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Talvez seja sobre quem pode fazer o que com quem e ser perdoado por isso. Nunca me diga que dá no mesmo.
Como é fácil inventar uma humanidade para qualquer pessoa, qualquer uma.
Tudo o que é silenciado clamará para ser ouvido ainda que silenciosamente.
Mas eu me lembrava agora. O que havia nelas era promessa. Elas lidavam com transformações, sugeriam uma série infindável de possibilidades, estendendo-se como os reflexos em dois espelhos postos de frente um para o outro, prolongando-se ao infinito, réplica após réplica até o ponto de fuga.
Um rato num labirinto está livre para ir a qualquer lugar, desde que permaneça dentro do labirinto.
Gostaria que ela estivesse aqui, para que eu pudesse lhe dizer que finalmente sei disso.
Mas eles se desvanecem, embora eu estenda meus braços para eles, escapolem de mim, fantasmas ao raiar do dia. De volta para onde quer que estejam. Fiquem comigo, quero dizer. Mas não ficam.
Gostaria de saber o que Tu estiveste fazendo. Mas seja lá o que for, ajuda-me a suportá-lo, por favor. Embora talvez não seja Tua obra; não creio nem por um instante que o que está acontecendo lá fora no mundo seja o que querias.
O conhecimento era uma tentação.
Talvez eu não queira saber de verdade o que está acontecendo. Talvez eu prefira não ter conhecimento. Talvez não possa suportar o conhecimento.
Gostaria que Tu respondesses. Sinto-me tão sozinha.
Você vai ter que me perdoar. Sou uma refugiada do passado e, como outros refugiados, repasso os costumes e hábitos de vida que deixei ou fui obrigada a deixar para trás, e tudo aquilo parece igualmente antigo e curioso, visto daqui, e sou igualmente obsessiva a respeito disso.
Lamento que haja tanto sofrimento nesta história. Lamento que esteja em fragmentos, como um corpo apanhado num fogo cruzado ou desfeito em pedaços à força. Mas não há nada que eu possa fazer para mudá-la.
Pelo fato de estar lhe contando esta história determino a sua existência. Conto, portanto você existe.
Nem sequer pensava naquilo como estar me dando a ele, porque o que tinha eu para dar?
A humanidade é tão adaptável, diria minha mãe. É verdadeiramente espantoso as coisas com que as pessoas conseguem se habituar, desde que existam algumas compensações.
Existe um certo consolo que pode ser encontrado na rotina.
(Como sabemos, a teoria sociobiológica da poligamia natural foi usada como justificativa para algumas das mais estranhas práticas do regime, do mesmo modo que o darwinismo foi usado por ideologias anteriores.)
para instituir um sistema totalitarista eficaz ou, de fato, qualquer sistema, seja lá qual for, é preciso que se ofereçam alguns benefícios e liberdades, pelo menos para uns poucos privilegiados, em troca daqueles que se retiram.
Quando o poder é escasso, ter um pouco dele é tentador.
o passado é uma enorme escuridão, e repleto de ecos.