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«Sem dúvida — pensei —, todos aqueles que levam uma vida de trabalhos e sofrimentos podem, com razão, invejar as avezinhas do céu, que não conhecem nada disto!»
Oh, quem me dera ser pássaro, ave de rapina...
O que deveras confrange é não se saber nada, absolutamente nada, do que a sorte nos reserva; não nos pertence o futuro e nem podemos vislumbrar o que há de ser de nós!
O homem é por natureza incompreensível,
De que valem os aromas primaveris, quando se olha para um pátio em que se pode encontrar toda a imundície do inundo? Todas estas coisas são devidas à minha estúpida imaginação, porque o homem pode perder-se nos seus próprios sentimentos de modo a esquecer o que o cerca, e entregar-se a uma paixão louca que lhe ataca o coração.
A literatura é, por assim dizer, uma pintura e um espelho; um espelho das paixões e de todos os nossos sentimentos; é, ao mesmo tempo, instrução e lição edificante; é crítica e um importante documento humano.
Mas quê? Não poderão deixar-nos viver em paz no nosso cantinho, por mais humilde que este seja, sem incomodar ninguém, sem turvar as águas, como diz o ditado, possuídos do temor de Deus? Será que terão sempre de nos incomodar, quando nós não queremos causar incómodo a quem quer que seja, devassando sempre a nossa vida particular, penetrando-nos em casa, para espiar o que por lá vai e verificar, por exemplo, se o colete se encontra em bom estado, se carecemos de roupa interior, se temos botas e que tais as solas, o que comemos, o que bebemos e o que andamos a copiar? Lá porque uma pessoa às
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O pobre é suscetível; não vê o mundo tal qual ele é, olha de soslaio quem passa, com receio, não perdendo uma só palavra que seja proferida à sua volta. Estarão a falar dele? Dar-se-á o caso de estarem a comentar, em voz baixa, o seu miserável aspeto? Ou perguntarão no que agora se emprega? Que figura fará ele neste ou naquele lugar?
de certo modo, eu sou a razão da sua existência, pois as minhas alegrias são as suas, os meus sofrimentos são os seus, os meus sentimentos têm para si mais valor do que propriamente os seus.
Quando um homem chega ao ponto de perder a estima de si próprio e abdicar das suas melhores qualidades e da dignidade humana, perdeu tudo,
É verdade; até parecia que crescera; pelo menos, conservava-se mais direito do que de costume.