A Divina Comédia (Portuguese Edition)
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“Em toda parte impera onipotente, Mas tem no Empíreo sua augusta sede: 129 Feliz, por ele, o eleito à glória ingente!”
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“Que fazes, pois? Por que, por que domina Tanta fraqueza o peito espavorido? 123 Por que ao valor tua alma não se inclina, “Quando és pelas três santas protegido, Que na corte do céu por ti se esmeram, 126 E gozar tanto bem lhe é prometido?”
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Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança!”
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A mente aquele horror me perturbando, Disse a Virgílio: — “Ó Mestre, que ouço agora? 33 “Quem são esses, que a dor está prostrando?” — “Deste mísero modo” — tornou — “chora Quem viveu sem jamais ter merecido 36 Nem louvor, nem censura infamadora. “De anjos mesquinhos coro é-lhes unido, Que rebeldes a Deus não se mostraram, 39 Nem fiéis, por si sós havendo sido”. “Desdouro aos céus, os céus os desterraram; Nem o profundo inferno os recebera, 42 De os ter consigo os maus se gloriaram”.
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“Não lhes é dado nunca esperar morte; É tão vil seu viver nessa desgraça, 48 Que invejam de outros toda e qualquer sorte. “No mundo o nome seu não deixou traça; A Clemência, a Justiça os desdenharam. 51 Mais deles não falemos: olha e passa”.
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“Ó condenados, 84 Ai de vós! — alta grita levantando. “O céu nunca vereis, desesperados: Por mim à treva eterna, na outra riva, 87 Sereis ao fogo, ao gelo transportados.
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“Por seu merecimento ou pelo alheio Daqui alguém ao céu já tem subido?” 51 Da mente minha ao alvo o Mestre veio, E falou-me: “Des’pouco aqui trazido, Descer súbito vi forte guerreiro; 54 De triunfal coroa era cingido. “Almas levou — do nosso pai primeiro, Abel, Noé, Moisés, que legislara, 57 Abraão, na fé, na obediência inteiro, “Davi, que sobre o povo hebreu reinara, Israel com seu pai e a prole basta, 60 E Raquel, por quem tanto se afanara. “Para a glória outros muitos mais afasta Do Limbo; e sabe tu que antes não fora 63 Salvo quem pertencera à humana casta”.
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“Não há” — disse — “tormento mais dorido Que recordar o tempo venturoso 123 Na desgraça. Teu Mestre o tem sentido.
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“Ciência nossa do porvir depende; Em sendo a porta do porvir cerrada, 108 Essa luz morre em nós, não mais se acende”.
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“Mas olha o vale: o rio é não distante De sangue, onde verás fervendo aquele, 48 Que violência exerceu no semelhante.
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Ó vingança de Deus, quem não te adora Nos tremendos efeitos meditando, 18 Que eu próprio olhei, que a minha voz memora!
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“Morto sou qual fui vivo!”
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“Sabe, em suma, que clérigos havendo Todos sido e letrados mui famosos. 108 Se mancharam num só pecado horrendo.
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“De ouro a vossa cobiça um Deus fazia: Por um dos que os gentios adoraram 114 Abrange cento a vossa idolatria.
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“Aqui piedade é morte em toda mente: Quando Deus condenou, quem mais malvado 30 Do que esse, que ternura por maus sente?
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Contra os pecados na final vingança, 120 Ó Justiça de Deus, quanto és severa!
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Folga, ó Florença! A fama tens tão grande, Que asas bates por terra e mar, vaidosa! 3 Até no inferno o nome teu se expande! Entre os ladrões, ó coisa vergonhosa! Principais cinco achei, que em ti nasceram: 6 Serás por honra tal, vangloriosa?
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“Quem firmeza não tem nos pensamentos, Do fim se aparta, a que alma se endereça 18 E, assim, malogra, instável, seus intentos.
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te engana o desejo que te instiga.
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Busca, ó mísera Itália, diligente No mantimo teu, busca em teu seio: 87 Onde acha paz a tua infausta gente?
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Se, Florença, contigo se comparam, Que em novembro tens visto revogadas 144 Leis sutis, que em outubro se forjaram.
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Cristãos soberbos, míseros, perdidos, Cegos da alma, que haveis pra trás andado, 123 De tanta confiança possuídos, Que vermes somos não vos está provado, De que surge a celeste borboleta, 126 Que incerta voa ao tribunal sagrado?
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Ó gente humana, para o céu nascida, 96 Por que decaís do vento a um sopro incerto?
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“Fui Lombardo e de Marco o nome havia; O mundo experimentei, feitos amando, 48 Pelos quais ninguém mais hoje porfia.
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“O mundo de virtude está deserto; Tens sobeja razão, quando o lamentas, 60 Impa de mal, de vícios é coberto.
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“Bens sobre o mundo havendo derramado, Tinha Roma dois sóis, que alumiaram 108 O caminho de Deus e o do Estado.  “Um ao outro apagou, e se ajuntaram Do Bispo o bago e do guerreiro a espada: 111 Por viva força unidos, mal andaram.
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Pelo ar luminoso se esparzia Dulcíssima harmonia: e em zelo ardendo 24 De Eva o feito imprudente eu repreendia, Pois, céu e terra a Deus humildes vendo, A mulher só, que a vida começara, 27 Violava o preceito, os véus rompendo. Se fiel fora e as ordens respeitara, Mais cedo e por mais tempo essa morada, 30 Em delícia inefável, eu gozara.
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Muito do que é na terra defendido, No Paraíso é dado à humana gente, 57 A quem fora por dote prometido.
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“Para portos diferentes navegando No vasto mar do ser, cada qual segue 114 Os instintos que Deus lhe deu, criando. “Por Ele a flama à lua alar consegue, Por Ele o coração mortal se agita 117 E a terra em sua contração prossegue. “Seu poder não somente se exercita, Qual arco em seta, em bruto inconsciente, 120 Mas nos entes, que amor, razão concita. “Tudo ordenando, o Autor Onipotente Com sua luz tem o céu sempre aquietado, 123 Em que gira o que vai mais velozmente.
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Cristãos! não sede pluma a qualquer vento!
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“Aceitar não querendo, obediente, Saudável freio, o homem, sem mãe nado, 27 Perdeu-se a si, perdeu a humana gente. “Muitos séculos enferma do pecado, Jazeu ela não erro engrandecido 30 Té que o Verbo de Deus fosse encarnado. “Por ato só do Eterno Amor, unido À natureza se há, que ao mal se dera, 33 Depois de esquiva ao Criador ter sido. “No que vou te dizer bem considera. A natureza, a que se uniu benigno 36 Em pessoa, nasceu boa e sincera. “Por si mesma, fugindo em desatino Da vereda da vida e da verdade, 39 Do Paraíso se exilou divino. “Da Cruz a pena, em face da maldade Da natureza, a que ...more
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“Aos homens de tais bens cabe a partilha: De tais predicados se um falece, 78 Sua nobreza já decai, se humilha. “Só por pecado dessa altura desce; Do Sumo Bem não mais reflete o lume, 81 Semelhança não mais dele oferece.
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“O homem não podia, de indigente, As dívidas solver: nunca pudera 99 Curvar-se tanto, humilde e reverente, “Quanto, rebelde, se elevar quisera. Eis por que redimir-se do pecado 102 Só por si mesmo ao homem não coubera.
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Amor tal, que o deseja eternamente: “Daí, por dedução, também descende Vossa ressurreição, se ao ser e à essência Da humana carne o teu espírito atende, 148 Quando o primeiro par teve existência.”
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“Como creio” — tornei-lhe — “a essa alegria, Que me infundes, Senhor, a origem tira 87 De Deus que todo bem finda e inicia.
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“Se meditasse o mundo, desvelado, Nos fundamentos, que natura lança, 144 De melhor gente fora povoado. “Mas quem próprio seria à militança Na soledade monacal definha, Bem pregara quem, Rei, em vão se cansa. 148 E fora assim da estrada se caminha.”
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Ah! mortais iludidos! raça impia, Que, em pensamentos fátuos se engolfando, 12 Do Bem Supremo os corações desvia!
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“Deus vê tudo, e o teu ver nele se aclara” — Falei — “ditoso espírito: patente 75 Te é sempre quanto o seu querer depara.
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“Não há remorso aqui; folga-se agora, Não pela culpa, já no esquecimento, 105 Pela Virtude, cuja lei se adora.
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“A tua pátria, que foi daquele a planta, Que ao Criador revel primeiro há sido 129 E causou pela inveja aflição tanta, “Tem flor maldiçoada produzido, Que, ovelhas e cordeiros transviando, 132 Traz o pastor em lobo convertido. “O Evangelho, por ela, abandonado E os Doutores, às páginas usadas 135 Das Decretais stão muitos se aplicando. “O Papa e os Cardeais, nisto engolfadas Tendo as ideias, Nazaré esquecem, 138 Que viu do Arcanjo as asas desdobradas.
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A Roma e têm sido o cemitério Dos que, fiéis a Pedro, lhe obedecem, 142 Livres serão em breve do adultério.”
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Quanto à vista e à razão nossa se exprime Com tal ordem criou, que, o efeito vendo, 6 De adorar seu Autor ninguém se exime.
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“Da verdade por seres informado, No que era pensa e à sua escolha atende, 93 Quando — Pede — por Deus foi-lhe ordenado.
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“Crês a verdade: o Espelho refulgente Desta vida reflete o pensamento 63 Antes que nasça e a todos faz patente.
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“Eu, pois, que sou mortal, sujeito a esta Desigualdade, de alma unicamente 84 Respondo à tua carinhosa festa.
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“Mas tu quem és, que, em tribunal sentado, Julgas, de léguas em milhões distante, 81 Se mal vês o que a um palmo é colocado?
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“Dizem muitos em grita — Cristo! Cristo! Menos perto, em juízo, do que o infido 108 Lhe hão de ser que jamais conheceu Cristo.
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“É a Fé a substância do esperado E argumento evidente do invisível: 66 Da Fé a essência assim tenho julgado.”
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“Em um só Deus eu creio onipotente, Eterno, que, imutável, os céus move 132 No desejo e no amor sempre clemente. “São, para que tal crença se comprove, Metafísica e física discretas; 135 Mas da verdade a prova também chove “Por Moisés, pelos salmos, por profetas, Pelo Evangelho e escritos, que inspirado 138 Vos tem o Espírito Santo, almas seletas. “Nas Três Pessoas creio afervorado; Creio na essência delas Una e Trina, 141 Tanto que é está com são bem conjugado.
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“É pois, essência, em si tanto excelente, Que todo bem, que ser lhe possa externo 33 Reflexo é só da sua luz fulgente;
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