As primeiras quinze vidas de Harry August
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Escrevo para você. Meu inimigo. Meu amigo. Você sabe, já deve saber. Você perdeu.
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O segundo cataclismo começou na minha décima primeira vida, em 1996.
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— O mundo está acabando — disse ela. — A mensagem tem sido transmitida de crianças para adultos, crianças para adultos através das gerações, vinda de mil anos no futuro. O mundo está acabando, e não podemos impedir. Então, agora é com você.
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— O mundo está acabando, como sempre. Mas o fim está chegando cada vez mais rápido. Aquele foi o começo do fim.
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Meu nome é Harry August. Meu pai é Rory Edmond Hulne; minha mãe, Elizabeth Leadmill, embora só tenha descoberto esses fatos num estágio bem avançado da minha terceira vida.
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Dizem que há três etapas na vida para aqueles que vivem a existência em círculos. São elas a rejeição, a exploração e a aceitação.
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Morri em 1989, no dia da queda do Muro de Berlim, sozinho num hospital em Newcastle.
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Quando minha consciência adulta voltou para o meu corpo de criança a plenos poderes, primeiro fiquei confuso, depois senti angústia, dúvida, desespero, então se seguiram os gritos, os berros a plenos pulmões, até que, por fim, já com sete anos, fui internado no Hospício St. Margot para os Desafortunados, lugar ao qual eu realmente acreditava pertencer, e no sexto mês de confinamento consegui me jogar de uma janela do terceiro andar.
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Por sorte, caí de cabeça, e isso foi suficiente.
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Muito se pode dizer da minha terceira vida, mas por ora afirmo apenas que a minha terceira morte, sozinho num hospital japonês, me convencera da insignificância de tudo.
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Na quarta vida, virei as costas para Deus e busquei a ciência para obter uma explicação.
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Tão apaixonado que, certa noite, sem motivo especial e sem pensar muito, eu lhe contei tudo.
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— Meu nome é Harry August — disse eu. — Meu pai se chama Rory Edmond Hulne, minha mãe morreu no parto. Esta é a minha quarta vida. Eu vivi e morri muitas vezes até agora, mas minha vida é sempre a mesma.
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— Quantos anos você tem? — perguntou ela. — Cinquenta e quatro... Duzentos e seis. — Eu não... eu não acredito nisso. Não me entra na cabeça que você acredite numa coisa dessas.
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O letreiro na porta dizia Hospício St. Margot. Alguém havia apagado o “para os Desafortunados”. Era o hospício em que eu me jogara para a morte na segunda vida, aos sete anos.
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Resumindo, eu não tinha temperamento para ser psicólogo, e, ao ser internado no Hospício St. Margot pela segunda vez na minha existência, embora pela primeira naquela vida, senti uma mistura de fúria e orgulho ao ver que minha sanidade, mantida intacta apesar de todas as provações, poderia ser mal interpretada pelos mortais ignorantes que me rodeavam.
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— Doutor August, um homem não pode vivenciar um isolamento maior do que se ver sozinho em meio a uma multidão. Ele pode acenar, sorrir e dizer a coisa certa em cada ocasião, mas esse fingimento só faz com que sua alma perca cada vez mais a afinidade com os homens.
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Tínhamos permissão para receber visitas uma vez por mês, mas ninguém apareceu.
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Eu a encontrei outra vez, na minha sétima vida. Foi durante uma conferência de pesquisa em Edimburgo. Meu crachá dizia “Professor H. August, University College London”, e o dela “Dra. J. Munroe, Cirurgiã”.
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Eu me lembro de ter querido morrer, e que o sentimento foi real.
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— Talvez você se alegre em saber que o doutor Abel foi demitido.
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Mas se você souber as datas de massacres, de guerras e batalhas, de assassinatos e crimes, bem, senhor, não vou mentir, talvez a gente precise conversar um pouco mais.
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— Dizem que há certas pessoas vivendo entre nós que não morrem. Dizem que elas nascem, vivem, morrem e voltam a viver a mesma vida, mil vezes. E, sendo infinitamente velhas e sábias, elas se reúnem às vezes, ninguém sabe onde, e fazem...
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Alguns veem o esquecimento como uma bênção, uma chance de redescobrir as coisas que já foram vividas, de preservar alguma sensação de admiração pelo universo.
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encontrar o local onde estamos enterrados, exumar nossos corpos putrefatos e dizer, sim, estes aqui são mesmo os restos mortais do falecido Harry August, mas alguém sabe dizer onde sua mente foi parar?
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é a mente que faz a jornada através do tempo enquanto a carne se decompõe. Não somos nada além de mentes, e nada mais humano para a mente que ser imperfeita e esquecer.
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Quando morremos é como se o mundo reiniciasse, e só a memória dos nossos feitos permanecesse como evidência das nossas ações, nem mais, nem menos.
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Eu me lembro de tudo, às vezes com tanta intensidade que mais parece que estou revivendo, não apenas recordando.
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— Quero saber tudo o que você sabe sobre esse Clube Cronus.
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Assim começou minha primeira — e praticamente única — manipulação do curso dos eventos temporais.
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— Minha memória é perfeita. Eu me lembro de tudo, desde a primeira vez que entendi o que era uma recordação. Não me lembro de nascer; talvez o cérebro não seja desenvolvido o bastante para entender esse evento. Mas me lembro de morrer. Me lembro do momento em que tudo para.
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Em 56 d.C., uma referência a uma sociedade em Atenas famosa pela erudição e pela exclusividade, o mistério em torno de sua natureza, o que causou a expulsão de seus membros quatro anos depois, expulsão essa que, de acordo com o cronista, eles aceitaram com boa vontade e desprendimento fora do normal, despreocupados com os acontecimentos da época.
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De certa forma, o arquivo de Phearson sobre o Clube Cronus foi sua ruína. Pois, ao ler o material, pela primeira vez comecei a pensar na questão do tempo.