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não tens excessivo amor às riquezas, e isso acontece geralmente aos que não as adquiriram por si mesmos, enquanto os outros se apegam duplamente a elas, com um amor semelhante ao dos poetas pelos seus poemas e ao dos pais pelos seus filhos, além do amor natural que lhes têm, como toda a gente, pelo proveito que lhes trazem. E são homens de trato difícil porque não querem falar de outra coisa senão do dinheiro.
Quem fica rico pelo esforço tem especial interesse pela prosperidade, e isso faz com que o dinheiro tenha para elas especial a
atenção.
E o grande valor das riquezas, não digo já para todos, mas para o homem justo e clemente, está em ajudá-lo em grau considerável a não enganar nem mentir, quer intencionalmente, quer por omissão;
A riqueza deve ajudar o homem a se tornar melhor, a fazer o bem sem temer repressões , e não para aumentar a própria fortuna , muitas vezes de forma ilegal ou imoral.
E as diferentes formas de governo fazem leis democráticas, aristocráticas ou tirânicas tendo em vista os seus respectivos interesses. E ao estabelecer essas leis, mostram os que mandam que é justo para os governados o que a eles convém, e aos que delas se afastam castigam como violadores das leis e da justiça. É isso o que quero dizer quando afirmo que em todos os Estados rege o mesmo princípio de justiça: o interesse do governo. E, como devemos supor que o governo é quem tem o poder, a única conclusão razoável é que em toda parte só existe um princípio de justiça: o interesse do mais forte.
Assim, Sócrates, a injustiça, quando cumula a medida, tem mais força, liberdade e domínio do que a justiça; e, como disse desde o princípio, resulta daí que o justo é o interesse do mais forte, enquanto o injusto é o que aproveita e convém a cada um em particular.
Trasímaco parece argumentar que a diferença entre justiça e iinjustiça é uma aquiescência geral, ou "contrato". O injusto éimposto por meio de força ilegítima. O governante justo faz o mesmo, mas de uma forma socialmente aceita. Sócrates muda a perspectiva para um conceito democrático de justiça, voltada ao bem dos governados.
Mas se, no esforço de refutá-lo, levantarmos razão contra razão, enumerando as vantagens de ser justo, e ele nos replicar da mesma forma, e nós voltarmos à carga, será preciso contar e medir as vantagens que cada um de nós for alegando; e para isso haverá mister de juízes que decidam o assunto; mas se procedermos ao exame como até agora, fazendo concessões recíprocas, seremos todos nós ao mesmo tempo juízes e advogados.
Platão nota que para chegar a verdade da questão , não basta somar as vantagens das duas versões em disputa, mas verificar qual é a verdadeira.
sendo obra própria da injustiça o suscitar ódios onde quer que esteja, não sucederá que ao produzir-se, seja entre homens livres, seja entre escravos; ela os leve a odiar-se reciprocamente, a dividir-se e a tornar-se incapazes de realizar qualquer coisa em comum?
o poder exercido pela injustiça é de tal índole que, onde quer que ela se introduza, seja numa cidade, num exército, numa família ou em qualquer outro corpo, o deixa incapaz de ação unida por efeito da contenda e da dissensão; e, ademais, o torna tão inimigo de si mesmo como de seu contrário, o justo;