História da menina perdida: Maturidade – Velhice (Napolitana, #4)
Rate it:
3%
Flag icon
Aceitar que ser adulto é parar de se mostrar, é aprender a se esconder até se dissipar?
Eli Paula liked this
4%
Flag icon
Era maravilhoso ultrapassar fronteiras, deixar-se ir a outras culturas adentro, descobrir a provisoriedade do que eu tinha tomado por definitivo.
7%
Flag icon
Quantas palavras permanecem impronunciáveis mesmo entre um casal que se ama, e como é alto o risco de que outros o destruam ao revelá-las.
10%
Flag icon
Falei de como, por amor a um homem, era possível chegar a manchar-se de toda a infâmia possível perante outras mulheres, perante os filhos.
11%
Flag icon
ah, era tão bom esticar um pé e descobrir, após a inconsciência do sono, que ele estava ali na cama, ao meu lado.
15%
Flag icon
Em que desordem vivíamos, quantos fragmentos de nós iam sendo lançados como se viver fosse explodir em estilhaços.
19%
Flag icon
que eu não podia entender o que significava amar de verdade e renunciar à pessoa amada, que por trás da simpatia e da docilidade eu escondia uma ânsia vulgar por abraçar tudo, algo que nem os estudos nem os livros jamais poderiam domesticar.
20%
Flag icon
Por mais que agora eu escrevesse e falasse a torto e a direito de autonomia feminina, não sabia prescindir de seu corpo, de sua voz, de sua inteligência. Foi terrível ter de confessá-lo, mas eu continuava gostando dele, e o amava mais que a minhas próprias filhas. À ideia de feri-lo, de nunca mais o encontrar, eu murchava dolorosamente, a mulher livre e culta perdia as pétalas, se desprendia da mulher-mãe, e a mulher-mãe se distanciava da mulher-amante, e a mulher-amante, da criada enfurecida, e todas pareciam prestes a voar para longe, em direções diversas.
22%
Flag icon
amor só acabava quando era possível voltar a si mesmo sem temor ou desgosto,
30%
Flag icon
constatei a cada dia, dolorosamente, o definhar de minha mãe. Fiquei emocionada ao notar que ela se agarrava a mim para não se perder, assim como eu, pequena, agarrava sua mão. Quanto mais ela se tornava frágil e amedrontada, mais eu tinha orgulho de mantê-la em vida.
32%
Flag icon
ironizava-se sobre uma nova doença que a todos parecia uma armação do papa Wojtyla para impedir a livre manifestação da sexualidade em todas as suas práticas possíveis.
39%
Flag icon
mesmo nunca tendo me dado conta de sua diversidade, eu me afeiçoara a ele justamente porque não era como os outros meninos, por aquele anômalo estranhamento quanto às atitudes viris do bairro.
46%
Flag icon
Minha mãe se reduzira a quase nada, no entanto tinha sido realmente um estorvo, pesara sobre mim fazendo com que eu me sentisse como um verme debaixo da pedra, protegida e esmagada. Desejei que sua agonia terminasse imediatamente, agora, e para meu espanto foi o que aconteceu.
46%
Flag icon
Foi difícil aceitar a morte de minha mãe. Mesmo não tendo derramado uma lágrima, senti uma dor que durou por muito tempo e que talvez nunca tenha realmente passado.
46%
Flag icon
Logo depois do enterro, me senti como nas vezes em que cai um forte temporal de repente, você olha ao redor e não encontra onde se abrigar. Durante semanas eu a enxergava e ouvia em toda parte, de noite e de dia.
49%
Flag icon
talvez todo tipo de relação com os homens não possa senão reproduzir as mesmas contradições e, em certos ambientes, até as mesmas respostas satisfeitas.
71%
Flag icon
o sonho de um progresso sem limites é na verdade um pesadelo cheio de fúria e de morte.
75%
Flag icon
Há tempos eu já percebera que cada um organiza a memória como lhe convém, e ainda hoje me surpreendo ao fazer o mesmo.
82%
Flag icon
Embora ela me tivesse exposto ordenadamente coisas disparatadas, me esforcei para me comportar como se estivesse dizendo coisas razoabilíssimas.
84%
Flag icon
sempre souberam por instinto que os membros de um homem não se nutrem quando a barriga de outro se enche, e quem quiser fazer com que se acredite nisso mais cedo ou mais tarde vai ter o que merece.