A Montanha Mágica
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narrador, esse mago que evoca o pretérito.
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e agora jazia no seu leito de gala, vencedor ou vencido, não se sabia ao certo, e tinha em todo caso uma expressão severa e sossegada, e a fisionomia, depois de todas essas lutas, aparecia mudada, o nariz, mais pontiagudo, e a metade inferior do corpo, escondida sob um cobertor, em cima do qual se achava um ramo de palmeira; a cabeça erguida pousava sobre um travesseiro de seda, de modo que o queixo se conchegava imponentemente à concavidade dianteira da golilha espanhola; e entre as mãos meio ocultas pelos punhos de renda, cujos dedos, embora imitando uma posição natural, não deixavam de ...more
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a morte tinha dois aspectos, um piedoso, significativo, de melancólica beleza, quer dizer, um aspecto religioso, e ao mesmo tempo tinha outro, absolutamente diverso e até mesmo oposto, um aspecto muito físico, bem
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material, que era impossível qualificar propriamente de belo, significativo, piedoso, nem sequer de triste.
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Hans Castorp não era um gênio nem um imbecil, e a razão de evitarmos para sua qualificação o termo “medíocre” reside em circunstâncias que nada têm que ver com sua inteligência, e quase nada com sua personalidade singela; fazemo-lo devido ao respeito que temos por seu destino, ao qual nos sentimos inclinados a atribuir certa significação supraindividual. Seu cérebro satisfazia as exigências do curso científico do colégio sem que tivesse que empreender esforços excessivos — e ele decerto não estaria inclinado a empreendê-los sob circunstância alguma e por qualquer objetivo fosse; e isso se ...more
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“Hans Castorp deveria estudar engenharia naval, isso sim seria uma ideia, então ele poderia entrar na minha firma, e eu cuidaria do rapaz”
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Nesse ponto retornamos às reflexões acima, quanto a saber se limitações impostas à pessoa pelo tempo em que ela vive podem influenciar diretamente seu organismo físico. Como é que Hans Castorp poderia não ter respeito pelo trabalho? Isso seria contrário à natureza. Tudo contribuía para que o trabalho se lhe apresentasse como algo digno do mais irrestrito respeito; no fundo nada mais existia que merecesse tal respeito; o trabalho era o
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princípio em face do qual uma pessoa se saía bem ou malograva, era o que havia de absoluto naquele tempo, algo que trazia em si sua justificativa.
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Seria interessante saber a que partido se filiaria, mais tarde, esse jovem Castorp. As aparências podiam enganar, mas ele não tinha, propriamente, a cara de uma pessoa com quem os democratas pudessem contar, e era evidente a semelhança com o avô. Quem sabe se não puxaria a ele, tornando-se um travão, um elemento conservador? Era muito possível — como também era possível o contrário. Afinal de contas, tratava-se de um engenheiro, futuro construtor de navios, um homem da técnica e do tráfego mundial. Assim se ventilava a alternativa de Hans Castorp unir-se aos radicais, chegando a ser um homem ...more
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Para preparar-se para os exames, Hans Castorp tivera que estudar com intensidade e perseverança. Ao regressar para casa, parecia muito mais fatigado que de costume. O dr. Heidekind ralhava com ele cada vez que o encontrava, e exigia uma mudança de ares, mas que fosse radical. Dessa vez, disse ele, não bastava Norderney, nem Wyk, na ilha de Föhr, e a seu ver Hans Castorp, antes de entrar nos estaleiros, deveria passar algumas semanas nas altas montanhas.