No entanto, sob o ponto de vista moral, Raskólnikov tinha razões para considerar a questão resolvida. A sua casuística, como uma lâmina afiada, cortara todas as objeções, e não as encontrando já no espírito, tentava encontrá-las fora dele. Dir-se-ia que, impulsionado por um poder irresistível e sobre-humano, procurava a todo o transe um ponto fixo a que se agarrasse. Os acontecimentos operaram nele de uma forma absolutamente automática; tal como um homem que, apanhado pelo casaco nas rodas de uma engrenagem, ficasse logo preso pela própria máquina.

