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Mas não quero que nenhum ser humano que conheço fique deitado a noite toda, encarando o teto até parecer que ele vai desabar, não se eu puder evitar.
Cada ano que passava pela cidade parecia rastejar moribundo para dentro dessa casa, de modo que ela finalmente se tornou o cemitério dos anos, um caixão cheio de décadas mortas.
O término é, ao mesmo tempo, um desligamento.
Sei muito bem que nossos únicos tiranos são justamente aqueles de quem precisamos. Então,
Minha! Amada! Como o mundo pôde existir enquanto você ainda não estava aqui?
E querem saber como terminou? Eu vejo um ser humano vindo do alvorecer do mundo. Ele é lindo como o mundo e tem um coração ardente. Ele adora caminhar pelas montanhas, oferecendo seu peito ao vento e conversando com as estrelas. É muito forte e domina todas as criaturas. Ele sonha com Deus e se sente ligado a ele. Suas noites são cheias de rostos.
Ele lhes dará algo mais precioso do que tudo que um ser humano poderia lhes dar: a capacidade de tornarem-se livres sem que se tornem culpados.
Um humano? Não era humano. Eram restos de um humano, com o dorso meio apoiado à parede, meio recostado, e nos pés esqueléticos, que quase tocavam os joelhos da garota, os sapatos estreitos eram pontiagudos e vermelhos.
Falava praticamente todas as línguas vivas, como se sua mãe o tivesse ensinado a rezar e seu pai a praguejar em todas elas.
Maohee é um narcótico; mas onde gatos ficam ao lado de leões? Maohee está além da terra. É o divino, o único, porque é o único que nos faz sentir a embriaguez dos outros.
Quero vítimas, e as vítimas não me satisfazem! Rezem para mim e saibam: eu não escuto vocês! Gritem para mim: Pater noster! Saibam: sou surdo!
Então, Georgi é um trabalhador? – É. Eu o encontrei diante da máquina de Paternoster. Tomei o seu lugar e o enviei a você.
Por mais estranho que possa parecer: ele o ama. – O Homem Magro ama todas as suas vítimas. O que não o impede, como o carrasco mais atencioso e terno, de prostrá-las aos pés do meu pai.
Você ama uma mulher. A mulher não te ama. Mulheres que não amam são caras. O senhor quer comprar essa mulher.
No meio da sala, cheia de brilho cortante, estava Joh Fredersen, segurando uma mulher nos braços. E a mulher era Maria. Ela não resistia. Bem curvada nos braços do homem, ela oferecia a boca, a boca sedutora, aquela risada mortal…
Josafá observava o homem que o escolhera como amigo e irmão, a quem ele havia traído e para quem ele havia voltado.
ombro de Freder. E, de repente, como se sua alma fosse um jarro cheio que, ao
Ela já havia testemunhado uma das máquinas de Joh Fredersen esmagando as pessoas como se fossem madeira seca. Ela gritou para Deus. Ele não a ouviu. Ela foi ao chão e nunca mais se levantou.
Ele me destruiu, Maria, ele me destruiu! Roubou a mulher que era minha e que eu amava. Não sei se a alma dela sempre esteve comigo. Mas sua compaixão estava comigo e fez com que eu me sentisse um homem bom. Joh Fredersen levou a mulher de mim. Me deixou
romper com sua teimosia: acha que estou mantendo você aqui por brincadeira? Acha que Joh Fredersen não tinha nenhuma outra forma de tirar você dos olhos de seu filho, além de trancá-la atrás do selo de Salomão de minha porta? Ah, não, Maria, ah, não, minha adorável Maria! Não ficamos ociosos durante todos esses dias! Roubamos sua linda alma, sua doce alma, o terno sorriso
Fredersen não quer mais a paz, entende? Ele quer a decisão! A hora é esta! Seu eu roubado não deve mais advogar pela paz, porque através dele fala a boca de Joh Fredersen. E entre seus irmãos haverá alguém que a ama e que não a reconhecerá, que ficará em dúvida sobre sua identidade, Maria…
Velas queimavam, com suas chamas em forma de espada. Espadas de luz, estreitas e brilhantes, formavam um círculo em volta da cabeça de uma garota...
Na sua manhã, em seu meio-dia, no seu fim de tarde, na sua noite, a máquina uiva por comida, por comida, por comida! Vocês são a comida! Vocês são a comida viva!
A multidão desvencilhou-se e continuou avançando. Sobre os ombros da multidão, a garota dançava e cantava. Cantava com a boca dos pecados capitais, vermelha como sangue:
O coração de Metrópolis, a cidade-máquina, vivia em um salão branco semelhante a uma catedral. O coração de Metrópolis, a cidade-máquina, era guardado por um único homem. O nome do homem era Grot,
Freder, uma ruína humana, parado sozinho na monstruosidade do prédio circular, ouvia o uivo suave da Nova Torre de Babel, profundo e sibilante como uma respiração, cada vez mais alto e mais claro.
Porque Metrópolis tinha um cérebro. Metrópolis tinha um coração. O coração de Metrópolis, a Cidade das Máquinas, morava em um salão branco semelhante a uma catedral. O coração da cidade-máquina Metrópolis havia sido vigiado até hoje por um único homem. O coração de Metrópolis, a cidade-máquina, era uma máquina e um universo em si.
Se a alavanca fosse posta na posição 3, então o jogo já se punha em marcha. Não era mais possível distinguir os raios cintilantes… Um leve arfar saía dos pulmões da máquina.
E justamente agora ela estava na posição 12. A mão de uma jovem, mais delicada que vidro, tinha empurrado a alavanca maciça, antes na posição de “Segurança”, até a posição 12. O coração de Metrópolis, a grande cidade de Joh Fredersen, começara a ficar febril, afligido por doenças fatais, lançando ondas vermelhas de febre sobre todas as máquinas que alimentavam sua pulsação.
Agora estou aqui de joelhos e pergunto: por que permite que a morte ponha as mãos nesta cidade que é sua? – Porque a morte está sobre a cidade segundo a minha vontade.
A cidade deve perecer, Freder, para que você possa reconstruí-la… – Eu? – Você.
Ele morreu, Freder, principalmente porque se atreveu a estender as mãos para agarrar a garota que você ama.
Deus não pode ouvi-la! Desde que cheguei à terra na forma de um Grande Dilúvio, a fim de corromper todos os seres, exceto os da arca de Noé, Deus é surdo ao clamor de suas criaturas.
Desde sua fuga da casa de Rotwang, ela havia sido jogada de horror em horror, sem poder assimilar um deles sequer.
profundezas, se empilhavam os cadáveres das máquinas mortas até a altura de um prédio, elas, que tinham sido o terrível brinquedo da multidão quando a loucura invadiu Metrópolis.
Freder tropeçou em direção à Casa da Torre, onde o coração da grande cidade-máquina de Metrópolis estava vivo.
A mulher matou minha máquina! A maldita mulher liderou a horda! A mulher sozinha empurrou a alavanca para a posição 12! Eu vi enquanto eles me pisoteavam! A mulher tem que se afogar lá embaixo! Eu vou matar essa mulher!
que o rugido de Azrael, o anjo da morte, se impunha tão profundamente?
Ela não ouviu o grito animalesco de mulheres ao avistarem a garota que cavalgava os ombros de seus dançarinos, nem quando essa garota foi derrubada, atropelada, capturada e pisoteada – não viu a luta curta, horrível e desesperançada dos homens de fraque com os homens de linho azul, nem a fuga ridícula das mulheres seminuas diante das garras e dos punhos das mulheres dos trabalhadores.
desligamento das máquinas destruíra também a estação de bombeamento, a proteção de sua cidade,
Gritos de pessoas… Ele esperava ter se livrado delas. Mas aparentemente o todo-poderoso Criador não conseguia seguir sem as pessoas. Bem, não importava.
Freder chegou a Rotwang... que soltou Maria. Ela caiu. Ela caiu, mas na queda conseguiu se segurar, apoiando-se na foice de ouro da lua sobre a qual estava a donzela coroada de estrelas.
tese central de Thea von Harbou de que o coração deve ser o intermediário entre o cérebro e a mão foi ridicularizada como banal.
A versão completa, com exceção de algumas cenas perdidas, só foi novamente disponibilizada em 2008, quando foi encontrada uma cópia em uma cinemateca de Buenos Aires. O crítico de cinema Hans Langsteiner comentou sobre essa versão restaurada,
racionalidade sem limites de uma sociedade estratificada perfeitamente organizada, com uma classe proprietária vivendo em luxo e uma operária anarquista e revoltosa que deve ser substituída por máquinas.
Rotwang persegue sua vingança particular porque perdeu Hel, a mulher que amava, para Fredersen. E assim dá à sua máquina a aparência de Hel, que é, ao mesmo tempo, a aparência de Maria, a alma da classe trabalhadora, que encarna tudo o que é bom e belo nas mulheres. Assim, a mulher, que, muito peculiar, se chama Maria, se opõe a um desagradável duplo, que incita os trabalhadores a se revoltarem e derrubarem Fredersen.
por um lado, adoração à máquina, por outro, a sabotagem ludita das máquinas. A matéria do livro não é a tecnologia, é a emoção. A linguagem do romance, o sentimento exagerado, é hoje mais do que nunca percebida como kitsch, e seus componentes estão no campo do simbolismo.
era casado, ela também. Aliás, a morte da primeira esposa de Fritz Lang, Lisa Rosenthal, é só um dos muitos mistérios não explicados da história de Von Harbou e Lang, já que Thea estaria presente quando Rosenthal cometeu suicídio com uma arma de fogo. O que não é mistério é que o casal tinha uma aliança artística e erótica das mais férteis,
e a produção mais cara de sua época e de muito tempo depois – justifica o impacto que ele causa até hoje, mesmo em tempos de CGI e orçamentos estratosféricos.
O filme é, mesmo com todos os seus defeitos, um de nossos poucos clássicos cinematográficos, e isso porque oferece ícones. Os exageros visuais são metáforas que grudam na mente. Lang viu pela primeira vez as torres

