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Kindle Notes & Highlights
quando vamos muito aos lugares, eles começam a gostar da gente ao ponto de sentir saudade se ficarmos um tempo sem aparecer.
perguntei pra minha mãe: – o que é morrer? ela estava fritando bife pro almoço. – o bife é morrer, porque morrer é não poder mais escolher o que farão com a sua carne. quando estamos vivos, muitas vezes também não escolhemos. mas tentamos. almoçamos a morte e foi calado.
entrei em casa, sumi no chão ao lado da porta. Chorei pensando que chorar assim deve desmanchar o rosto da gente,
e se não existir momento perfeito?, mais por culpa do perfeito que do momento,
minha mãe insistia. dizia que o amor era um vento, logo passa e começa outro com tanta naturalidade que você nem percebe.
meus pais estavam timidamente alegres no amor deles de anos, era bonito ser sexta-feira e estar casado, espero que um dia faça sexta no meu amor.
todo mundo está sorrindo e eu precisando contar pro menino tanta coisa, a maioria triste.
ele precisa saber que a chuva traz paz só pra quem mora no topo
meus pais casados há mais de trinta anos e felizes por terem casado e estarem felizes. acho bonito, mas acho esquisito também, o amor. quando longo é coisa de quem mente porque se for pra ser sincera
a pena de crescer é querer entender tanto.
entendendo que o tempo sempre leva as nossas coisas preferidas no mundo e nos esquece aqui olhando pra vida sem elas.
o moleque não era nem nascido e já tinha gente pensando na sua profissão. o trabalho é por tantas vezes a maior tristeza da vida de uma pessoa e é só nisso que certos pais pensam, no filho crescendo e sendo alguém sendo que esse ser alguém envolve tudo menos Ser.
sinto muita falta mas não agora que eles estão mortos, ou antes, quando a gente mudou tanto o jeito de ver o mundo que não cabíamos mais 1 no outro até o ponto de não cabermos mais na mesma casa, na mesma sala, no mesmo telefonema de sábado à tarde. a falta que sinto é deles comigo criança que não entendia nada