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November 3 - December 30, 2018
O novo poder opera de maneira distinta, como uma corrente. É feito por muitos. É aberto, participativo e impulsionado por iguais. É fazer o upload e distribuir. Como a água ou a eletricidade, é mais forte quando aumenta de repente. Com o novo poder, o objetivo não é acumular, mas canalizar.
O #MeToo nascera uma década antes,16 por obra da ativista Tarana Burke, que incentivava mulheres negras agredidas sexualmente a compartilhar suas experiências, de igual para igual, com outras sobreviventes. Mas agora o movimento parecia sem dono — e essa era a fonte de sua força.
O médico revirou papéis em sua mesa e lhe deu um nome. Ela ficou pasma. “Ele tinha essa informação ali o tempo todo”,
Mesmo quando usa a mídia social, seu padrão não é engajar, mas ordenar.
Apesar de todas aquelas “curtidas” e carinhas sorridentes que criamos usando o que a empresa chama de nosso “poder de compartilhar”, os dois bilhões de usuários do Facebook não recebem parcela alguma do enorme valor econômico criado pela plataforma.
Longe do paraíso de circulação livre e orgânica que os primeiros exploradores da internet imaginaram, há um sentimento crescente de que estamos vivendo num mundo de fazendas de participação, onde um pequeno número de grandes plataformas ergueu cercas e colhe, para ganho próprio, as atividades diárias de bilhões de pessoas.
“O LABORATÓRIO É MEU MUNDO” VERSUS “O MUNDO É MEU LABORATÓRIO”
E, embora essas duas mentalidades com frequência entrem em conflito, não devemos ver os valores de forma binária.
Para cada Wikipédia — um modelo do novo poder que continua sendo uma referência de abertura e democratização —, há uma Uber ou um Facebook.
Muitas empresas do velho poder, da GE à Unilever, passaram por grandes mudanças nos últimos anos para alinhar suas práticas de negócios e culturas internas a características do pensamento do novo poder.
Num mundo com esses dois poderes colidindo, competindo e convergindo, todos estão em movimento. Todas as organizações precisam levar em conta onde estão nessa bússola, para onde devem ir nos próximos anos e como chegarão lá.
Pode ser que entendamos como “fazer colar”, mas, num mundo de participação frenética, inundado de informações, como “fazemos espalhar”?
Quando as pessoas já não estão satisfeitas em simplesmente consumir ideias, esperando cada vez mais desempenhar um papel no desenvolvimento, no refinamento e na propagação dessas ideias para um público potencial ilimitado, o que torna uma ideia vencedora no século XXI?
Esses três princípios — Acionável, Conectado e Extensível — podem ser vistos em muitas iniciativas bem-sucedidas para espalhar ideias nos últimos anos: em start-ups, empreendimentos de marcas, campanhas publicitárias ou até (como veremos no fim deste capítulo) terrorismo.
No cerne de seu sucesso está o que ele quer que seu leitor faça. Seu principal objetivo não é que seu conteúdo seja lido, mas compartilhado.
“As pessoas realmente começam a mudar quando [uma] ideia é validada por sua comunidade e raramente mudam quando não é [validada].”26
O modelo Teleton era acionável num nível muito básico — implorava às pessoas para telefonar
com uma estratégia de comunicação “feita para espalhar” que tem inspirado muitos atos de violência de pessoas que a organização não treinou nem dirigiu.
O Estado Islâmico pode querer nos levar de volta à Idade das Trevas, mas sua máquina de propaganda é multiplataforma, repleta de ramificações e claramente moderna. Ele investiu em estratégias do velho poder, como a criação de veículos de mídia centralizados, a exemplo da agência de notícias Amaq, que envia conteúdos e transmite mensagens de seus líderes.51 E criou uma “estratégia de conteúdo” descentralizada, adaptada com perfeição à era das redes sociais.
O efeito de todo esse engajamento é assustador.
Durante muito tempo, seus modelos de negócio se beneficiaram do fato de que conteúdos provocativos de todos os tipos com frequência são mais atrativos e populares do que os suaves e virtuosos.
Num mundo do novo poder, essa batalha de ideias não é um impasse entre burocratas e terroristas. É um confronto entre adolescentes escoceses e estudantes de administração paquistaneses.
A verdade precisa das características ACE.
Pepsi se apropriou de forma desastrada do espírito cultural do momento.
Elas estão impregnadas de uma filosofia de franquia, que não tem nada a ver com uma filosofia de movimento.
Essa estrutura dá aos usuários do Reddit e, em particular, aos moderadores, uma capacidade de interferência extraordinária, comparada, digamos, ao controle que o Facebook exerce sobre o que as pessoas veem e em que elas se engajam.
(e, a rigor, o próprio Mark Zuckerberg, que detém o controle efetivo da empresa). De maneira semelhante,
A batalha entre a Uber e o Lyft se tornou a Coca-Cola versus Pepsi da economia do novo poder.
Esteja o dinheiro na equação ou não, a tarefa crucial aqui é criar incentivos que não apenas tratem os participantes como commodities, mas que também reforcem as normas da comunidade.
mecanismos de feedback bem planejados que acompanham nosso progresso (e o de nossos amigos) e oferecem pequenas doses de satisfação estimulada por dopamina são cada vez mais importantes para a maioria das experiências tecnológicas do consumidor moderno.
Qual é o impacto psicológico do Facebook, já que crescem as provas científicas de que, quanto mais o usamos, pior nos sentimos?
No inquérito parlamentar, aqueles que examinaram os assuntos sugeriram que “a internet” estava trivializando a ciência. Mas, nesse caso, é mais justo dizer que a ciência trivializou a internet.
O Lego Group construiu uma estratégia na qual o cultivo de sua comunidade do novo poder foi crucial para recuperar seu principal negócio — não foi apenas fachada ou demagogia. A conexão da empresa com os AFOLs e suas comunidades mais amplas agiu como uma máquina de marketing incrível — e inacreditavelmente barata, se comparada com as práticas tradicionais de publicidade em rádio e TV (dê uma olhada na quantidade de vídeos de Lego criados por fãs no YouTube).
Trump decolou em grande parte por compreender intuitivamente como se cria um movimento num mundo do novo poder.
Na verdade, ele se deleita com a instabilidade de inúmeras verdades. Quanto mais, melhor.
Os discursos de sua campanha pintaram um quadro gritante de um país caótico e violento, ampliando e vivificando ameaças internas e externas, e o apresentaram como o único homem forte o bastante para afastar essa ameaça. Trump também prometeu restaurar a ordem “natural”.
Sua promessa de restaurar a lei e a ordem (um ataque cifrado aos negros num momento de índices de criminalidade historicamente baixos)
Afinal, a associação tem um orçamento anual de 250 milhões de dólares e uma reputação de comprar eleições.3
Ao recordar, Glaze admite que o que a NRA fez muito bem foi “se afastar da própria programação por cinco minutos”. Ao afrouxar o controle de seu público, correndo o risco de perder sua chance de reivindicar uma vitória, a associação disseminou a liberdade que deu às pessoas a verdadeira posse do movimento. (Diremos isto pela última vez: só é um movimento se ele se mover sem você.)
A promessa da palestra do TED é de que você se torne mais interessante ao vê-la, e pareça mais inteligente aos seus amigos ao compartilhá-la.

