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Kindle Notes & Highlights
Por algum tempo, a Crítica acompanha a Obra, depois a Crítica se desvanece e são os leitores que a acompanham. A viagem pode ser comprida ou curta. Depois os leitores morrem um a um, e a Obra segue sozinha, muito embora outra Crítica e outros Leitores pouco a pouco se ajustem à sua singradura. Depois a Crítica morre outra vez, os Leitores morrem outra vez, e sobre esse rastro de ossos a Obra segue sua viagem rumo à solidão.
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Não renegam nada ou só renegam o que se pode renegar, e tomam cuidado para não fazer inimigos ou para escolhê-los entre os mais inermes. Não se suicidam por uma idéia, mas por loucura e por raiva. As portas implacavelmente se abrem para eles de par em par. E assim a literatura vai como vai. Tudo que começa como comédia acaba indefectivelmente como comédia.
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Todos passamos debaixo da sacada de onde pendem as letras A e E, e o sangue delas jorra em nós e nos suja para sempre. Mas a sacada é pálida como nós, e a palidez jamais ataca a palidez. Aliás, e digo isso por desencargo de consciência, a sacada também perambula conosco. Em outras latitudes isso se chama máfia.
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essas coisas que a gente diz quando está mesmo de cara cheia, e a noite é não só estrangeira mas grande, muito grande, tão grande que, se você não tomar cuidado, ela o engole, a você e a todos que estiverem a seu lado, mas dessas coisas vocês não sabem, vocês nunca estiveram na África.
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como se a realidade, no interior daquele quarto perdido, estivesse distorcida ou, pior ainda, como se alguém, Cesárea (quem mais?), houvesse torcido a realidade imperceptivelmente, com o lento passar dos dias. Cabia até uma alternativa pior: a de que Cesárea havia deformado a realidade conscientemente.
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